Capítulo três

1649 Words
— Sua vez, rapaz — Eduardo falou com Will. Ele tentou se mexer e não conseguiu. Seus olhos encontraram os meus e consegui ver o quão apavorado ele estava. Isso fez com que meus olhos se enchessem de lágrimas. Queria poder fazer alguma coisa, mas o que? Esses caras tem uma força surreal e nem parecem se esforçar para segurar a gente. O que eu poderia fazer para salvar o Will? Ou mesmo a mim? Eduardo fez a mesma coisa que o Frank fez em Will e eu soltei um grito de horror. Minha cabeça caiu para frente, pois não queria ver aquilo, meus braços estavam sendo segurados por Mark e não tinha como cobrir meus olhos ou ouvidos para não ouvir aqueles gritos. Mark agarrou meu cabelo e puxou minha cabeça, me obrigando a olhar. Ele segurava meus pulsos com uma única mão e eu não conseguia me mexer mesmo assim. Vi o brilho dos olhos de Will irem embora junto com sua cor e chorei desesperada. Quando ele desmaiou, Eduardo se afastou do pescoço dele e me olhou. Eles mataram Will e Josh na minha frente e beberam todo o sangue deles. Que tipo de canibais são esses? Não conseguia parar de chorar olhando os corpos dos dois jogados no chão, sem cor, sem vida e temia que chegasse a minha vez. Mark não me soltou, mesmo depois dos dois terem acabado seu lanche, mas eu não sabia se ele estava me segurando para me m***r também ou se estava me segurando para que não caísse no chão. Nesse momento eu via tudo rodando e não sentia minhas pernas, será que ele já estava bebendo meu sangue e eu nem percebi? Sentia as mãos dele em minha barriga e seu peito em minhas costas. Não tinha como estar bebendo meu sangue naquela posição. Ainda mais que sentia seu queixo em minha cabeça. Por um momento tudo ficou embaçado e senti minha cabeça girar. A última coisa que escutei foi: coloque ela no sofá. Abri os olhos lentamente e observei o lugar que estava. A luz era forte e estava deitada em algo macio. Quando me dei conta de onde estava, fiquei tensa no mesmo momento e então virei a cabeça de lado no sofá. Os três estavam em pé observando- me. Engoli em seco quando perceberam que acordei. É claro que desmaiei depois daquela cena h******l que presenciei. Corri os olhos pelo local e não encontrei mais os corpos de Josh e Will. O que será que eles fizeram? Ou será que isso foi uma piada? E de muito m*l gosto diga-se de passagem... — Como se sente? — Mark perguntou. — Como você acha? — Tentei parecer indiferente, mas não tive sucesso. Os três sorriram. — Acredita agora? — Em que? — Acho que vamos ter que fazer melhor do que isso... — disse Eduardo. — Onde estão os meninos? — perguntei e eles me olharam. — No terreno atrás da casa. — Como assim? Mark se aproximou e segurou meus braços. Sua pele é fria e a impressão que tenho é de que está morto. Ele me puxou do sofá e me colocou de pé. Depois, segurando um dos meus braços, me fez andar pela casa até a cozinha e lá acendeu a luz. O lugar era realmente podre. Parecia que não iam ali há anos. Mark me arrastou pelo local e abriu uma porta nos fundos da cozinha, lá fora estava iluminado. A grama estava cortada e o quintal era enorme. Conforme fui andando, vi que tinha bastante plantas e árvores ali atrás. Todas muito bem cuidadas. Quem cuida disso? — Ed adora flores. — Mark me contou como se soubesse o que estou pensando. Continuamos andando e então vi um pequeno cemitério. Fiquei chocada olhando as lápides. Que tipo de loucos eles são? E o principal de tudo: o que vão fazer comigo? — Seus amigos estão aqui. — Apontou para dois montes de terra mais altos. Fiquei encarando aquilo um longo momento. Não é possível que isso esteja mesmo acontecendo! — Essa brincadeira não tem graça! Josh larga de ser b****a e aparece agora! — ordenei com raiva. Quando ele aparecer eu vou tratar de matá-lo! É bem a cara dele fazer esse tipo de piada suja e sem graça. — Ainda acha que é uma piada? — Frank perguntou. Olhei para ele e seus olhos estavam escuros enquanto me encarava. Os outros dois estavam com o mesmo olhar. Céus! — Acho que podemos fazer você entender melhor. — Eduardo se aproximou e eu engoli em seco. — Que tipo de psicopata vocês são? Os três explodiram em gargalhadas depois da minha pergunta. Por que fui perguntar isso? Mas as palavras pularam da minha boca sem que eu pudesse evitar, estava entrando em pânico. — Não somos psicopatas — disse Mark. — Canibais? — Também não — respondeu Frank. — Mas e quanto ao sangue deles? Vocês beberam tudo! Fiquei em silêncio um longo momento enquanto eles me olhavam. Não é possível que seja o que passou pela minha cabeça! Essas coisas não existem! Mas parando para pensar, eles são pálidos, extremamente bonitos. Mark é frio feito o gelo e acredito que os outros dois também sejam, beberam o sangue do corpo de Josh e Will todo... Meu Deus! — Que foi, Sofia? — Frank parecia se divertir com meu sofrimento. — São vampiros — sussurrei e o sorriso largo invadiu o rosto deles. — Achei que não ia notar — Eduardo falou em tom sarcástico. — São demônios... — Então as pessoas estavam certas, não é? — Mark perguntou sorrindo. Desviei o olhar deles. Por que não acabam logo com isso? Pra que me mostrar o que são e provar algo? O que eles querem de mim? — Deve estar se perguntando o que faremos com você, não é? — Sim — respondi apreensiva. — Gostamos de você, Sofia. É difícil receber visitas de garotas por aqui... — falou me rodeando. Pelo visto esse Mark é o líder deles. — Nunca veio garotas aqui? — Sim, algumas, mas não corajosas e ousadas como você. — Gostam de ser contrariados? Eles sorriram quando falei isso. — Depende. O que a gente gosta é exatamente isso. Você não sabe o que queremos ou vamos fazer com você e mesmo assim me responde atravessado. — Se vou morrer, pra que abaixar a cabeça? Os três se entreolharam e sorriram mais abertamente ainda. Vampiros! E psicopatas! É pior do que pensei! Vampiros psicopatas! — Quem disse que vai morrer? — O que vocês fizeram com eles, deixa tudo bem claro. E ele não bebeu nada. — Apontei para o Mark. — Não precisa se preocupar comigo. — Acredite, não me preocupo! Os três riram. — O que você sugere, Mark? Vai ficar com sede, então você decide. Mark ficou me encarando um longo momento em silêncio. Seu olhar fez meu corpo se arrepiar. Todos os meus sentidos estavam aguçados. Seja lá o que vai fazer comigo, com certeza eu não vou gostar. — Tenho umas ideias... Vamos entrar e conversar melhor. Dessa vez quem segurou meu braço foi o Frank e como eu imaginei, ele é gelado como Mark. Ele me conduziu de volta à sala e me fez sentar no sofá. Os três ficaram em pé em frente a mim. Se não vão me m***r, o que pode ser? — Você é virgem, Sofia? Merda! Acenei com a cabeça e olhei para o chão. Acho que isso é pior do que a morte... Ficou um grande silêncio. Olhei para eles e vi o Mark sorrindo. Os outros reviraram os olhos. — Vem comigo, querida. — Mark estendeu a mão para eu segurar. Fiquei em silêncio olhando-o. Eu não quero ir! — Vamos, não vou machucar você. — Até parece que eu acredito nisso! Os três riram. — Segure minha mão, Sofia. Ele estava calmo demais para o meu gosto! Segurei sua mão com raiva. Já estava na m***a mesmo, pra que ficar tentando correr? Mark me tirou da sala e me levou para a parte de cima da casa. Passamos pelo corredor em silêncio. As paredes tinham uma cor forte. Vermelho forte. O que me fazia ficar mais nervosa ainda. Na última porta do corredor, ele parou e me olhou sorrindo. Não esbocei nenhuma reação e ele abriu a porta. Não me lembro de ter entrado nesse quarto com os garotos... Não quero pensar neles agora também. Isso me faz entrar em pânico. — Vem. — Me puxou até a cama. Engoli em seco e senti meus olhos serem preenchidos com lágrimas. Eu preferia que eles me matassem. Chupassem meu sangue até perder a vida. Ia ser melhor. — Não precisa ficar assim. Sei ser carinhoso. — Se soubesse mesmo, não faria uma coisa dessas comigo — resmunguei desesperada. — Você não tem curiosidade? Olhei para ele. Seus olhos me queimaram. Era um olhar penetrante, me fez sentir nua antes mesmo de ele tirar minha roupa. — Sinto muito, mas nunca tive fantasias com vampiros... A risada foi alta e me fez pular de susto. — Adoro sua boca nervosa... Talvez seja melhor eu ficar quieta então. Será que consigo? Mark ficou em silêncio me encarando e então sorriu de lado. Ele puxou a camisa e tirou. Fiquei em silêncio olhando seu abdômen. Apesar de tudo eu não posso negar, ele é maravilhoso! Só que o medo é maior do que qualquer coisa. Subi os olhos para o rosto dele e vi seu sorriso. Não era m*****o ou sarcástico, era um sorriso encorajador. Não sei o que isso quer dizer e não me importo. Estou ferrada e nada vai mudar isso. Eles devem usar meu corpo até cansar e depois beber meu sangue até a última gota. Então, lá fora, na parte de trás da casa, terão três montinhos de terra e não dois.
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