Sinopse
Ana Cláudia foi criada apenas pela mãe.
O seu pai morreu vítima de acidente quando ela tinha 3 anos de idade.
Ana lembrava - se pouco dele, mas as fotografias que a mãe tinha em casa ajudavam.
Alice a sua mãe também contava muitas estórias sobre ele e o tempo que ficaram juntos e felizes.
Com um imenso talento para a arte Pasteleira, Alice ensinou tudo o que sabia para a filha, e estes ensinamentos serviram de inspiração para que Ana Cláudia se formasse em Gastronomia, mas sendo a Pastelaria a sua Área de actuação.
Antes mesmo de terminar a sua formação, Ana Cláudia descobriu estar grávida de seu namorado Márcio, que após receber esta notícia, desapareceu abrindo mão da sua responsabilidade.
Um ano após o nascimento da pequena Pérola Cláudia Rodrigues, Ana recebeu na Pastelaria a visita da mãe de Márcio que a conhecia bem.
Ela fazia algumas contas, quando Elena que atendia os doces foi ter com ela.
- Ana! Tem uma mulher que deseja falar com você.
- Ela disse o nome?
- Sim. É a Dona Lurdes. Disse ser a mãe do Márcio.
Ana Cláudia parou o que estava a fazer e foi ter com a mulher. Quando a viu não a reconheceu e ficou preocupada.
Aquela não era a Senhora Lurdes de quem ela lembrava. Estava magra e com o cabelo todo grisalho. Também estava toda de preto e o seu ar era de uma tristeza permanente.
- Senhora Lurdes?
- Ana! Olá minha querida.
- Olá! A Senhora está bem? O que aconteceu? Sente - se por favor.
Vou pedir alguma coisa para a Senhora comer.
- Eu agradeço. Sai de casa cedo demais para comer.
Após fazer o pedido, Ana Cláudia foi sentar ao pé dela.
- Me conte o que aconteceu por favor.
O Márcio voltou para casa?
- Não filha! Ele foi embora e já não volta.
- Como assim?!
- O meu filho nunca foi bem comportado desde criança. Eu o estraguei com mimos. E quando ele sumiu há alguns meses, achei que fosse só por causa dos problemas com dívidas.
- E não foi por isso?
- Não. Eu soube que ele começou a participar de corridas ilegais realizadas de madrugada. Mas, na última corrida a polícia apareceu e numa tentativa desesperada de fuga, o carro dele capotou e ele não....Ele morreu na hora. O meu filho está morto Ana Cláudia.
Se não estivesse sentada com certeza Ana Cláudia iria cair após ter recebido aquela notícia.
- Morto?! O Márcio está morto?
- Sim. O funeral foi há seis meses.
Eu não sabia como entrar em contato com você. Ficamos tão desesperados que quando percebemos o tempo passou.
- Eu entendo. E sinto muito.
Nós terminamos de uma forma difícil, mas não desejava algo assim para ele.
- Eu sei minha querida. Você é boa demais para isso. Mas, o meu filho me contou sobre a tua gravidez.
Tenho um neto ou uma neta?
Ana Cláudia respirou fundo. Não queria magoar nem mentir para a mulher.
Pegou na mão dela e respondeu.
- Eu perdi o meu bebê antes mesmo de saber se seria menino ou menina.
- O Quê?! A sério filha?
- Sim. Foi um momento muito difícil.
Demorei para superar, mas o trabalho tem me ajudado.
- Eu entendo a dor que sentiste.
Lamento imenso.
- Está tudo bem. Agora a Senhora precisa se alimentar.
- Obrigada. Eu também vim para me despedir. Vendemos a casa e com o dinheiro vamos viajar. A minha irmã está a morar sozinha numa mansão em Itália.
- Tudo bem. Com certeza essa mudança de ares vai ajudar.
- Acredito que sim. Tenho sobrinhos e netos cuja companhia vai me fazer esquecer um pouco a minha dor.
Sentirei saudades.
- Eu também Dona Lurdes. A Senhora sempre me tratou muito bem.
Uma hora mais tarde Ana Cláudia despedia - se dela.
Não contou sobre a sua filha porque não queria mais laço nenhum com a família de Márcio. A sua bebê tinha apenas um ano de idade. Ela teria um pai de verdade para ser amada e valorizada.
Márcio a abandonou m*l soube da gravidez, e por isso Ana Cláudia decidiu que seria a pessoa mais presente na vida da sua menina.
O seu coração estava trancado para o amor, e agora ele só teria espaço para amar a sua menina.
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Ana Cláudia entrou em casa e foi lavar as mãos. Pérola estava a começar a caminhar e ela percebeu pelo som que brincava com a sua Avó.
- Olá Mamãe.
- Olá filha. Boa noite.
Como foi o dia?
- Pesado! Tive uma visita. Mas antes de contar quero beijar a minha filha.
- Mamã! Mamã.
- Olá meu amor. Senti tantas saudades.
Mais tarde quando a menina já dormia, Ana Cláudia foi sentar ao pé da mãe e contou sobre a visita de Lurdes.
- Você mentiu filha.
- Eu sei Mamãe. Não quero que a minha filha saiba deles. Ela terá um sobrenome paterno, mas não será o do Márcio.
- Esta é a tua decisão?
- Sim Mamãe. Está decidido.
- Tudo bem. Então eu vou te apoiar.
Somos uma família e nada vai mudar isso.
***********5 ANOS DEPOIS*********
Pérola foi mais uma vez diante do espelho para verificar se o seu uniforme estava bem posto. A menina estava ansiosa pelo seu primeiro dia de aulas e não conseguiu dormir.
Desceu já com a sua mochila e deixou na cadeira.
- Bom dia Mamã.
- Bom dia filha. Preparada para o primeiro dia de escola?
- Sim. Vamos sair agora?
- Ainda é cedo demais. Primeiro vamos tomar o café da manhã, e ainda tenho que preparar o teu almoço.
- A Senhora tem mesmo que me levar?
- É claro que tenho.
Preciso conhecer a sala, a professora e toda a direcção do Colégio. Além disso, também preciso de tratar o assunto do transporte.
Você entendeu?
- Sim Mamãe. Eu quero fazer muitas amigas. Assim terei quem convidar para o meu aniversário.
- Isso mesmo meu amor. Termina de comer. O almoço está arrumado. Vou pegar a chave do carro e a minha bolsa.
A mãe de Ana Cláudia já tinha saído para abrir a Pastelaria de nome O MEU CORAÇÃO É TEU. Alguns clientes que já eram habituais costumavam chegar cedo demais para o café da manhã.
- Onde está a Vovó?...- Pérola perguntou quando a mãe voltou.
- Ela já foi trabalhar. Mas, farei fotos e um vídeo para que ela possa ver.
- Está bem Mamãe.
Às 7 e meia Ana Cláudia estacionava o carro diante da escola. Havia muito movimento e ela gostou de ver que não era a única mãe preocupada.
Após deixar a filha na sala, ela saiu e viu um homem de terno tentando convencer a filha a entrar na sala. A menina chorava muito e ele já estava sem saber o que fazer.
- Eu não quero entrar Papai.
O Senhor também vai me deixar como fez a mamãe.
- Eu nunca deixaria você filha. Te amo demais para isso.
- A gente ainda vai àquela Pastelaria que a Vovó gosta muito? A que tem um nome de coração?
- É claro que vamos. Eu prometo.
Já deixei de cumprir uma promessa?
- Não. O Senhor nunca fez isso.
- Exactamente meu amor. Agora entra está bem? Não quero que percas o começo da aula.
Ana Cláudia sorriu ao ver que o homem teve muita paciência ao falar com a menina. Via - se de longe que era um pai bastante carinhoso.
Quando a menina finalmente entrou na sala, o homem também a viu e sorriu fazendo um gesto de cabeça.
- Bom dia! A Senhora é professora daqui?..- Ele aproximou - se.
- Bom dia! Não. Eu vim deixar a minha filha.
- Que óptimo. Em turma ela está?
- Da professora Ester.
- É a mesma da minha Melissa. Nossa! Que educação a minha. Nem perguntei o seu nome.
- Ana Cláudia Rodrigues! Prazer.
- Igualmente! O meu nome é Vitório Alexandre de Lombardi. Eu espero voltar a ver você. Mas preciso ir agora ou não terei como passar a tarde com a Mel.
- Eu entendo. Até breve Vitório.
Ela também foi embora. Há muito tempo que não prestava atenção num homem, pois achava que todos eram como o pai da sua menina.
Pensou na possibilidade de ter uma amizade com Vitório.
As meninas também podiam ser amigas. Afinal. Pérola precisava mesmo de conviver com outras crianças, e pelo que viu Melissa era muito bem educada.
Será que a mãe aceitaria uma amizade entre as meninas?
Ana Cláudia foi trabalhar e decidiu não pensar mais no assunto.
Mas, as surpresas só estavam a começar para ela e Vitório.