Capítulo 1

1442 Words
Oh, você é a primeira Quando as coisas dão errado. Sabe, eu nunca estarei sozinho; Você é a única para mim, E eu amo as coisas, Eu realmente amo as coisas que você faz. Você é a minha melhor amiga. Queen - You’ve my best friend BEATRIZ Os lábios macios de Edu guiavam o beijo, pois eu não entendia qual era o mecanismo da coisa, apenas penso que é errado, pois ele é meu melhor amigo e as coisas que estou sentindo não faço ideia de como descrever. — Eca! — Limpo minha boca e ele sorri. — Você gostou, tava puxando minha camisa. — Meu rosto queima de vergonha. — Não gostei coisa nenhuma. — De repente várias gargalhadas altas fazem meu coração acelerar de forma que meus olhos automaticamente enchem de lágrimas. Toda a torcida feminina está parada a poucos metros de nós, todas lindas, magras e ricas. — Edu você é o melhor! Não sente vontade de vomitar após beijar o patinho feio da escola? — Passo por elas correndo e só ouço os gritos debochados cantarolando: patinho feio, patinho feio... Entro dentro do banheiro dos funcionários da escola e me tranco, abafando meus soluços altos com as minhas mãos. Eu e ele não temos nada em comum, ele é atlético, bonito e popular, a única coisa que nos une é a nossa amizade fora da escola. Maldita hora em que aceitei treinar beijo com ele. Edu é o cara que sempre consegue o que quer, eu nunca tinha cogitado nada com ele, afinal é meu amigo. Sou o patinho feio não por ser feia, mas por ter representado esse papel na peça da escola, ser pobre, órfã de pai e mãe e ser a melhor amiga de Edu, isso já é razão suficiente para Raquel me odiar e fazer todas suas seguidoras fazerem o mesmo, pois é apaixonada pelo Edu e vive correndo atrás dele. Espero o toque para o início das aulas e vou até meu armário, pego minha bolsa e fujo pra casa, me sentindo humilhada como nunca, agora ela não larga do meu pé nunca mais, tô ferrada. Assim que chego vou direto para os fundos da casa dos meus avós e subo as escadinhas da minha casa de árvore que meu pai fez junto com meu avô. Deixo minha bolsa largada no chão e sento no edredom grosso e colorido que minha vó costurou pra mim, ligo a tv e assisto os desenhos daquele horário. — Sabia que você estava aqui. — Dou um pulo tão grande que choco minha cabeça na madeira do telhado. — Seu i****a! Au! — Acho que quebrei meu crânio. Sinto as lágrimas vindo pela dor do impacto. — Fique aí, vou pegar um pouco de gelo na cozinha. — A cabeça dele some do alçapão, eu continuo segurando o local, com medo de tirar minha mão e ter sangue, tenho pavor de sangue, só de ver caio dura. — Acho que tem sangue Edu. — Já estou suando feito uma tampa de panela. Ele revira os olhos e se aproxima meio inclinado, pois está bem mais alto que eu agora, mesmo a gente tendo só dezessete anos. Acho que eu não vou passar do um e sessenta. — Deixa eu ver. — Tenta tirar minha mão. — Acho que quebrou, se eu tirar vai sair meu cérebro. — Suspira. — Feche os olhos e me deixa ver. — Obedeço a ordem, ele segura minha mão e afasta lentamente. — Infelizmente é um caso sem jeito. — Ai meu Deus! — Começo a choramingar. — Não vai dar tempo de chegar ao hospital Bia, já era, quer que eu diga o quê, a seus avós? — Choro alto e sinto a bolsa de gelo na minha cabeça. — Sim, diga a eles que os amo mais que tudo. Ah! Não quero morrer. — Fungo entre lágrimas, meus olhos ainda fechados. — E pra mim? Qual mensagem vai deixar? — Limpo as lágrimas. — Eu também te amo, se cuide, treine bastante, nunca esqueça de mim. — Ele começa a gargalhar alto e só então abro meus olhos, minhas mãos sem nenhum indício de sangue. — Ah! Seu! — Jogo a bolsa de gelo bem no meio da cara dele. — Isso dói! — Tento acertar um chute, mas ele segura minha perna e me puxa, me derrubando sob o edredom, se coloca em cima do meu corpo, me mantendo presa no chão. — Eu vou te matar! — Ele continua rindo de mim e por mais que eu tente não consigo me livrar do peso dele sobre mim. Como ele pôde ficar tão forte? De repente, ele para de ri e fica me encarando de um jeito estranho, se inclina e me beija, me pegando de surpresa, solta minhas mãos e começa a passar por meu corpo de forma íntima, o que me deixa desconfortável e envergonhada, mas a sensação é boa, apesar de desconhecida. Tira minha camisa branca da escola, seus olhos nos meus, cubro meu sutiã rosa com meus braços e ele sorri, tira o próprio fardamento, e só então entendo o que ele quer fazer, estamos tendo aulas de educação s****l durante toda semana, pois várias garotas na escola estão grávidas, pensar em fazer isso com ele, me dá um pouco de medo. — Edu... — Minha voz sai baixa, era para ser uma tentativa de parar tudo, mas ele continua beijando meu pescoço e acariciando meu corpo, parece saber exatamente o que fazer, porque quando menos espero já estamos ambos sem roupas. — Você é tão linda. — Seu elogio me deixa queimando de vergonha, a forma como olha cada parte de mim me faz querer sair correndo e ao mesmo tempo querer continuar. A dor foi grande, mas totalmente suportável, ele tentou ao máximo ser gentil, falando coisas carinhosas, me beijando, mas quando terminou parecia que algo tinha mudado entre nós dois, era como se uma barreira invisível estivesse entre nós. — Edu... Você... Você... — Não consigo concluir a pergunta, ele começa a se vestir sem jeito, eu me cubro com o edredom. — Nós usamos... Camisinha? — Não, eu não pensei nisso, mas os caras dizem que não rola na primeira vez. — Não parecemos mais as mesmas pessoas. — Tudo bem. — Foi a experiência, mas louca da minha vida e a pior, pois fazer isso nos afastou, percebo que nada mais vai ser como antes, ele está tão distante agora. — Bia, eu vou embora, estou me mudando esse final de semana, consegui uma vaga no sub-16 do Real Madrid. — Engulo em seco. Embora? Vai embora? Eu sempre soube, o sonho dele era ser um jogador profissional, mas parece tão repentino. — Que legal. — Me forço a sorri, pois ele é o único amigo que eu tenho, desejo pra ele tudo de melhor, sei que tem como conseguir tudo e almeja isso a muito tempo, já que também é pobre como eu. — Nossa, tô muito feliz por você, nem acredito, você tem que ir. — Me sinto feliz de verdade, por conseguir essa conquista, mas por dentro estou devastada, pois sei o que significa e o que irei perder. Ele vai embora e vou perder meu melhor amigo. Baixo meu olhar um instante só de imaginar não ver ele todo dia — Sério? — Me olha de um jeito estranho. — Claro. — Ficamos em silêncio durante alguns minutos, ambos totalmente desconfortáveis, eu muito pior, pois ainda estou coberta somente com o edredom. — A gente se vê depois, preciso ir pra casa. — Balanço a cabeça rápido e olho pra qualquer lugar menos pra ele. Assim que ele sai me apresso em me vestir, me sentindo triste demais. Logo que ouço o barulho do carro do meu avô eu corro para casa. — Vovô. — Quando o vejo desabo em lágrimas. — Vô... — O que houve minha pequena? — Ele me abraça e me consola, até que consigo parar finalmente. — Me deixe ficar uns dias na casa de tia Carla. — Imploro, pois, meus avós são protetores demais e sou como uma filha pra eles. — Por que Bia? Conte pra mim o que aconteceu. — Abraço ele mais forte. — Por favor vovô, por favor... — Ele aceita após muitas lágrimas, esperamos vovó chegar da escola, em que ela dá aula e eles me levam para casa da irmã do meu pai, que morreu com minha mãe em um acidente de carro quando eu ainda era um bebê. Eu não podia ficar e vê Edu indo embora, não suportaria dizer adeus pra sempre.  
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