Pov. Ana
– Senhorita Steele pode entrar, o Senhor Grey lhe aguarda- diz a loira
Me levanto pego a bolsa e me dirijo até a porta, a loira me dá uma aceno com a cabeça, acho que é para mim entrar, eu faço o mesmo gesto a ela e entro.
Quando entro a primeira coisa que vejo são artes nas paredes, mais são artes tristes, uma imagem de um deserto morto, um homem em agonia, plantas mortas e etc. Isso é macabro.
Olho para o restante da sala e ela é austera e fria, enquanto meus olhos passeia pela sala, eles param e fixa em um homem sentado, mas o problema é que ele não é apenas um homem, e sim o mais lindo que eu já vi em minha vida!
Ele tem os cabelos cor de cobre e profundos olhos cinzas, olhos que estão olhando pra mim agora, olhos inquisitivos.
– Senhorita Steele eu presumo- ele diz com uma voz gelada que eu até me arrepio.
– Sim.
– O que houve com a senhorita Kavanagh que não pode vir a entrevista?
– Ela está doente – Digo, pois parte é verdade
– E você veio em seu lugar? – Será que ele é burro?
– Bem, sim já que sou eu que estou aqui e não ela – Respondo.
– Vamos começar!
– Claro.
Pego o gravador e as perguntas, ajusto o gravador em cima da mesa, e o papel com as perguntas e começo a entrevista.
–O senhor é muito jovem para ter construído um império deste porte. Há que deve seu sucesso?
Ele dá um suspiro como se estivesse entediado, acho que ele já ouviu essa pergunta milhares de vezes.
– Eu sou bom em avaliar as pessoas, saber o que elas gostam e almeja e trabalho em cima disso.
– Acha que possui um imenso poder?
– Emprego mais de quarenta mil pessoas senhorita Steele, isso me dá certo senso de responsabilidade, ou poder, se quiser chamar assim.
Claro que ele tem poder, ele tem mais de quarenta mil pessoas que depende dele. Isso dá um certo poder.
– O senhor não tem a quem precise responder?
– A empresa é minha. Não tenho que responder a alguém.
Ele é seco em suas respostas, responde quase no automático e isso me dá até certa raiva, mas me controlo, não quero que Kate me mate.
– O senhor tem algum interesse fora o seu trabalho?
– Tenho interesses, como passar tempo com a minha família ou praticar algum exercício.
– O senhor investe em manufaturas. Por que?
– Gosto de construir coisas e saber como elas funcionam, o que faz com que funcionem, como construí-las e desconstruí-las e tenho adoração por navios.
Vejo um brilho em seus olhos, mas apenas por um instante, pois eles somem rápido.
– Parece o seu coração falando senhor Grey!
Ele me dá um pequeno sorriso que me enternece, realmente ele é muito bonito, e por trás de seu terno posso ver que ele é muito musculoso. Sinto que meu coração vai sair pela boa, e com essa sensação o meu rosto está quente, MERDA! Por que eu fui puxar esse rubor da minha mãe?!
– É possível. Embora muitas pessoas dizem que eu não tenho coração senhorita Steele.
– E por que diriam isso?
– Por que me conhecem bem!
Vejo em seus olhos um homem quebrado, que provavelmente passou por muito na vida.
– Você tem um coração, mais provavelmente o senhor já passou por várias coisas ruins em sua vida. – Merda não era pra mim ter dito isso, é sempre assim, eu nem acabo de pensar e as palavras já saem da minha boca grande sem eu mandar, de todos os meus defeitos esse é o maior deles. Com o que eu disse ele olha surpreso pra mim.
– Por que você diz isso senhorita Steele?
E agora? Droga de boca grande que não obedece aos meus comandos!
– Por que eu vejo em seus olhos senhor Grey.
Vejo ele engolir em seco, acho que fui longe de mais, não deveria ter dito nada...
– Me desculpe senhor Grey fui longe de mais, vamos voltar as perguntas – eu murmuro para ele.
– Acho melhor..- murmura.
– Quantos anos tinha quando foi adotado?
– Isso é de assunto de domínio público senhorita Steele – pelo o seu tom de voz, posso dizer que ele esta bravo por eu ter tocar em algo pessoal, leio as próximas perguntas e vejo que é do mesmo assunto e vou passar, Kate que se dane, eu nem queria estar aqui. Mas olhando para o senhor Grey pode até valer a pena se ele não fosse tão... rabugento!
Olho a próxima pergunta e esbugalho os olhos e fico com o rosto quente na hora, por que diabos a Kate iria querer saber se ele é gay, eu também vou passar essa, eu não teria coragem de perguntar isso a ele.
– Está tudo bem senhorita Steele?
Acho que ele perguntou isso por que estou demorando demais.
– Sim.
– Essas perguntas são suas Anastásia? – É a primeira vez que ele me chama de Anastácia e meu nome saindo de sua boca é como veludo, macio... sinto o meu corpo formigar, Deus, o que está havendo comigo?
– Não, elas são dá minha amiga, como eu disse, ela está doente.
– E você já me conhecia antes dessa entrevista? – Ele deve estar perguntando se eu o conheço de alguma manchete de jornais ou revistas.
– Não, na verdade nunca tinha ouvido falar do senhor – E é verdade nunca tinha ouvido falar de seu nome, muito menos visto alguma foto.
Uma batida na porta é ouvida e umas das loiras aparece.
– Senhor Grey, desculpe interromper, mas a próxima reunião é em dois minutos.
– Ainda não terminamos aqui Andrea. Por favor cancele a próxima reunião.
A loira hesita e vejo o senhor Grey ficar furioso e olha pra ela como estivesse dizendo "anda logo, saia daqui". A mulher fica vermelha e sai rapidamente.
Sinto que estou atrapalhando o seu dia de trabalho e começo a pegar minhas coisas.
– Onde nós estávamos senhorita Steele?
– Senhor Grey obrigado pela entrevista, mais eu já vou indo, é obvio que o senhor é muito ocupado e não quero mais desperdiçar o seu tempo.
Acabo de juntar as minhas coisas e as guardo. Me dirijo até ele para apertar a sua mão e o que eu vejo me dá um aperto no coração, vejo ele sentado em uma cadeira de rodas, coisa que eu não vi quando estava do outro lado da mesa. Olho firme para ele, tentando não demonstrar nada em meu rosto.
Um homem lindo e aparentemente jovem está em uma cadeira de rodas, e nesse momento entendo aquela pequena luz em seus olhos no meio da entrevista, agora entendo um pouco da dor que ele transmite.
Aperto a sua mão e sinto uma corrente elétrica passa por mim que me fez até estremecer, olho para ele e parece que ele sentiu o mesmo pois também arregala os olhos.
– Tem tudo o que precisa?
– Sim senhor Grey – minto, eu sei que não tenho nem a metade e que a Kate vai me matar por isso – Mais uma vez obrigado pela entrevista.
– De nada!
Pego minha bolsa e me dirijo ao elevador e entro. Vejo Cristian em sua cadeira na porta do seu escritório, ele dá um aceno de cabeça para mim, e eu sorrio em resposta, e as portas do elevador se fecham.
Pov. Grey
Seu nome é Anastásia Steele, a garota que veio me entrevistar. Ela é tão bonita, não, ela é linda... Seus lábios carnudos, seu cabelo cor de fogo e o corpo mais espetacular que eu já vi em toda a minha vida!
Quando ela veio se despedir, eu não vi os seus olhos cheios de pena como eu estou acostumado a ver, ela apenas me olhou firme e quando foi embora ela deu um sorriso que apenas valorizou os seus lindos olhos azuis.
Me lembro como se fosse ontem o acidente de carro que quase tirou a minha vida e consequentemente me deixou paraplégico, isso só ocorreu por conta de briga estupida com a minha família que nunca deveria ter acontecido.
Meu acidente foi quando eu tinha vinte e dois anos, e hoje eu tenho vinte e sete, quando eu soube da notícia que eu não poderia mais andar, eu fiquei inconformado não queria mais viver... Mas se passaram cinco anos e hoje acho que conformado.
E também faz cinco anos que eu nunca mais tinha sentido desejo por uma mulher, sempre me mantive sozinho, mas quando vi Anastácia foi como se o desejo que estivesse acumulado voltasse tudo à tona.
Ela é uma mulher linda, com certeza terá um futuro brilhante... e eu sou apenas um homem que está preso nesta cadeira de rodas.