1 ano depois…
— As investigações terminam, não fomos muito a fundo de tudo isso… — Vicent murmurou, sentado na beirada da cama.
Levantei meus olhos para ele, assentindo. Passei meus braços sobre os seus ombros e apoiei-me ali, respirando contra o seu pescoço.
— Não consigo entender, eu juro… — ele fechou os olhos. — Porque me fazem perder tempo e energia com essas coisas, quando só ligam para o que está por fora!
— Não se irrite com todas essas coisas, amor. — Murmurei, ajudando-o a retirar o blazer. — Tome um banho morno e venha se deitar comigo.
Ele sorriu para mim, me encarando com os seus olhos caídos e cansados, suas mãos se fecharam sobre o meu pulso e ele me puxou, fazendo-me cair em seu colo. Seus olhos passaram pelo meu rosto de maneira apaixonada e ele beijou o topo da minha cabeça, me embalando em seus braços.
— Não sei o que seria de mim se não pudesse voltar para você... — ele murmurou.
— Eu sempre vou estar aqui, amor, esperando você voltar. — Segurei o seu rosto e beijei a sua boca. — Agora, vai tomar um banho e vamos dormir agarradinhos.
Ele sorriu de lado e passou a mão pela minha perna desnuda. Eu estava dormindo com um short de lycra, curto e apertado. Usava uma de suas blusas, com os meus s***s livres de qualquer sutiã e meus cabelos estavam soltos e caindo por entre os seus braços. Eu sabia o que ele queria e não daria isso para ele hoje.. e eu tinha um motivo para isso.
— Não, nem vem.. — eu me joguei na cama.
— Porque? — Ele fez beicinho. — Preciso relaxar.
— Não é com sexo que se relaxa, Vicent. — Revirei os olhos. — E de qualquer maneira, eu estou naqueles dias.
— Tudo bem.. — ele suspirou e me lançou um sorriso cansado. — Somente, saiba que você é o meu mundo e que ficar ao seu lado, agarradinho e no escuro, é mais do que suficiente.
— Eu te amo. — Beijei seus lábios. — Agora, vai...
Abanei as minhas mãos o expulsando da cama. Ele soltou uma risada alta.
— Xô! — Brinquei.
— Eu também amo você, pimentinha'. — Ele me lançou um beijo no ar antes de sumir na porta do banheiro.
Vicent tinha costume de demorar bastante tempo no banheiro e por isso, muitas vezes, eu acabava dormindo no processo entre o seu banho e a sua volta para a cama. De qualquer maneira, eu estava disposta a espera-lo, a algum tempo não tinhamos tanto tempo juntos, a rotina era cansativa para os dois.
Ele estava tentando, trabalhando como um louco a procura de um respiro futuro. Vicent estava tentando organizar tudo, para que logo que fosse possível, pudessemos voltar a ficar em paz e dentro de casa, juntos!
Queria explicar a ele, no entanto, sobre como eu queria investigar o passado dos meus pais, da minha família, a teoria de que tudo era bom e perfeito! Eu queria saber como as coisas estavam funcionando e mais do que isso, precisava de respostas do meu próprio pai sobre tudo o que estava acontecendo.
Eu queria olhar dentro dos seus olhos e externar tudo o que eu ando sentindo — e mais ainda, tudo o que andei guardando para mim nos anos de abuso que sofri em suas mãos. Ele foi, sem dúvidas, uma das pessoas que mais me magoou durante toda a minha existência.
Vicent era o amor da minha vida e eu precisava da sua opinião. A partir do momento que duas pessoas decidem ter uma vida juntos, uma vida de verdade, elas abrem mão de coisas que podem atrapalhar a vida a dois e eu não queria que isso nos atrapalhasse, que entrasse no nosso caminho, que fossem como pedras no meio da nossa estrada.
Ele é um ótimo pai, um ótimo marido e certamente, cuida de nós como nunca cuidou de alguém e talvez, como nunca foi cuidado. Sinto que Vicent merece todo esse amor vezes dois, ele merece por ser tão bom e tão diferente de tudo aquilo que me foi apresentado durante toda a minha vida e durante todas as minhas experiências — não que eu tivesse muitas.
Eu sabia que, futuramente, quando estivéssemos velhinhos' e que ele se aposentasse, eu teria que entregar Matteo a máfia, mas sinto que meu filho será como o pai. Ele será bom como o pai, complacente como o pai, mas espero que paciente como a mãe. Vicent não engole sapos e muito menos, deixa de brigar sobre o que acredita — o que é bonito, na teoria, mas não é legal ver dois homens se socando em pleno jantar de confraternização.
Acima de tudo isso, ele defende a sua família. E não só isso, ele defende também a famiglia, a máfia e tudo o que nos rodeia. Ele pode sim, ter desentendimentos com outras pessoas, mas no final, ele daria o sangue por qualquer um deles — mesmo que eu não concorde muito com isso, no fim.
Mas, eu tenho o melhor marido do mundo. Vicent é meu marido, meu amante, meu melhor amigo. Ele é todas as três coisas em um só, compacto e perfeito. Eu o amo com todas as minhas forças, a ponto de doer meu coração, de apertar na alma e de querer chorar como uma desesperada para tê-lo em meus braços.
Mesmo com tudo o que aconteceu entre nós dois, coisas essas que eu concordo, errei em vários aspectos, ele continua me amando incondicionalmente. Me sinto m*l, diiversas vezes por perceber que eu criei uma insegurança em Vicent. Ele tem um medo absurdo de que eu o deixe e vá embora, como eu fiz várias vezes — inclusive, depois de jurar que eu o amava. Eu me sinto m*l, acima de tudo, pois sinto que nossas vidas poderiam ter sudo mais fáceis se eu não tivesse feito grande parte das coisas que fiz. De qualquer maneira, eu estou feliz por estarmos bem agora e nos entendendo.
Eu criei inseguranças nele, fiz coisas que, olhando agora... eu não me orgulho! Eu sinto que existem coisas que poderiam ter sido conversadas.
Acima de tudo, a culpa que assola o meu peito foi ter perdido Nicholas. Eu não pensei nele antes de sair pelo mundo, mesmo depois de ter prometido que cuidaria dele. Me sinto egoísta, pois tudo poderia ter sido diferente se eu não tivesse dado ouvidos para a mãe de Vicent.
Ao menos, fico feliz por saber que Vicent o entregou a uma boa família e que eles permitem que tenhamos contato com ele — mesmo que eu não tenha tido coragem ainda de ir vê-lo, pois tenho medo de quere-lo de volta —, e acima de tudo, damos a ele uma boa vida. Seus pais eram simples e nós mandamos uma quantia boa de dinheiro para que ele possa viver uma vida tão boa quanto a de Matteo.
Vicent não ia mais atrás de mim e não contava com a minha volta para casa. Eu poderia nunca ter voltado e provavelmente me perguntaria com seria a minha vida se eu tivesse ficado. Fico feliz por ter descoberto, por ter voltado e tenho ainda mais certeza de que sou plenamente feliz!
— x —
Eu estava sentada na cama, encostada na cabeceira — que Vicent tinha decidio instalar a pouco — com um livro em mãos e um travesseiro nas costas. Meus pés estavam cruzados um sobre o outro. Virei a página, começamdo a ler o primeiro parágrafo, antes de observar Vicent saindo do banheiro, com o peito molhado e pingando.
— Você demorou tudo isso e ainda saiu molhado? — Franzi o nariz, em desgosto.
— Qual é o problema? Esse homem te deixa excitada? — Soltei uma risada alta, jogando a cabeça para trás.
— Definitavamente. — Murmurei, dando um sorriso brincalhão. — Vá se secar, eu não quero ficar molhada.
— Ah, qual é... — resmungou, fazendo pose com as duas mãos na cintura. — Vê se esse homem não parece um herói de cinema...
— Sim, Super Man! — Revirei os oolhos. — Agora, vai se secar e vem deitar.
Ele resmungou algo antes de entrar no banheiro, segundos depois, voltou seco!
— Pronto, minha kryptonita, vamos dormir! — Ele engantinhou até mim, me puxando para um abraço. Soltei o livro, que caiu no chão.
— Kryptonita é? — Murmurei, dando uma risadinha' baixa. — E porque?
— Você é a única fraqueza que eu tenho, querida. — Ele me deu um selinho.
— Isso é r**m, não é? — Fiz bico. — A krypto só é usada para fazer o m*l ao superman.
— Sim, é! — Ele riu fraco. — Vou reformular, então.. — ele fez uma cara pensativa. — Você é a minha... Lois Lane!
— Ah, ai eu gosto. — Segurei seu rosto e o beijei. — Mas, agora.. precisamos conversar!
Ele suspirou e fez um bico, seus dedos puxaram uma mecha do meu cabelo e ele começou a enrolar nos dedos, calmamente. Suspirei pesadamente.
— Pode falar. — Ele não me encarou nos olhos, como quem já esperava que eu falasse algo assim, será que Vicent esperava?
— Eu... você sabe que as coisas que a máfia disse, eles nunca foram a fundo sobre a vida dupla do meu pai, sobre Kade, sobre a sua mãe conhecer o Kade... — engoli em seco. — Eles não foram muito a fundo sobre nada e eu estou, realmente, muito curiosa. — fiz uma pausa. — Queria saber se você permite...
— Não tenho que permitir que você faça nada... — ele murmurou. — Conversamos sobre isso, somos um casal e você não vive presa a mim, você é livre!
— Não estou pedindo ao meu marido, estou pedindo ao chefe da máfia. — Falei, séria. — Se ele me permite investigar algo ou se a máfia ainda está pensando em algo para fazer sobre isso.
— Então, sim.. — ele me encarou. — Permito! Mas, você não pode deixar isso afetar a gente, Isabela, isso não pode estremecer a nossa vida a dois e nem a nossa familia, entendeu? Se não, eu sou capaz de proibir, não como Vicent, como Don!
— Sim... — dei um meio sorriso para ele, e puxei seu rosto, fazendo com que seus lábios tocassem os meus. — Eu te amo!
Ele relaxou sobre a cama e passou o dedo pelo meu rosto, puxou-me para mais perto e juntou nossas bocas.
— Eu amo você, mais ainda. — Sorri, o abraçando.
— X —
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