Atenção.
O conteúdo desta obra dispõe de 3 livros juntos. Para não passar pela chateação de procurar as continuações, todos estão juntos aqui.
27 anos antes da história de Helena, Lorenzo e Augusto …
Confissão de Martin Bragança sobre Catarina, sua grande paixão:
Durante toda a minha vida eu fui apaixonado por Catarina.
Ninguém além de nós sabia dessa paixão.
Ela sempre foi maravilhosa. Tão gentil, doce e inteligente!
Seus olhos azuis sempre estavam brilhando, por tudo e para todos e aquele sorriso lindo em seus lábios, Deus, quantas vezes quis poder beijá-los e quantas vezes eu consegui.
Mas infelizmente, as coisas saíram do meu controle. Eu deveria ter dito “não” aos planos de meus pais, mas estava tão deslumbrado com a ideia que futuramente poderia conquistar Catarina, principalmente ao ouvi-la falando para um dos meninos que nunca se casaria, que acabei deixando os meus pais me casar com Nádia, que era interessante, mas não como Catarina.
Eu achei que Catarina não ficaria com ninguém em respeito aos sentimentos que tinha por mim.
Assim que o ensino médio terminou, ela viajou, sonhando, para estudar fora. Eu tive a certeza de que seu foco nos estudos não a deixaria se interessar por outro. Enquanto isso, Nádia já carregava nosso primeiro filho, Lorenzo, e eu, me arrependia de ter deixado Catarina escapar de mim.
Houve momentos em que fiquei com Catarina, mas ela não me deu chances de propor um relacionamento duradouro. Talvez tenha sido por isso também, que não consigo esquecer essa mulher.
Ela voltou.
2 anos depois ela voltou e eu fui atrás dela sem pensar duas vezes.
Catarina é como uma sereia. Ela hipnotiza os homens e os leva para a perdição. E eu estou perdido por ela.
Pensei que depois desse tempo eu poderia ter esquecido dela, mas não, meu desejo só aumentou.
Nunca contei sobre meu casamento com Nádia. Foram muitas noites de amor que vivi com Catarina mesmo sendo casado. Quando ela estava em meus braços, sentia que era minha. Somente minha. Completamente minha.
A encontrei novamente esta noite. Assim que entrei no quarto, fui abraçá-la como sempre, mas ela parecia chateada e nem descruzou os braços para retribuir o abraço.
— O que foi, meu amor?
Ela me olhou com mágoa, rancor, nojo... — Você é casado.
— O que? — minhas sobrancelhas saltaram.
Como ela descobriu isso? Meu casamento é desconhecido para a maioria das pessoas!
— Martin, não mente para mim. Você é casado desde quando? — franziu o cenho, indignada.
Respirei fundo para contar toda a verdade. Eu a amo tanto que não quero mais mentir sobre isso.
— Desde o ensino médio, Catarina, mas foi só um casamento arranjado, somente negócios. Você sabe que eu amo você.
Ela balançou a cabeça em negação. — Me ama? — perguntou irônica. — Como você tem coragem de dizer isso pra mim? Eu não quero mais te ver! Você tem filho! Você tem um filho e nunca me contou!
— Eu queria te contar... mas...
— Não, chega! — estendeu o braço para mim e se afastou. — Você se importa tanto comigo que mentiu pra mim esse tempo todo!
— Catarina, eu te amo tanto. Eu já disse e repito: Eu não amo aquela mulher. Eu estava esperando você voltar. — tentei me aproximar dela.
— Se você não a ama, porque ainda está com ela? Você só está me usando! Você deveria me esquecer, é isso, eu não quero mais saber de você. Não sou mulher de ter caso com homem casado e você sabe muito bem disso.
— Você não me ama, Catarina? Podemos superar todas as barreiras juntos.
— Não coloque o seu casamento de barreira. Nessa história a barreira sou eu. Eu estou no lugar errado, no lugar de amante. — os olhos dela se encheram de lágrimas. — Eu e você não temos nada pra superar juntos. Você está casado há muito tempo e já tem até filho.
— Eu deixo tudo pra trás, por nós.
— Você está louco?! — ela arregalou os olhos para mim. — Não quero ser motivo de separação de nenhum casal, nem o motivo da infelicidade de nenhuma outra mulher. Você já deixou uma mulher infeliz, eu. — ela respirou ofegante e eu não sabia mais o que fazer. — Sabe por que eu nunca te dei esperanças de um futuro juntos, Martin? Porque eu sabia que no fundo, no fundo, você se casaria com uma garota rica, teria uma vida rica, como a sua família deseja. — ela se aproximou da porta.
— Catarina, não posso ficar sem você. Eu faço o que você quiser. Eu abandono a minha família, eu deixo a minha mulher, deixo o meu filho para ficar com você. Não me deixe. — implorei desesperado.
— Abandonar sua mulher? — ela riu sarcástica. — Você é louco?! Eu não quero saber mais de você! Não me procure mais! Martin, já chega. Cansei de ser usada por você! Esse tempo todo, sendo feito de trouxa... você queria somente se divertir comigo.
— Catarina, se você tivesse falado que aceitaria todas as vezes que eu tentasse ficar com você, de verdade, eu passaria por cima dos meus pais, não teria me casado, por você. Teria ficado com você.
— Eu não desistiria dos meus planos para viver nas regras da sua família, Martin. Agora eu vou embora. — ela abriu a porta. — Não me procure mais. Por favor. Nunca mais.
[...]
1 ano e meio depois...
— Hora do jantar. — Nádia passou em frente a porta, com seu mau humor de sempre.
Sebastião, filho dos empregados de meu pai e também empregado, que me serve como amigo, me contou uma história intrigante e isso me fez refletir por um longo tempo ali na mesa do meu escritório.
Segundo ele, Catarina casou-se com outro e tem uma criança de 9 meses.
Como ela pôde se casar com outro, depois de tudo o que eu disse a ela? Depois de dizer que deixaria tudo e todos por ela?
Depois daquela noite, quando ela me abandonou, fiquei extremamente magoado. Mas não imaginei que ouvir que ela se casou me magoaria mais ainda.
9 meses... Uma criança de 9 meses, sendo que ela se encontrava comigo há 1 ano e meio atrás. Essa criança só pode ser minha.
Ela não pode ter arranjado outro logo depois que me deixou!
Essa criança é minha e está sendo criada por outro. Eu não aceito isso.
Se Catarina não quer ficar ao meu lado, prefere outro, depois de tanto me magoar com suas palavras, eu aceito a sua decisão. Mas a minha filha fica comigo.
Não permitirei que ela seja criada por outro.
Durante o jantar, eu não conseguia pensar em outra coisa. Sebastião me disse que ela estava em Esmeralda e que agora viveria aqui novamente.
Eu vou encontrá-la e tomarei minha filha.
[...]
Dias depois... Numa noite de lua cheia...
Pode parecer loucura, mas tenho acompanhado os passos de Catarina. Ela, como mãe, está mais linda ainda. Eu tenho muitos sentimentos por ela, mas toda vez que a vejo com aquele outro homem, um pouco do meu amor se transforma em ódio. Eu o vi com minha filha nos braços.
Como Catarina pôde? Por que ela não me procurou e falou da nossa filha? Nessa noite, a segui de carro pela estrada do jardim. Ela vinha da casa de campo de alguém no interior em direção a cidade e eu a segui.
Tentei acompanhá-la e quando consegui, dei sinal para que parasse o carro. Ela parou perto da ribanceira.
Parei o meu carro e saí decidido a pegar a minha filha, por bem ou por m*l.
— Martin? — ela desceu do carro assustada.
— Cadê a minha filha?
— Que filha?
— A minha filha, Catarina. A filha que você teve e não me contou! — a tirei da minha frente e abri a porta do carro dela. A bebê estava na cadeirinha.
A criança é linda. Deixei as emoções de lado e foquei em tomá-la.
— Você tá louco?! — ela me empurrou, quando eu abria o cinto da cadeirinha. — Ela não é sua filha!
— Claro que ela é minha filha, Catarina! — a empurrei de novo, mas ela já estava com a criança no braço.
— Você não vai pegar a minha filha! — abraçou a menina com força e a bebê chorou.
— Me dá a minha filha, Catarina! — puxei seus braços e ela não soltou. Segurei na criança então e a puxei. Eu estava com os nervos à flor da pele.
— Solte a minha filha! Ela não é sua, Martin! — puxou a criança.
A sacodi, na intenção de ela soltar a criança e ela deu passos atrás e logo em seguida seu corpo também foi para trás, me puxando junto.
Rolei pela ribanceira até bater numa árvore e logo em seguida senti meu olho esquerdo ser dilacerado. Uma terrível dor me acometeu e quando toquei no lugar, havia um pedaço de graveto enfiado nele.
Abri o olho são e tentei me localizar.
Cães latiam muito e não consegui ver onde Catarina estava.
Ouvi a voz de um homem, gritando pela mata.
Subi a ribanceira e entrei no carro, com a dor me corroendo, dirigi até o hospital. Depois disso, só me lembro de ouvir que estava cego do olho esquerdo e no noticiário falavam sobre o acidente de uma jovem e seu bebê.
Catarina está morta e a culpa é toda minha.