— Sabe por que já não namoro, Jessi? Por que eu não encontrei uma mulher para se casar comigo da forma tradicional? — a questiono, e ela continua me encarando, com a expressão de curiosidade misturada ao desprezo.
— Eu não permito que ninguém chegue perto de mim dessa forma, e também não vou permitir que você faça.
Suas narinas estão inflamadas, não consigo nem raciocinar quando foi que perdemos o controle da conversa dessa forma, quando nossos nervos ficaram tão exaltados.
— Então você está completamente sozinho desde que ficou deixou a sua noiva? — ela provoca.
— É claro que não. — Minha resposta a faz respirar pesadamente, sem paciência.
Percebo meu próprio nervosismo, devo estar estragando as coisas, mas, se tem algo que preciso deixar claro, é isto.
— Jessi— baixo o tom de voz e falo pacientemente —, você é linda, meiga, atraente, tudo que alguém poderia procurar em uma esposa, mas eu não presto, eu não sirvo para ser o dono do coração de alguém como você, e se não está apaixonada por mim, não posso permitir que haja a mínima possibilidade de algo entre nós acontecer. Quero que seja você a se casar comigo, mas você tem que saber o tipo de homem que sou.
— E você vai me mostrar?
Sacudo a cabeça positivamente e aceno para o garçom, pedindo a conta. Em poucos instantes, ele aparece com o recibo contendo o valor do jantar e a maquininha de cartão. Quando termino de digitar a senha, Jessi já está de pé, segurando a bolsa contra o peito.
Levanto-me e ela se adianta. Dou uma passada larga e alcanço sua mão, que escapa por entre meus dedos.
— Jessi, por favor — a peço, sentindo uma pontada na boca do estômago, com a sensação de vazio dominando meu peito. Estava feliz até pouco tempo, agora o sentimento de nada me pega de surpresa, me puxando para o buraco.
Ela para por um instante e me olha, insisto em entrelaçar nossos dedos e dessa vez ela permite.
— Espero que tenha gostado pelo menos da comida — resmungo, sabendo que sou responsável pela brusca mudança de humor e pelo fim indigesto do jantar.
Deveria ter explicado direito, ter ensaiado mais.
Ela ergue o rosto para me olhar, pequena, sua cabeça nem chega a alcançar meus ombros, e sorri, acabando com minha estrutura.
— Foi ótimo — diz, então sussurra: — O que mais quer que eu finja?
Estamos diante do elevador, aperto o botão para descer e tento pensar em algo que amenize isso, só que estou nervoso e ansioso demais para pensar com clareza.
— Você é incrível, você é maravilhosa, adoro vê-la com como trabalha, adoro o facto de seres inteligente, você tem tudo que eu procuraria em uma mulher, mas eu não sou alguém que se apaixona, eu sou um que gosta de sexo sem compromisso.
Ela respira fundo, e sinto que ainda preciso acrescentar algo na minha justificativa.
— Não posso te explicar exatamente o porquê, mas posso te mostrar. — As portas do elevador se abrem e entramos.
— Você já foi quase noiva, deve entender que um relacionamento não é simples assim.
Ela ergue o rosto e dá um aceno de cabeça, compreendendo.
— Sei melhor que ninguém — Jessi afirma.
— O que sabe exatamente sobre o meu antigo relacionamento?
— Que você desistiu e passou-as morar com a tua melhor amiga. — respondo exatamente o que sei. Não fiz muitas suposições sobre isso, porque sei que uma mulher como ela não se contenta com pouco, e que seria muito fácil de perdê-la.