Capítulo Oito ( Dylan Neith)

1473 Words
O encontro com os amigos do meu primo, será no bowling marés, um lugar que sempre costumamos passar para comer uma boa pizza, além de é claro termos a disponibilidade de jogar boliche. Em Moçambique, o boliche não é uma actividade praticada com frequência, as pessoas não gostam e nem têm lugares que possibilitam praticar o mesmo. — Khen! Vamos logo eu não gosto de me atrasar nem de deixar ninguém esperando, mesmo que esse alguém seja o ex da minha namorada — falo com meu primo tentando apressa-lo, mas mesmo que a minha cara seja de bravo meu primo não se abala, ele não está preocupado com a minha pressão. — Relaxa, eu marquei o encontro para hoje por volta das quinze horas, o que para um moçambicano, significa dezasseis horas — meu primo retruca relaxado, como se estivesse acostumado em marcar um encontro numa certa hora e a pessoa chegar numa outra hora, ou ele mesmo chegar numa outra hora. — Vocês moçambicanos são estranhos — comento me dando por vencido e descendo as escadas para o andar de baixo. — Vocês russos mais estranhos ainda, a menina m*l conhece você e você já acha que estão namorando — resmunga me acompanhando até a cozinha. É claro que ela já é minha namorada, o nosso destino foi selado assim que nossos olhares se cruzaram, só ela é quem não sabe ainda, mas nós já estamos namorado faz vinte e quatro horas. Eu nunca acreditei no amor a primeira vista, eu sempre pensei que isso fosse só uma história para boi dormir, porque vamos ser francos, como alguém pode amar um outro alguém sem antes conhecer suas manias e defeitos? Bom! Eu pensei que fosse impossível, até que os meus olhos se cruzassem com os de Felícia, até eu perceber que a minha viagem até Moçambique não foi para fugir da vergonha da traição, mas sim, foi para que eu curasse o meu coração e encontrasse o amor da minha vida as milhares de milhas que nos separavam, não foram nada, comparado ao desejo de nossas almas ficarem juntas. O dia hoje está fresco, os termômetros berram numa máxima de dezesseis graus e uma mínima de treze gruas Celsius. Khensane está de calça jeans azul e um moletom preto e branco, nos pés calça umas sapatilhas Nike air Jordan brancas. As sapatilhas air Jordans atualmente são a nova febre dos jovens moçambicanos, elas estão tão populares nas ruas de Maputo que parecem até às passadeiras nas estradas asfaltadas. Para muitos, hoje está muito frio, mas para alguém que está acostumado com o clima ostíl da Rússia, isso é como um dia quente para mim. Diferente do meu primo que está de moletom e calças, eu trajo uma camiseta polo Azul e calções brancos, diferente dele que está com as populares air Jordans, eu calço minhas inseparáveis old schools da Vans, na sua cor tradicional preto e branco. — Querido, não está com frio? — minha tia indaga preocupada. Eu entendo o lado dela, não é fácil para alguém que está acostumado a ter os termômetros sempre no topo, enfrentar um dia em que os mesmos decidem dar uma volta no andar de baixo, só que eu já estou acostumado com as temperaturas baixas, tanto que treze gruas para mim é o mesmo que os trinta e cinco graus cá em Moçambique. — Não mãe, na Rússia quando os termômetros atingem treze há vinte graus celsius, é uma verdadeira festa — retruco calmamente e isso parece acalmar um pouco o coração da minha tia. Você deve estar se perguntando como assim mãe, se ela é sua tia. Bom! Eu e Khensane crescemos juntos e desde pequenos um sempre chamou a mãe do outro de mãe e o pai do outro de pai, então! Isso não é nenhuma novidade para a minha tia. — Mamã, nós vamos sair, se papá perguntar, a senhora pode falar que fomos visitar a tia Madalena? — Khensane tenta convencer a mãe dele a mentir por ele, porque mais cedo ele não quis acompanhar o pai na empresa, alegando que visitaria a nossa tia. A verdade é que Khensane, é um verdadeiro menino mimado, tudo que ele pede para mãe, ela dá e ela sempre acoberta as falcatruas dele. Como eu sei disso? Bom! Eu não sou diferente dele, sou um príncipe mimado também. — E eu posso saber o porquê de mentir ao meu marido? — minha tia o olha como quem estivesse interessada em dar uma lição nele, mas é tudo teatro, ela não vai fazer o contrário do que ele pediu. — É que, papá me pediu para ir a empresa com ele, e não aceitei pois, tenho que mostrar a cidade ao meu querido primo Dylan — ele inventa mias uma desculpa qualquer. Eu e minha tia trocamos um olhar cúmplices e nos preparamos para torturar o meu primo. — Mostrar o quê a quem? Eu já conheço todos os lugares daqui, esqueceu que há dois meses atrás estive aqui? — falo com toda a calma do mundo, seguro ao máximo a gargalhada que se acumula em minha garganta. Minha tia não está diferente de mim, ela faz o possível e o impossível para não explodir na gargalhada também. — É isso mesmo, não conte comigo para acobertar suas falcatruas, vem se justificar sozinho quando seu pai voltar — minha tia deu seu veredito final, a expressão dela paracia séria, mas no fundo ela fazia o possível e impossível para não rir. — Mãe, minha rainha, a única senhora do meu coração, a soberana da minha vida, a única mulher que amo na vida — Khensane começa com sua bajulação costumeira, tentando amolecer o coração de manteiga da minha tia — Me ajuda vai — Khensane abraça a mãe e minha tia não resiste e cai na gargalhada, ela retribui ao abraço dele e eu corro para me juntar a eles. — Seu mimado, utani xuva Wene ¹ — minha tia faz um comentário em xichanga. Você deve estar pensando, bom! Eu não entendi nada, mas ter familiares moçambicanos tem suas vantagens e uma delas, é aprender a falar línguas novas como o xichanga. O que a minha tia disse é que, meu primo sentirá falta dela, é um drama que muitas mãe moçambicanas fazem para manipular seus filhos. Depois do momento família melosa, eu e Khensane saímos de casa rumo ao Bowling marés. A casa dos meus tios fica num condomínio fechado, no distrito da Matola bairro de Malhapsene. Diferente da Europa em que os nobres ficam aglomerados num mesmo bairro ou num mesmo distrito, em Moçambique, está tudo junto e misturado, não existem bairros nobres nem humildes, é bem normal você encontrar uma mansão num bairro cheio de casas comuns e humildes. O que na minha opinião tem suas desvantagens e é perigoso. Vejamos, ao ter uma mansão em meio a várias outras, você não corre muitos riscos de ser assaltado, mas ao ter uma mansão em meio a casas comuns e humildes, você corre mais riscos, pois, a sua casa fica igual a uma mina de diamantes em meio a várias rochas sem valor. A viagem de Malhapsene até a cidade de Maputo, dura pouco mais de quarenta e cinco minutos, o que foi um recorde, visto que costumamos levar uma hora e meia, mas devido a hora e o dia, tivemos mais facilidade nos deslocar. — Bom! Primo, comporte-se, não mostre para ele não gostas dele, afinal na teoria você não sabe que ele existe — Khensane faz seu sermão mais uma vez, como se eu fosse um amador na arte de fingir ser lerdo. — Eu sei disso primo, eu vou tomar cuidado não perder a única chance que tenho de conseguir uma prova para separar ele da minha garota — respondo e saímos do carro. Os amigos de Khensane chegam até nós os cumprimentamos e saímos todos juntos até o interior do estabelecimento. Assim que chegamos próximo das mesas, eu sinto a presença dela, ela está distante de mim mas eu sei que ela. Ela está parada sozinha, como se estivesse esperando por alguém. O amigo de Khensane sai de perto de nós e vai até ela, toca no braço dela e fala alguma coisa em seu ouvido. — Eu vou ao banheiro — me despeço do meu primo e saio eu vou até ao banheiro. Eu saí de perto deles pois, não suporto ver as patas daquele cão na minha garota, eu é que devia estar com as mãos nela não aquele vira lata infiel, só de imaginar que ele beija os lábios dela ou pior que toca o corpo dela, isso me causa uma dor excruciante. Mas a dor não vai durar por muito tempo, Fefé será minha e eu cuidarei dela com todo o meu ser.
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