Prólogo

1072 Words
ATENÇÃO: Direitos autorais reservados! Não copie, não se aproprie do trabalho alheio! É triste ter que escrever isso, mas todos nós sabemos que, infelizmente, existem pessoas desonestas até aqui... No mais, Obrigada a todos! Bjks ********************* Zona periférica da cidade: — Bruno! Bruno!— Júlia correu na direção do irmão, que brincava com os amigos na calçada em frente a humilde casa onde moravam. Assim como Júlia, Bruno estava vestido com roupa formal de cor escura, adequada para a missa de sétimo dia. A irmã da mãe deles, que chamavam de tia Lúcia, estava morando com eles desde o acidente. Eles não sabiam o que havia acontecido com os pais deles. Como eram apenas crianças, ninguém se deu ao trabalho de lhes informar nada. Tudo o que sabiam era que seus pais haviam morrido e que tia Lúcia se tornou responsável por eles. Bruno estava extremamente irritado, pois havia encontrado tia Lúcia revirando os pertences de sua falecida mãe com um sorriso enorme estampado no rosto. Ela parecia estar contente por tomar posse dos poucos bens materiais da falecida irmã. Quando Bruno a viu sorrir ao colocar o anel que a mãe dele havia prometido à Júlia, ele correu na direção dela e tomou o anel, correndo para a rua. Pouco depois, Lúcia foi atrás dele, acompanhada do namorado, Antônio. A consequência das ações de Bruno ficaram registradas na forma de um olho roxo e o lábio inferior cortado, além de marcas de mãos espalhadas pelo corpo. Mesmo com a surra que havia levado, ele não se arrependia. Por mais que batessem nele, nada o faria revelar onde havia escondido o anel. Embora fosse apenas um menino, Bruno sabia que tanto tia Lúcia quanto Antônio eram dois sanguessugas... — Que foi, Júlia?— Bruno se afastou dos amigos para dar atenção à irmã, afinal, ele sabia que ela era tudo o que ele tinha no mundo. — Você vai mesmo embora?— Ela perguntou de cabeça baixa. — Eu não vou à lugar nenhum, cabeça de abóbora! — Mas eu ouvi tia Lúcia falando com tio Antônio que- — Ele não é nosso tio! Ele não é ninguém, é melhor que você fique longe dele! — Ele bateu em você de novo? — Júlia perguntou com os olhos arregalados, finalmente reparando nas marcas de agressão no rosto do irmão. — Não se preocupe comigo, Jú, eu já estou ficando bem grande! Vou crescer igual ao papai e então eu que vou dar uma baita surra nele! — Ele falou que você é um deli... delimente.. — Delinquente ? Ele sempre me chama desses nomes...—Bruno chutou uma pedrinha que estava no chão para longe da calçada. — Mas ele falou isso para o moço que está lá dentro com eles. Tia Lúcia disse que você vai embora amanhã. — Que moço? — Não sei o nome dele, tia Lúcia me mandou sair de lá. Ele vestia um roupa azul e na camisa tinha as letras A. M. J. C.... — Ela disse devagar em um esforço para se lembrar dos detalhes. — Hm... Deve ser mais um amigo bêbado deles. Melhor você não voltar pra lá! — Mas você não vai embora, vai? Por favor, Bruno, não me deixe sozinha aqui com eles... Por favorzinho... Se você for, me leve com você! — Eu não vou à lugar algum, Jú! – Afirmou Bruno franzindo o cenho. — Promete?— Pediu Júlia, sorrindo aliviada. — Prometo! Respondeu Bruno, sem saber que não teria como cumprir a promessa... ********** Zona Nobre da Cidade — Está na hora de ir, Gustavo! Pegue suas malas, o motorista está te esperando! — Gritou impaciente, Orlando, pai de Gustavo. Todos os jovens do s**o masculino da família Spanier frequentaram a Academia Militar para Jovens Cadetes (A.M. J.C). Um costume passado de geração em geração. Orlando estava orgulhoso por mandar o único filho para a mesma academia que ele, seu pai, seu avô, e tantos outros antepassados frequentaram e marcaram presença com prêmios, troféus e medalhas de honra. Enquanto aguardava o filho se arrumar, Orlando admirava os seus próprios troféus, cuidadosamente arrumados em uma prateleira, sobre a lareira do amplo e luxuoso salão principal de sua residência. Sorriu orgulhoso de si mesmo com as lembranças de seus dias na academia. — Senhor Orlando, o jovem senhor Gustavo está chorando no quarto e se recusa a partir. — Disse Fernando, o mordomo da família. Fernando trabalhava na casa da família Spanier desde muito jovem, sendo muito apegado a todos, especialmente ao jovem Gustavo. Embora não demonstrasse ao patrão, compreendia o menino e era contra a matrícula dele em um colégio interno, tão frio e afastado. — Vou lá colocar um pouco de juízo na cabeça desse menino! Orlando subiu as escadas, irritado. Gustavo levantou da cama e usou as costas das mãos para enxugar as lágrimas que corriam pelo rosto, assustado, ao ouvir os passos pesados e firmes do pai se aproximando. — Pare de chorar, seja um homem! Qual o seu problema, garoto? Com certeza puxou a família de sua mãe! É um fraco, sempre foi um fraco... Gustavo não conseguiu conter o choro. Seu pai sempre deixava claro o quão decepcionante o filho era, o quanto desejava que fosse diferente e culpava a falecida esposa pela imperfeição do herdeiro. — Esse internato é uma tradição em nossa família e tornará você um homem! É uma honra frequentar essa academia! Lá você vai aprender o que é ser um homem de verdade e não o moleirão em que sua mãe te transformou! Vai me agradecer um dia! O discurso de Orlando continuava, e por mais que o filho tentasse argumentar, Orlando nem sequer o ouvia. Gustavo ficou tão aflito com os gritos do pai que sua respiração se tornou irregular e as bochechas se avermelharam. O mordomo correu e pegou a bombinha de Gustavo, se ajoelhou e entregou ao menino. Gustavo posicionou a bombinha em sua boca e pressionou o gatilho. Aos poucos sua respiração voltou ao normal. Senhor Orlando olhou para o filho e Gustavo enxergou decepção pura nos olhos do pai. Depois de alguns minutos, quando se sentiu minimamente melhor, ele, de cabeça baixa, pegou a última de suas malas e desceu as escadas sem dizer nada. Sabia que o pai não lhe daria ouvidos e decidiu, então, aceitar seu destino: Ser mais um m****o da poderosa e rica família Spanier a frequentar a A.M.J.C.
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