Prólogo

3435 Words
❁❁❁❁❁❁ MARIA FERNANDA NARRANDO Saio às pressas da aula para dar tempo de pegar o meu ônibus no horário e ir em sossego para o meu trabalho, que ficava num barzinho no Morro do Alemão, ali mesmo onde eu morava. A medida de que eu alcanço o portão da escola, o porteiro acena à cabeça para me cumprimentar, como sou tímida porém não m*l educada, dou um sorriso de lado e sigo para o meu ponto. Todos os dias eu fazia o mesmo percurso, saía do colégio às 11h25 e tinha que estar no trabalho às 13h30, e se eu chegasse atrasada, meu salário que já era pouco, se tornava menos ainda. Pela janela do ônibus, observo como era linda a cidade do Rio de Janeiro, embora tenha seus gravíssimos problemas que não eram poucos, nada tira a beleza desse lugar. Saio do ônibus às pressas para chegar em casa, tomar um banho e ir trabalhar. Subo aquela ladeira enorme do Morro sentindo o sol quente de 40° bater com chicote nas minhas costas, me fazendo transpirar e consequentemente, cansar mais rápido. Vou para o puxadinho passando pelos mil becos de uma das comunidades mais faladas no Rio de Janeiro, em cada canto da favela dava para ver os homens com suas armas nas costas, e eu me pergunto quem é o dono de tudo isso... E se ele seria capaz de custear a cirurgia da minha mãe em troca de algum trabalho, é muita loucura pensar dessa forma nem sabendo quem ele é e muito menos do que é capaz de fazer, mas pela vida da minha mãe eu estaria disposta a fazer qualquer coisa. Entro dentro da minha casa; era muito humilde e simples. Na parede tem um branco manchado e um pouco de infiltração causando um cheiro pouco incomodo de mofo. Era dividido em apenas 4 cômodos: banheiro, cozinha, quarto e sala. Os móveis já estão velhos e a maioria dos que eram novos e que eu consegui comprar parcelando muitas vezes no cartão, meu pai roubou para vender em troca de drogas. — Mãezinha? — Chamo assim que coloco a mochila pesada em cima da pequena e velha mesa de madeira. — Oi minha querida. — Ela diz fraca. Minha mãe chama-se Maria do Rosário e está com Leucemia Mieloide Crônica. Esse câncer se manifestou na minha mãe de uma maneira tão abrupta que só fomos descobrir quando o estágio já estava avançado. Ela toma 7 remédios por dia para não piorar, e muitas vezes, já deixei de comer para ter que comprar esses remédios que são caros. Minha mãe precisa fazer uma cirurgia para colocar um cateter e enfim conseguir fazer a quimioterapia, mas só essa cirurgia, custa mais do que essa casa e todos os móveis juntos. Só de pensar nisso, o desespero toma conta de mim e meus olhos enchem de lágrimas, mas preciso ser forte pela minha mãe. Apenas por ela. — Mãe, você se alimentou? — Pergunto sentando na beira da cama dura de casal, aliso seu rosto coberto por algumas rugas e sorrio vendo o quanto eu a amava. — Sim, minha linda. Comi um pouco do almoço de ontem e deixei pra você. — Ela diz e encosta sua mão em cima da minha, sorrindo maternalmente e eu sinto um buraco no peito por deixar faltar comida dentro de casa e por ter um pai tão lixo que não é capaz de ajudar em nada. — Tudo bem, obrigada. — Sorrio e beijo sua testa. — Eu vou trabalhar. Ela apenas concorda a com a cabeça e volta a assistir a sua novela. Aproveito a deixa e corro para o banheiro visto que eu já estava começando a me atrasar. Assim que saio, penteio meus cabelos e visto um short jeans, meio curto, com uma regata branca por cima do sutiã preto, roupas simples e leves. Calço meu chinelo e saio voada em direção ao boteco do Seu Luíz. Eu trabalhava num boteco recheado de homens bêbados e nojentos, que sempre queriam tirar proveito de quem servia, isso sempre me deu nos nervos, mas a comissão é boa e eu não estou podendo recusar dinheiro, qualquer um que vier é bem vindo, ainda mais por eu estar juntando para a cirurgia da minha mãe. Pelo beco, passo pelas pessoas fofocando em seu portão; como de costume, o que mais existia nessa favela era a quantidade de gente que cuidava da vida alheia. Distraída em meus pensamentos e andando rápido para chegar ao meu destino, bato de frente com um muro e caio, automática. — Desculpe. — Hajo com educação, mas me arrependo logo quando sua resposta vem. — Presta atenção por onde anda. — Ele diz com a voz grossa e rouca que me chama atenção fazendo eu levantar a cabeça instintivamente, quase automático. Estudo suas feições duras, porém lindas. Ele tinha os olhos caramelos puxado pro verde que não deixava intimidar, seu corpo era coberto por desenhos e frases da qual eu não conseguia distinguir mesmo se quisesse, ele exala masculinidade, poder e arrogância. — Educação pra quê, não é mesmo? — Altero minha voz e coloco a mão na minha cintura, franzindo o cenho. — Eu te pedi desculpas, estava distraída, caiba você a aceitar ou não. Minha perna bambeia quando vejo seu sorriso de lado, puro deboche, apenas para me provocar. Mas ao invés de me irritar, me traz diversos formigamentos pelo corpo e sensações totalmente desconhecidas. Ele varre meu corpo de cima a baixo e eu sinto vergonha, por ser bronzeada, meu rosto apenas queima e eu respiro fundo, me assustando com o que ouço a seguir. — Se eu fosse você, mediria bem a voz pra falar comigo. Afinal, tu não tá falando com teus amiguinhos. – Ele cruza os braços e ergue o queixo, me olhando de cima como se quisesse mostrar superior. – No meu morro, quem manda sou eu. E numa próxima, não terá. "No meu Morro" Ele era o chefão tão conhecido? "Numa próxima, não terá?" O que ele quis dizer com isso? Vai me matar, por algum acaso? Não me deixo abalar. Empino meu nariz e saio desfilando como quem não quisesse nada. Eu vou morrer por quê? Por ser educada e ganhar um pisão nas costas? Me dá licença. Sou quieta mas não sou i****a, não levo desaforo pra casa nem do meu pai que é um alcoólatra onde não tem cair morto. Ou melhor, tem. Na minha casa e da minha mãe, mas por insistência dela, porque por mim eu já teria o chutado há muito tempo. Esse tal homem fica rodando na minha mente. Tenho quase 18 anos, moro aqui há 18 anos e nunca nem vi ele na minha frente. Será que por falta de oportunidade ou por ter me privado de uma vida social todos esses anos por problemas dentro de casa? São muitas perguntas sem respostas, muitas dúvidas... Viro as costas, furiosa, pisando fundo e indo ao meu trabalho, que eu já estava mais que atrasada. Entro dentro do bar do seu Luís e recebo um olhadão. Ah, babaca! Odeio esse homem, e depois do episódio com o tal homenzarrão que vai me matar, fico mais fula da vida ainda. Fala sério, trabalho honestamente, cuido da minha mãe doente em casa, aturo meu pai e ainda tenho que ouvir ameaça? Isso que dá ser pobre e morar nesse lugar.  Não que eu me envergonhe, mas a vida sempre foi muito dura comigo pra, nessa fase da vida, eu ter que pisar em ovos com medo de ser ameaçada é muita coisa pra minha mente, fala sério! Coloco meu avental e a Luísa, minha amiga de infância e também colega de trabalho, me olha e já percebe que meu humor não tá um dos melhores do mundo.  — O que houve? Você difícilmente fica com essa cara. Pode desembuchando!   Olho pra ela totalmente exausta. Luísa é linda e muito fiel, tem o cabelo crespo e black, n***a e radiante, é muito dona de si, a admiro. Sem contar na sua independência e a mente aberta, definitivamente, ela é incrível. Tem a vida conturbada igual a minha, é órfã, muito culta e disciplinada. Ela já terminou o colégio e além de estudar aqui, faz técnico de enfermagem na FAETEC.  — Ai, Lu... Bati de frente com um homem de 2 metros, a g ente se esbarrou, pedi desculpas e ele debochou, e eu com a boca grande, acabei falando uns desaforos pra ele. Mas ele me ameaçou, acho que fui muito desbocada e acho mais ainda que ele é o dono do morro. - Falo torcendo o bico e ela arregala os olhos. — Mulher do céu, já te falei mil vezes que não é pra ficar respondendo quem você não conhece de maneira agressiva aqui no Morro, e o Calibri não é flor que se cheire. - Diz me repreendendo. — Como assim? Você conhece ele? Ai, o cretino é lindo, pena que é bandido. Podia tanto estar fazendo uma coisa honesta... Não entendo. - Falo me lamentando. — Conheço ele de vista, já me envolvi com um amigo dele... Ele é um poço de ignorância, pavor desse homem. Mas, não julga, ele é bandido por algum motivo, ninguém escolhe essa vida à toa... - Dona Renata, a esposa nojenta do seu Luís, bate no balcão dando um susto na gente. — Vieram trabalhar ou fofocar da vida alheia? Vumbora! - Ela berra atrás da gente. — Um dia eu ainda vou dar um soco na cara dessa p**a. - Luísa sussurra e eu prendo o riso, voltando ao meu trabalho. Pego meu bloquinho de anotação e saio do balcão indo atender um monte de homem podre de nojento, como sempre, uns me assediam na cara, outros ainda tentam me tocar e meu rosto treme de ódio. Deus, não é possível que eu tenha que passar por esse tipo de situação... Eu só queria ter estabilidade, meu Deus.  O dia que antes estava radiante, no fim do dia beirando a noite, começou a mudar. O vento frio fazia minha pele arrepiar e os primeiros raios começaram a clarear o céu, pro dia melhorar e fechar com chave de ouro... Começaria tudo de novo. Sinto vontade de chorar, de chutar tudo, de me matar, sei lá. Umas 21:30 eu sou liberada do meu cargo, a chuva já estava forte.  — Amiga, você vai precisar de ajuda na sua casa? - Luísa me perguntou e eu neguei. Obviamente eu não deixaria ela ir à minha casa só pra me ajudar, embora eu soubesse que a noite seria longa.  Eu morava em frente a um rio de esgoto, com a falta de saneamento básico, o rio sempre enchia em temporais e transbordava: Ou seja, a minha casa sempre ficava alagada e se hoje em dia, eu tenho pouquíssimos móveis, além do meu pai ter vendido quase todos em troca de droga, a maioria apodreceu com tanta água que enchia minha casa. Vou andando pela beirada da esquina indo pra minha casa, a roupa grudada no corpo. Três homens vinham do lado oposto ao meu, o coração já acelerou mas como estupro não era permitido na favela, permaneci calma. Avistei a silhueta de um deles e quando passaram por um lugar mais claro, forcei a vista e vi que era o tal Calibri e uns cara, sendo que um deles já tinha visto algumas vezes e acho que ele não gostava muito de mim, porque sempre vi ele tratando muita gente bem mas comigo, quando ia lá no bar, era uma grosseria sem tamanho.  O Calibri me olhou, passou por mim ainda me encarando, fixamente. Fico sem jeito, e olho pro outro lado, logo chego na minha casa e empurro o portão velho, olho pro rio que já estava quase transbordando e coloco tudo que estava no chão em cima de coisas altas.  E lá vamos nós para mais uma noite...  Meu pai chega podríssimo de bêbado e alucinado, já marcava 2 horas manhã, e meus braços já estavam doloridos de tanto jogar água do esgoto pra fora de casa. Ele chega com caninha da roça na mão, tropeça em uma madeira que eu coloquei pra impedir uma grande enchente e automaticamente sua cachaça cai toda no chão.  — Bem feito.  - Sussurro enquanto continuo pegando a água e jogando pra fora.  — Cu...culpa sua, filha da p**a! - Ele vem pra cima de mim descontrolado, me empurra contra o batente da porta, bato com a cabeça que lateja e eu tonteio.  Pego o balde e bato na sua cabeça por impulso.  — Seu desgraçado! Eu te odeio! - Grito.  Elias vem pra cima de mim, revoltado. Pega no meu cabelo e bate no meu rosto, eu grito, tento chutar sua canela e ele bate na minha barriga, me deixando com falta de ar, ele prende mais ainda o cabelo no meu punho e eu grito xingando-o, ele bate no meu rosto e minha mãe grita do outro lado pedindo pra ele me deixar em paz, chorando. — Mãe, não se aproxima, você não pode se estressar! - Ele bate na minha boca.  — Cala a boca, sua prostituta. Você é uma p*****a igual a sua mãe, uma porca nojenta. - Ele diz e eu choro, arranho a lateral da sua barriga. Berro pedindo pra ele me soltar. — Solta ela agora, c*****o. - Uma voz forte e potente grita da porta, sinto na mesma hora o aperto afrouxar no meu cabelo e o Elias se afastar.  — Calma che..chefia! Ela preci... de modos. - Ele se enrola, tá tão bêbado que não consegue formular uma palavra, meu rosto queima e eu choro.  — Calma o c*****o, p***a. A mina tá há horas jogando água pra fora da p***a da tua casa e você quer chegar avacalhando ela dentro da p***a da casa? Bora, mete o pé. - Calibri pega ele pela camisa e dá um tapa em sua cabeça puxando pra fora de casa. Ele fala pequenos múrmurios de "desculpa" e eu vou abraçar minha mãe.  — Desculpa, mãe! Mas eu não aguento mais esse homem. Você sabe que eu nunca levantei a voz pra ele, mas o que ele faz já é demais. Não dá! Eu não aguento mais! - Digo completamente sobrecarregada, exausta, choro gritando pra tentar aliviar a dor dentro da minha alma do tanto que eu não aguentava mais essa vida que eu levava. A chuva diminui, o rio não transborda mais e depois do tal Calibri perguntar se eu estava bem, anui e ele foi embora. Fecho a porta, tomo um banho gelado com o corpo dolorido e me permito descansar junto com a cama de solteiro que eu dividia com a minha mãe. Completamente exausta. No outro dia eu faltei a aula, meu corpo dolorido não me permitia levantar, eu estava cansada, com a sobrancelha cortada e a boca inchada. Tomo um banho gelado, coloco um band-aid no corte e tento disfarçar a boca com um pouco de corretivo de 2 anos atrás que já tinha acabado, mas tinha algum resquício e foi esse que me salvou.  Penso no dono desse Morro... Ele viu a situação da minha mãe, será que ele não poderia simplesmente me ajudar? Eu só queria que ele pagasse a cirurgia da minha mãe e a anestesia. Só isso. Ele tinha tanto dinheiro, não é possível que ele não tenha esse dinheiro pra poder salvar a vida de uma senhora. Está decidido! Hoje mesmo eu vou lá na tal boca depois do trabalho e vou conversar com ele, e ele vai ter que me ouvir por bem ou por m*l. Coloco uma blusa de manga grande já desgastada, uma legging e prendo meus cabelos no alto, um desodorante e um perfume que já estava no final.  Saio de casa com meu celular mais pra lá do que pra cá, vou primeiro ao trabalho até porque eu não posso me dar ao luxo de faltar, tinha alguém dentro de casa que dependia de mim. Eu estava com dor de cabeça de tanta fome, tinha um resto de comida na panela e eu decidi deixar pra minha mãe, afinal, eu não sabia quando poderia colocar comida dentro de casa novamente. Chego no seu Zé, ponho meu avental e ouço piadinha sobre meu corte no rosto que dá vontade de mandá-lo se f***r, mas me controlo. Luísa não tinha vindo e isso me deixava preocupada, dificilmente ela faltava, mas decido deixar isso de lado. Caiu a noite, eu tive que me desdobrar inteira a tarde toda porque a minha amiga não veio, mas depois vou passar lá na casa dela pra saber o que rolou. Ajudo seu Zé a fechar o bar, levar as louças pra cozinha e tiro meu avental, pendurando em algum canto ali. Pego meu celular, enfio dentro do bolso e subo a rua pra passar na Luisa, e depois sigo meu caminho pra ir à boca. Vou a casa da Lu, a casa dela fica na principal do Morro, chamo, grito, berro mas ninguém ouve. — Oi moça, acho que ela não tá aqui não. Saiu cedo e não voltou ainda. - Estranho, mas assenti e respirei fundo pra encarar aquele homenzarrão. Agradeço a senhora e subo mais um pouco, passo por umas vilas escuras, meu corpo arrepiava de medo, mas eu sustentei e segui em frente. Cheguei na frente de um casebre com pouca iluminação, as paredes pichadas, uma bancada imensa com drogas, uns homens fumando em volta, outros comprando, era uma cena pavorosa. Engulo meu receio e vou pra perto da porta da casa. — Oi, boa noite. Será que eu poderia dar uma palavrinha com o Calibri? - Pergunto. — Quer o quê, gata? Droga? Ou uma fodinha? - Um falou cheio de malicia pra cima de mim e eu quis vomitar na cara dele. — Não, não. Só queria falar com ele mesmo, será que poderia chamá-lo? - Pergunto. Ele assente com aquele fuzil maior que ele, entra dentro da casinha, fica uns 3 minutinhos. Eu já estava quase mijando nas calças de nervoso, p***a!  — Ele vai te receber, gata. Capricha! - Ele diz rindo e eu reviro os olhos, entrando dentro da casinha. — Fala, Maria Fernanda. - Ouço sua voz e congelo. Como ele sabe meu nome, inferno? Desde quando possuímos algum vínculo pra ele saber isso?  — Co..como você sabe meu nome? - Pergunto. — Sei tudo sobre o meu morro. Desembucha logo o que você quer. - Ele estava com um casaco branco, uma bermuda tactel e um boné, umas correntinhas no pescoço e minha perna quase virou gelatina depois dessa visão. Estava sentado numa cadeira, do outro lado de uma mesa, numa espécie de escritório que fedia bem mais que minha casa. Sento no sofá, mesmo com receio por não saber a procedência do mesmo.  — Calibri, primeiramente quero te agradecer por ontem... por aquilo tudo. - Abaixo a cabeça envergonhada lembrando das cenas. — Era isso? - Pergunta soltando a fumaça do cigarro. — Não só isso. - Engulo em seco. - Eu já vinha pensando em te procurar, não sabia exatamente como faria isso porque não te conhecia... Não queria estar fazendo isso, mas eu preciso. - Uma lágrima pinga no meu colo quando eu abaixo a cabeça e eu limpo rápido, não quero que pareça que eu estou me humilhando. — Como você viu, sou muito pobre, não tem nem comida na minha casa, minha mãe tem um câncer que só sabe espalhar, ela tá muito debilitada e a cirurgia é muito cara, eu não conseguiria custear nem trabalhando 24 horas no boteco do seu Zé. Eu queria saber se você podia me emprestar esse dinheiro, eu prometo que eu p**o, faço o que você quiser... Eu só não quero viver com medo, achando que vou perder a única pessoa que eu dou minha vida. - Já estou me debrulhando em lágrimas, meu coração doi e minha respiração acelera. - Faço qualquer coisa. Ele traz uma água num copo de plástico e eu bebo, achei caridoso da parte dele, não parece ser tão horrível assim. — Você faria qualquer coisa, Maria Fernanda? - Ele pergunta. — Sim, menos matar e roubar. - Falo sorrindo amarelo. — Então tem algo que você possa fazer por mim sim. - Ele me olha nos olhos e eu arrepio. Eu sabia que ali tinha assinado minha sentença, foi o início de um pesadelo ou de um sonho mais distante que já tive pra minha vida.
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