Fugindo do Lobo

3

Lucas.

Já no caminho para casa peguei meu celular e fiz uma ligação.

- Onde você está? - Foi a primeira coisa que perguntei assim que a outra pessoa do outro lado da linha atendeu.

- Estou em casa amor.

- Então me espera aí, estou chegando. Preciso aliviar o estresse.

- O que aconteceu para você estar estressado logo pela manhã?

- Adivinha.

- Seu avô ainda quer que você encontre sua verdadeira companheira?

- Sim, mas agora ele quer que eu vá procurá-la. Mas você não precisa se preocupar com isso, porque no momento só tenho olhos para você. Só peço que você não me traia ou sairá machucada, por que eu não perdou traição.

Foi o que disse antes de desligar. Logo em seguida, recebi outra ligação.

- Por que meu avô está me ligando? Acabei de sair de lá.

Então, atendi.

- Alô.

Mas não obtive resposta.

- Alô, pai, está me escutando?

Não obtive resposta novamente, mas escutei um chiado. Isso me deixou em alerta e comecei a chamar novamente mais ninguém respondia. Quando estava prestes a desligar o celular e retornar para casa do meu avô, alguém respondeu.

- Alô, tem alguém aí?

E assim que sua voz surgiu no meu ouvido, o meu lobo interior rosnou. Naquele momento, soube que acabara de encontrar a minha companheira, a minha verdadeira companheira.

_ Oi, você pode me escutar. Eu estou dizendo oi.

Eu, ainda em choque, não respondi imediatamente, mas podia ouvi-la claramente.

_ Eu podia jurar que alguém falou pelo celular. Senhor, tem certeza de que é o número do seu neto?

Eu continuei em silêncio, ainda raciocinando que tinha acabado de encontrar a minha companheira. Será que ela é uma loba? Foi a primeira pergunta que me ocorreu.

_ Sim, é esse o número dele.

_ Será que ele desmaiou ao ouvir minha voz?

Assim que essas palavras sem sentido chegaram aos meus ouvidos, eu resolvi falar, mesmo com o meu lobo interior gritando que ela é minha.

_ Eu estou te ouvindo perfeitamente bem.

_ Ai meu Deus, alguém falou do outro lado.

Ela é i****a ou o quê?

_ O que eu falo pra ele, senhor?

Pergunta.

_ Por que você não começa me dizendo o que você está fazendo com o celular do meu avô para começo de conversa?

Digo sério, não sei por que mais do nada uma raiva me invadiu.

_ Certo, não precisa ser tão arrogante.

_O que foi que você acabou de dizer?

_ Eu...não..disse..nada, senhor.

Começou a gaguejar.

_ Senhor Marcos, é melhor você falar com o seu neto, ele me dá medo.

_ Tudo bem, minha jovem. Passe o celular pra mim, por favor.

Será que eles não sabem que estou escutando tudo que eles estão falando?

_ Aqui está.

_ Obrigado.

_ De nada.

Até quando eles vão fingir que eu não estou ouvindo? Essa conversa até me deu uma canseira.

_ Lucas, sou eu.

_ Eu sei que é você, agora me fala o que foi que aconteceu?

_ Eu sofri um acidente.

Disse.

_ Por que aquela i****a demorou tanto para me dizer quando eu respondi?

_ Filho, não fala assim. Ela estava nervosa e foi ela que me ajudou. Então você deveria agradecer, e não chamá-la de i****a.

Resolvi ignorar e focar no acidente que ele acabou de mencionar.

_ Que tipo de acidente você sofreu?

_ Eu quebrei a perna.

_ Como você quebrou a perna se há poucos minutos estava com você em uma reunião? Eu ainda nem cheguei em casa e você já sofreu um acidente nos poucos minutos em que estive fora.

_ Bem, acidentes acontecem. Eu já estou ficando velho, então qualquer coisinha e caio.

_ Você é um lobo, vive muito bem. Não deveria se recuperar facilmente?

_ Sim, deveria, mas no momento a minha recuperação está sendo demorada.

Diz, eu sei que às vezes pode ser demorado a recuperação.

_ Mas a pergunta que não quer calar: como você quebrou a perna?

Ele é um lobo, deveria ter uma resistência maior.

_ Bem, talvez eu estivesse praticando exercícios físicos.

Assim que as palavras saíram de sua boca, minha mente foi longe.

_ Exercícios físicos? Você estava fazendo exercícios físicos? O que você tem na cabeça para fazer isso?

_ Eu não tenho nada na cabeça. Hoje foi a primeira vez que eu tentei. Enquanto eu estava caminhando na esteira, apertei sem querer o botão de alta velocidade e acabei caindo e machucando a perna.

_ Eu mereço isso. Me diz em qual hospital você está que eu estou indo.

_ Eu estou no hospital xxxxxxxx.

_ Certo, estou indo para aí.

Depois de desligar com essas palavras, virei o carro e fui direto para o hospital onde ele se encontrava. Ainda bem que é um hospital particular.

Mas assim que eu passei pela porta do quarto, encontrei-a sentada ao lado do meu avô, conversando como se fossem velhos amigos. Olhando para ele assim, vejo que eu nunca o vi tão à vontade com alguém, a não ser comigo e o seu Beta. Mas o que mais me deixou quieto foi a garota. Que a olhando assim de perto ela é muito bonita eu tenho admitir. Ela é muito bonita, com cabelos cacheados e castanho, e um olhar de inocência em seu rosto. Eu sabia que o meu avô já tinha notado a minha presença, mas a garota não se dava conta porque ainda estava sorrindo e olhando para ele. E assim que eu me aproximei de onde eles estavam, pude vê-la mais de perto. Ela, por sua vez, se assustou com a minha presença e deu um pulo da cadeira para ficar em pé.

_ Olá, senhor. Eu sou Alana.

Disse.

Assim que sua voz doce atingiu meu ouvido, senti ansiedade e inquietação dentro de mim.

_ Olá.

Foi tudo que eu consegui dizer.

_ Alana, esse é meu neto Lucas.

Disse meu avô.

_ Bem, preciso ir pra casa.

Olhando assim, até parece que ela está fugindo, assustada e com medo de alguma coisa. Será que minha presença a intimidou?

_ Sim, obrigado pela sua ajuda, minha jovem.

_ De nada, senhor. Então, já vou indo.

Disse, passando por mim. Mas assim que ela estava passando pela porta, meu avô a chamou e, quando ela se virou, a luz fraca do quarto refletiu sua imagem. Olhando assim, tenho que admitir que ela é linda, realmente linda.

_ Me dê seu número para eu poder manter contato e agradecer por você ter me ajudado hoje.

Disse meu avô, como se eu não estivesse ali. Então, resolvi ignorar os dois.

_ Claro, me dê seu celular para eu anotar meu número.

Então, meu avô entregou o celular para a jovem Alana e ela anotou seu número. Logo em seguida, se despediu e foi embora, e eu, como um i****a, continuei no mesmo lugar, parado, olhando, porque eu tenho a impressão de que ela estava fugindo de mim.

O que eu não sabia é que isso era só o começo da nossa história, porque ainda tinha muita coisa para acontecer entre eu e a jovem. Só o tempo dirá.

Continua...