Capítulo 5

1342 Words
Valentina corre até lá, Benício estava deitado bem tranquilo com se aquela noite fosse uma lua de mel comum entre um casal recém-formado. — Saia agora da minha cama, não quero o teu cheiro imundo em nada do que é meu! — Grita ela. — Nem parece a mesma que se casou apaixonada por mim a uma hora atrás...! O que vai fazer se eu te possuir agora mesmo aqui nessa cama, vai atear fogo ao próprio corpo? – Ele pergunta deixando-a ainda mais louca de ódio. — Talvez sim...o que importa é que desapareça da minha frente! Traga a sua raça maldita como tanto quer, mas suma do meu caminho. — Essa noite durmo aqui contigo. Amanhã mesmo irei construir um canto para os meus, até lá controle a sua língua ou terei que cortá–la! — Diz ele suspirando de raiva. — Para o inferno você e sua laia... Benício! — Ela tenta sair de lá para não se matarem, mas Benício puxa Valentina pela mão e gira o seu corpo deitando–a na cama e ele por cima, suspirando forte em sua pele branca. — Tire as mãos imundas de mim… filho de um assassino! — Agora eu sou teu marido querendo ou não. — Toque em mim… e Salazar corta o seu pescoço assim como o seu pai fez com minha mãe. — Diz ela assustada e chorando. — Está muito segura de que ele te defende, não é? O que vai dar a ele como agradecimento? — Algo que você jamais vai ter! — Responde ela. Benício sentiu uma vontade enorme de consumar aquele casamento, era ódio e desejo tudo junto entre aqueles dois corpos. — Vamos ver se ele vai salvar-te de mim para sempre! — Diz ele dando uma lambida nos lábios dela. Benício por fim soltou Valentina que limpou o rosto e pegou rápido umas roupas no armário. — Onde pensa que vai? Se for se deitar com ele... — Não te devo satisfação, um casamento erguido sobre uma mentira não vale nada para mim! Valentina entra no quarto de Carmem visivelmente abalada. — Você o expulsou de casa Valentina? — Ele é meu marido, agora vó, se eu fizer isso ele pode se queixar de mim com os mais velhos. — Ela não podia fazer nada, pois a cultura cigana sempre privilegiava aos homens. — Deus… havia me esquecido desse detalhe. O que você fará agora? — Tentar sobreviver a isso, ignorar o fato de ter que conferir a cara dele e da família que destruiu minha vida! — A jovem trocava de roupa enquanto conversava com Carmem. — Destruíram minha vida também Valentina. Minha filha, teve a vida ceifada diante de meus olhos e agora o filho dele está dormindo sob meu teto! — Me perdoe, eu me sinto tão culpada e envergonhada por tudo isso! — Você também é uma vítima, não se sinta assim. — Diz Carmem tocando o rosto da neta tentando lhe passar algum conforto. — E se formos embora agora mesmo daqui? Valentina Talvez indo embora daqui, as dores pudessem ficar para trás também, mas sei que a sombra de todas as culpas e dores nos seguiriam para onde quer que formos. — Não pode abandonar seu povo a própria sorte, não se esqueça de que você é nossa líder filha. — Eu era, agora é Benício! — O que vou dizer agora pode parecer loucura, mas se quer vencer o domínio deste homem precisa acatar meu conselho. — Fale então e eu farei, eu preciso saber como. — Diz ela tocando a mão de Carmem. — Tente ser cordial com ele e um pouco mais tolerante Valentina. — Cordial com o homem que me enganou e ainda por cima, é filho de um assassino? — Ela levantou a voz. — Calma, menina, eu disse que não seria fácil. Mas se ficar entrando em conflito com ele, sempre sairá perdendo por ser mulher! — Como cordial? Posso até deixar de ofender ele e sua família, mas não farei mais do que isso por que não merecem e eu não conseguiria. Aquele olhar dele de altivez e deboche me mata diariamente! — Sim, isso já é um começo filha. Procure ficar longe de discussões com ele e te confesso que o que mais temo não é seu ódio por ele e sim o amor! — Eu não o amo, amava aquele homem que me cortejava na cidade e dizia gostar de mim, mas ele não existe. Era apenas uma invenção dele para entrar na minha mente e conseguir voltar para cá, passando por cima da decisão, os baniu a anos. — Isso é sua cabeça quem diz, mas seu coração não. — Carmem sabia o quanto seria difícil para Valentina ficar longe dele, mesmo que a razão gritasse que não, o coração dela pedia por ele. — Não importa o que um dia eu senti, deixei de querer Benício assim que eu soube a verdade. — Sei que ele vai querer você minha linda, mesmo tendo outra mulher a tentação é forte. Os homens são assim, mesmo que tenham alguém de quem possam até gostar… vocês estão casados perante as nossas leis e ele tem direito. — Mas eu nunca vou permitir que ele me toque, com ou sem direito. — Benício vai querer-te justamente por causa desse ódio que você sente por ele e também por que é jovem e bela… vai se aproveitar do amor que despertou em ti com mentiras. — Diz Carmem. — Quando estávamos no quarto, ele quis tocar em mim. Mas a senhora está certa deixarei de bater de frente com ele e talvez assim ele me deixe em pare de me atormentar tanto. Não posso mudar o passado, mas não permitirei que ele controle o meu futuro. Valentina Bloqueei para sempre as minhas ilusões de um dia me casar, ser amada e ter filhos. Agora que eu disse sim para ele, me condenei a nunca ter uma família ou ser feliz, o divórcio não existe para nós e eu nunca mais poderei constituir uma família e nem mesmo se um dia ele deixar de existir. — Ele foi muito mais depressa do que pensei, mas Benício também pode cair na própria armadilha! — Por favor vamos tentar esquecer isso pelo menos até amanhã vó. Proponho descansarmos por que essa guerra está apenas começando. As duas se deitam. Valentina m*l pregou os olhos naquela noite… Carmem temia que Benício e a neta repetissem a mesma tragédia de anos atrás. Que aquele desejo que ele sentia por ela se tornasse uma obsessão sangrenta e mortal, onde o ciúme e o sentimento de posse levou para sempre uma vida inocente. Amanhece e Benício sai bem cedo antes que o vissem. Valentina se levanta e vai até o quarto verificar aquele hóspede indesejado e felizmente se dá conta de que ele havia ido. Ela vai até à cozinha e prepara um café. — Bom dia, e Benício? — Aquele maldi… aquele homem já foi embora! — Diz Valentina tentando controlar seus instintos. — Esta noite teremos roda de dança como de costume, as você pode adiar isso, suponho que não queria receber a família dele com festa. — Avisa Carmem. — Pelo contrário, não iremos mudar a tradição por causa deles. Hoje dançarei mais linda e mais feliz do que nunca, não darei a eles o gosto de me ver fracassada ou triste. — Isso mesmo, te quero sempre forte. Você é nossa princesa, tem sempre que mostrar-se uma verdadeira fortaleza. Benício voltou no meio da manhã em uma caminhonete e com os materiais para erguer sua tenta, felizmente escolheu um local afastado de Valentina. No fim do dia estava tudo pronto e ele traz sua mãe Domênica, Karen, sua irmã e Adriana que depois do casamento com Valentina havia se tornado amante dele. Elas chegaram sob o olhar de todos, a essa altura a fofoca havia se espalhado. Que graças ao casamento com Valentina a família exilada estava de volta ao grupo.
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