Capítulo 7

1225 Words
Valentina estava preocupada com a situação dela e de Carmem. O pai Donato era o principal provedor da casa delas e agora não estava mais ali para mantê-las e não queriam depender da ajuda dos outros homens e muito menos de Benício ou Salazar. Apesar de Carmem contribuir com a renda fazendo as leituras de tarô na cidade, apenas aquilo não seria capaz de suprir as suas necessidades integralmente. – Vó eu pensei e irei procurar um trabalho na cidade. Apesar de ser mais difícil encontrar um emprego de meio período, por causa da faculdade... – Nem pense em trancar seu curso Valentina. Você lutou muito por essa bolsa de estudos e não abro mão de te ver formada. Eu posso ficar mais tempo na cidade e tentar pegar algum serviço de faxina ou costura. – De jeito nenhum, a senhora já fez demais por mim a vida inteira. Chegou minha vez de retribuir. Eu vou conversar com Sofia ela conhece muita gente e talvez possa me ajudar a conseguir algo. Naquela semana Valentina se dedicou a tentar encontrar algum trabalho na cidade que pudesse conciliar com seu estudo, mas estava difícil. Benício a cada dia estava mais fissurado por ela a olhava sempre e parecia se perder em seus traços e em cada em cada detalhe dela, procurava cada vez menos por Adriana na cama e quando raramente acontecia, ela sabia que ele fazia com Valentina em seu pensamento. Karen irmã de Benício se aproximava de Salazar, ela tinha ficado encantada com ele desde o dia em que chegaram de volta ao clã. Porém, ele não tinha olhos para ela, pois seu coração sempre teve dona. Karen estava indo buscar água no rio e estava sozinha, viu Salazar andando por lá e logo se aproximou. – Oi. – Karen toma coragem de iniciar uma conversa com ele. – Oi, tudo bem? – Tudo sim...é que meu irmão Benício saiu cedo de casa e não o vi. Eu queria saber se você vai até a cidade hoje? – Karen pergunta timidamente, sentia que ele tinha um jeito mais reservado de ser, assim como ela e isso exercia um verdadeiro fascínio. – Talvez mais tarde para buscar algumas coisas. Por que? – Posso ir contigo? Ele pensou bem e até relutou, mas não viu nada demais em apenas concordar com aquela carona inocente, mesmo sendo para a irmã do seu pior inimigo. – Claro. Umas 16:00 estarei te esperando então. – Ele responde sorrindo levemente, depois se arrepende de ter concordado com a carona, pois Valentina poderia não gostar disso. Salazar Ou quem sabe ela sinta ciúmes ao me ver próximo a Karen, ela é bonita e jovem. Qualquer homem daqui se sentiria envaidecido ao ser visto com ela, Valentina pode se sentir ameaçada. ... Valentina foi para seu curso a tarde como todos os dias, mas sua cabeça ainda seguia preocupada com a situação financeira delas. Carmem estava junto com as outras mulheres do assentamento fazendo o artesanato, quando Domênica, mãe de Benício chega e se senta com elas, o clima naquele lugar fica pesado. – Boa tarde. – Ela diz e apenas as outras respondem. – Carmem estamos vivendo agora em comunhão, sei que é difícil pedir que esqueçamos o passado, mas temos que aprender a coexistir. – Domênica tentava inutilmente fazer com que Carmem, ao menos fosse cordial com ela. – É fácil falar em coexistência quando a garganta cortada não foi de sua filha. – Carmem se levanta e sai visivelmente alterada, ela pedia tanto que a neta tivesse calma, mas ela mesma, se deixava levar pelo sofrimento e revolta. Domênica a segue. – Minha família e eu também sofremos com tudo, como acha que fiquei ao ver meu marido m***r alguém e nos condenar a tudo o que passamos nessa vida? – Só posso sentir por mim e pela minha neta. Que além de tudo o que tem sofrido a vida inteira sem a mãe, ainda foi enganada pelo seu filho para trazer vocês de volta para cá! – Carmem diz com expressão de revolta. – Não foi justo terem nos expulsado daqui assim sem mais nem menos. Kayon foi condenado pela justiça e isso teria sido o suficiente. – Minha família não faz as leis desse povo. Nós apenas as cumprimos e diga a seu filho para ficar longe de Valentina, eu não admito que ele tente tirar proveito dessa mentira de casamento para querer abusar dela! – Meu filho não faria isso! Ele já tem uma mulher que o ama. – Domênica responde, mas por dentro sabia que aquela acusação era verdadeira. – Então me diga, o que ele pretende cercando-a por todos os lados como tem feito desde que se casaram? E o beijo que forçou na frente de todos, inclusive da mulher que você afirma que ele ama? – Ele deve estar enfeitiçado, sabe como são os homens perdem a cabeça muito fácil! – Domênica diz deixando Carmem em estado de total ira. Carmem Como pode querer comparar a dor da minha neta e minha com as dela? Seja como for Kayon ainda está vivo e quanto a mim e Valentina, temos que nos conformar em visitar um túmulo. ... Eram 16:00 e como combinado, Salazar esperava por Karen para irem até a cidade e ela surge pontualmente. Arrumada demais para um simples passeio de rotina, mas ele apenas sorriu e eles partem para lá, logo a moça toma coragem para entrar no assunto que tanto queria. – Salazar posso te fazer uma pergunta? – Ela diz com pouca força na voz, talvez com medo da resposta. – Faça! – Ele diz sem fazer contato visual, apenas prestando atenção na estrada. – Valentina e você têm algo mais que amizade? – Sim, eu a amo e em breve iremos nos casar. – Ele foi curto e direto ao ponto. Sabia que ela poderia querer sondar isso e contar para o irmão, então seria bom deixar tudo bem explicado. – Mas não existe divórcio e pelas nossas leis nem mesmo se meu irmão morresse ela poderia se unir a outro homem, nem a você! – Iremos embora assim que ela decidir, estou pronto para tirá-la desse lugar e em breve. – Irá abandonar nosso povo por ela Salazar? – Karen perguntou tentando controlar a revolta. – Sim e a muito tempo já desconsidero este clã como meu povo. – Por que diz isso? – Por que Benício foi recebido de volta com status de líder, ao invés de filho de assassino! – Falar desse homem sempre o deixava assim, daquela amizade infância nada além de ódio havia restado e um forte desejo de vingança. – Então odeia a todos nós, pelo que meu pai fez? – Não odeio você e sua mãe Karen, mas seu pai e seu irmão, ambos pelo que fizeram a Valentina e sua avó! – Acha justo então que tenham nos mandado, embora? Acha que isso é justiça? – Ela chora ao perguntar. – Todos nós estamos submetidos a leis moça! Karen ficou abalada com tudo o que ouviu e até se arrependeu de ter perguntado, sentiu que não só ele abominava sua família, mas tinha planos de largar tudo e partir com Valentina em breve. Eles chegam a cidade, a vontade que ela tinha era de acabar com a existência de sua rival.
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