Capítulo 4

1753 Words
Arthur Ribeiro... Desconfiado, era assim que me sentia. O Rangel enrolou para dizer em qual agência conseguiu a acompanhante, a mulher que vai comigo a esses jantares tem de ser exuberante ao ponto de ludibriar o Vargas, deixar o homem tonto de tanta beleza. Não dar para ser apenas comível, tem de abrir o apetite de todos que olham. Depois da desconfiança, veio a irritação pelo atraso da "noiva", prezo pela pontualidade, odeio esperar. Com o meu assessor na linha, reclamava dos oito minutos de atraso da mulher. "Senhor cada minuto valerá a espera, acabei de chamá-la no vídeo e a mulher está simplesmente estonteante..." Enquanto Rangel falava, o elevador se abriu, confesso que já não ouvia nada, só conseguia olhar o rebolar sutil do quadril que vinha a minha frente. "Rangel, a modelo por um acaso é uma irmãzinha de côr?" "Sim, ela é n***a como o senhor. Não me deu restrições, só me disse que tem de ser gata." "Fica frio cara, estou gostando do que estou vendo." Desliguei o telefone e pus no blazer. Fiquei olhando o baita mulherão se aproximar, a roupa era um pouco comportada, contudo, só uma burca taparia o baita corpaço da mulher que vinha a minha frente. Como dizem os colombianos... és una noventa sesenta noventa, aqui chamamos de gostosa, filha da p**a mesmo. Os olhos castanhos combinavam com o tom bronzeado natural da pele. Graúdos e expressivos, ela para a minha frente com olhar e postura empafiosa. — Boa noite! — Não é a toa que dizem que a grande defesa é o ataque, essa era a maneira dela disfarçar o seu atraso. — Não vai abrir a porta cavalheiro? Não deixaria barato. — Boa noite, nossa! Temos uma dama a moda antiga. Desculpa a falha, estou acostumado com as feministas dos tais direitos iguais, elas não ligam para esse tipo de tratamento. Ela não responde e assim que vira de costas, percebo que a roupa não era tão comportada assim, meu olhar desceu por toda a nudez daquelas costas, passeei com as pupilas até chegar a um pinta bem na curva da cintura, mas o decote seguia descendo até a lordose perfeita e mais um pouquinho de decote,eu conseguiria ver a entrada do corredor da alegria. Abri a porta do carro, ela entrou e fechei em seguida. Assim que entrei no lado do motorista, dei a partida. Voaria até o restaurante chinês Sr Lang, odeio atrasos e farei de tudo para chegar no horário. Não esperaria a lerdinha pôr o cinto, o tempo que entrei no carro já era para ter feito. Assustando a mulher, me debrucei sobre ela, puxando a fita larga e de tecido grosso. O cheiro dela era bom, aliás era muito bom. Assustada com minha atitude inesperada, ela se encolheu para trás ao máximo, quase se fundindo ao banco de couro claro, tentando evitar que eu a tocasse, mas era quase que impossível. Teve um roçar de pele, e se a piroca lateja dentro da minha calça, tenho certeza que o bico do peito dela está durinho de tão arrepiado. Encaixei o cinto de segurança, tinha que me apressar, agora não é a hora da p*****a e sim do trabalho,só depois do jantar, eu como essa p*****a. Yve de Paula... E eu que fiquei com medo que o misógino me reconhecesse. Que tola, no dia da entrevista ele só me olhou quando o xinguei de i****a. Além do más, como Rob diz, mesmo que ele esteja exagerando, sempre estou fantasiada de Betty, a feia. Fiquei assustada quando ele se debruçou em cima de mim, estava pronta para dar-lhe uma joelhada, depois percebi que ele apenas queria que eu colocasse o cinto. "Não seria melhor ter me pedido?" Assim que a sua pele roçou na minha e senti seu hálito quente sobre mim, meu corpo logo se alarmou em arrepios do ranço que sinto desse homem. Sorte que foi bem rápido, estava claro que ele tinha pressa. Arthur Ribeiro dirigia feito um louco, concentrado no trânsito e totalmente calado, nem perguntou o meu nome. Mas que bom, ao menos não tenho desprazer de ouvi-lo. Ele chegou a entrada do restaurante, ao parar, de pronto um homem de terninho ficou esperando que Arthur desembarcasse. Iria meter a mão na maçaneta para descer, a voz do homem me impediu. — O manobrista irá abrir para você assim que eu descer. — Ah ok, perdão! — Me desculpo — Não sabia. — Lá dentro, apenas sorria e seja simpática. Evite falar o menos possível. Nesse jantar é apenas uma peça a ser exibida, como já faz na sua profissão de modelo. Meu Deus! Que i****a!— Tudo bem, o senhor é quem manda. — m*l ele sabia que estava me fazendo um favor, provavelmente estarei rodeada de idiotas soberbos, o melhor mesmo era não interagir. — Também não me chame de senhor. Você é bem diferente das modelos que me serviram de acompanhante, a maioria já chegam parecendo ter i********e comigo. Me chamando pelo primeiro nome, Arthur. — Ok, Arthur! — E o seu qual é? — Paula. — O respondo e finalmente Arthur Ribeiro desce do carro. Como ele disse, o manobrista abriu a porta do carro e assim eu desci. Ajeitei o macacão que amassou um pouco, ele me deu o braço para entrarmos no restaurante e seguimos para o interior do estabelecimento. (...) Havia passado uma vez pelo lado de fora do restaurante Sr Lang, tive a impressão de ser um lugar caro, observando pelo lado dentro, não é apenas um lugar caro, é um ambiente para magnatas. Todas as mesas em madeiras, com a aparência de novas, os assentos eram estofados, na cor bege e bem cuidado. A louça bem posta sobre a mesa eram de vidro fino e porcelana vermelha. Logo percebi quem seriam os executivos do jantar. A irmã esnobe do meu digníssimo chefe, Ziza Ribeiro, para mídia é a simpática bairrista, a relações públicas da beleza Black, mas na realidade é uma chuta pobre, como a maioria dos ricos. O marido dela c*****o e mais um casal na mesa que não faço a menor ideia de quem seja. Assim que chegamos, fui apresentada a todos, o homem que não conhecia, se chamava Vargas, creio que seja o antigo sócio da Beleza Black, tinha uma vaga lembrança desse nome. A mulher com ele Sabine, era uma loira alta e linda, de certo uma acompanhante como eu. Sendo que ela com certeza não foi improvisada. Vargas segurou minha mão, mais tempo que os demais e beijou a parte de cima bem devagar. — Bela morena Arthur, dessa vez se superou. — Sempre me supero. — O "Si Ou" convencido responde de imediato. Com sorriso nos lábios, corrijo o homem que não soltava a minha mão. — Morena não, n***a senhor, com muito orgulho. — Gostei dela Irmão, tem personalidade, não é uma das samambaias que costuma trazer. — Pensei que fosse um elogio da Ziza, até ela dizer. — Essa deve ser outro tipo de planta, a carnívora. — Amor!!! — é repelida pelo próprio marido. — Para Gil, só disse a verdade. Tinha que ouvir tudo aquilo e ficar com cara de paisagem. Fazer o que? Se estava bem paga para ouvir tamanhas idiotices. — Fica tranquila irmãzinha, se a planta for comer algo, será meu, não seu. Por isso não se preocupe. — Ziza ensaiou a continuar o assunto, o irmão a cortou trocando o assunto. — Vocês já pediram? — Enquanto com uma mão se apossa do cardápio, com a outra desabotoa o terno. — Não irmãozinho — responde debochada — estávamos esperando você. Mas a maioria aqui quer comer uma coisa diferente. — Por mim tudo bem! Cada um pede o seu. Estavam acostumados com aquele restaurante, rápido escolheram o que comer. Eu nunca pus e provavelmente não voltarei a pôr meus pés em um lugar como esse. O valor de um simples prato na carta, é um quarto do meu salário. — Seja cavalheiro Arthur, a moça precisa de ajuda. — Vargas se pronuncia. — Acho um abuso ele dentro do nosso país, pôr um cardápio em chinês com essas letras esquisitas. — Reclama Ziza. — Mas esse é o marketing deles, trazer a China para o Brasil. Até essa irritação que senhora sente ao ver o cardápio em mandarim, lhe faz lembrar do Sr Lang. Ziza entorta os olhos, como diz:quem você pensa que é para me explicar de as suntos organizacionais? — Bela e inteligente! Digo novamente Arthur, dessa vez se superou. Aquela situação para mim, estava ficando constrangedora, cada vez que Vargas me elogiava, parecia depreciar a mulher que o acompanhara. Pelo visto somente eu me importava, pois Sabine não saia do celular e não estava nem aí para o que se passava a sua volta. Arthur me olhava de expressão fechada e sobrancelha arqueada, sei que ele pediu para que ficasse calada, estava tentando, mas havia coisas que saiam de forma natural, afinal não sou uma planta. Ele pegou o cardápio da minha mão, e abriu na mesa entre mim e ele. — Olhe as figuras, são de pratos reais, caso não se sinta segura, peça Yakisoba, é infalível. Na hora de pedir o garçom, me chame ou simplesmente amostre a figura a ele. "Que amor ele era!" Prepotente e arrogante isso sim. — Ok, obrigada! Eles voltaram a conversar descontraídos, creio que a conversa sobre negócios, só após a sobremesa, para o jantar não descer indigesto. Finalmente escolhi, hora de experimentar o prato chinês mais famoso. E de mostrar para eles como eu falo com o garçom. Levantei o dedo, logo o homem de olho rasgado se aproximou da mesa. Os executivos da Beleza Black conversavam, a não ser Vargas que me comia com os olhos e Sabine no celular, os demais estavam entretido na conversa, até eu começar a falar e eles voltarem sua atenção para mim. —Wǎn'ān, fúwùyuán! Wǒ huì xuǎnzé chuántǒng de. Kǎoyā dào běijīng. Wǒ zhǐshì qǐng nǐ ruǎnhuà jiāng zhī. "Boa Noite, garçom! Vou esvolher o tradicional. Pato à Pequim. Peço apenas que suavize o molho de gengibre." O homem se enverga para frente, como o costume oriental. — Hǎo de nǚshì! Suíxīnsuǒyù. "Tudo bem senhora! Ao seu gosto." Olhei para expressão de todos naquela mesa. Vargas, mais um pouquinho e sua baba escorria, Sabine no seu modo nem aí, Gilvan aparvalhado, Ziza a cara do despeito e o "Si Ou" misógino com cara de o****o, era assim mesmo que queria.
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