CAPÍTULO 1

1338 Words
Dakota não entendia porque alguns mercados pegavam tantos rapazes bonitos para trabalharem no caixa. Eles precisavam ser bonitos para exercerem aquele cargo? Talvez ela só estivesse querendo um namorado. Dakota tem 27 anos e não tem um namorado, diferente de suas amigas que namoraram na adolescência e agora também namoram. Mas tanto faz. Quem é que precisa de namorado? Só é preciso amor próprio e sua gatinha de estimação. Dakota não podia negar que queria uma família, mas tem assistido a tantos filmes, séries e documentários de assassinos em série que encontram pessoas em baladas e pela internet, e depois as mata, que faz a pobre garota desistir de uma possível relação saudável. O celular de Dakota vibrou no bolso da calça. Ela não deveria deixar o celular no bolso de trás andando na avenida mais movimentada de São Paulo. Mas viver perigosamente tem sido uma coisa tentadora ultimamente. Não tão tentadora a ponto de sair com algum cara de algum aplicativo aleatório e com a possibilidade de acabar morta e comida por um canibal. — Então, Larissa , eu só entro no trabalho amanhã de manhã. Algo muito importante? — seu tom de voz era brincalhão. — Se tiver muito barulho, é porque estou na Paulista. — Tudo bem. É que eu queria saber se você pode me cobrir pelo restante do meu horário. Dakota se segurou profundamente para não suspirar fundo. Em contrapartida, almoçaria de graça no trabalho e não precisaria cozinhar seu próprio almoço. — Tudo bem. Eu vou só passar em casa pra trocar de roupa e já vou praí. — Eu te pago um jantar por isso! Ai, como eu te amo. Dakota riu, olhando para onde andava para não bater nas pessoas. Céus, parecia um mercado de peixe nesse horário. Pessoas indo e vindo, apressadas e sem tempo para nada e… palhaços. Jesus, Maria, José. Ela precisaria de uma opção rápida para escapar daqueles palhaços idiotas que ficam rondando a Avenida. — Larissa , escuta, vou brigar com você agora. — O quê? — Ela parecia confusa. Confusa com motivos. — Esses palhaços idiotas. Vou brigar com você pra eles não me seguirem. Assim que o palhaço começou a seguir Dakota, ela gritou com ele e com Larissa , e estava mesmo com raiva daquele cara. Uou. Só a cara que ela estava fazendo era suficiente para que o palhaço desistisse. — Pensando seriamente em me mudar para o interior. — Às vezes cogito a ideia. Larissa ficou quieta por um instante, Dakota entrou em outro assunto: — Ei, como ele está? Ela não precisava especificar nada. Larissa sabia bem de quem Dakota estava falando. — O BB-8? Muito bem. Dakota quase revirou os olhos. — Larissa , pare de chamar o garoto pelo nome de um robô de Star Wars. — Por quê? Não entendo porque você não gosta, é um elogio. BB-8 é o robô mais fofo de toda a saga, e ainda por cima soa como a palavra “bebê”, o que dá perfeitamente certo com um bebê de um orfanato, como se fossem numerados. Dakota suspirou, querendo não rir daquela observação. Larissa era um caso sério. — Ta. Tudo bem. É melhor do que o bebê que você batizou de Chewbacca. Ela fez uma careta ao lembrar daquele apelido para um bebê indefeso. Larissa tinha um péssimo hábito de dar apelidos de personagens de filmes e séries para as crianças do orfanato. — Ei, era um nome versátil! Ele até tinha um apelido. — Que por coincidência era o mesmo do personagem. Qual o próximo? Reylo? — Gatilho, sua desgraçada. Dakota riu com gosto. — Enfim, como o loirinho está? Você estava dizendo que ele estava muito bem e…? — Já já vai almoçar. Talvez você até consiga dar o almoço para ele. Ela sorriu grande. — Eu quero mesmo que isso aconteça. Ele é tão fofo e precioso. — Muito! Misericórdia, sinto vontade de apertar sempre que vejo aquelas bochechas enormes e aquele sorriso bangela. Amo quando ele sorri pra mim. — Eu também amo quando acontece. Queria que fossem mais rápidos com a papelada. E num instante, Dakota se sentiu murcha de novo. Estava tentando adotar o pequeno príncipe há meses, há 6 meses para ser mais exato, desde que ele chegou no orfanato. Dakota ficou encantada quando o viu pela primeira vez, uma conexão, algo que ela não sentia com os outros bebês que chegavam. — Bom, estão agilizando por já te conhecerem, as crianças te amam e ele já te tem como a mãe dele. — Eu estou sendo doida por fazer isso sem arrumar um namorado que queira ter uma família? Por que se já é difícil arranjar alguém que queira te assumir junto com um filho biologicamente seu, imagina com um adotado. — Mas ainda existem homens assim no mundo. Relaxa, quando o seu gorducho for seu, você vai entender que isso tudo tem a ver com amor. Dakota sorriu. Porque era verdade. Ela amava seu quase filho gorducho, e viveria com ele pelo resto da vida feliz. Ela desligou assim que entrou em seu bairro, caminhando o mais rápido possível até seu prédio. Precisaria tomar um banho rápido, se arrumar e torcer para o trânsito colaborar com sua chegada ao orfanato para que conseguisse dar o almoço para o pequeno. Para o seu pequeno Dominic. ෴ Dakota chegou na hora exata para cobrir Larissa e dar almoço para Dom . Ele estava no colo de uma das outras moças que trabalhavam ali, e assim que a viu, se animou. Dominic abriu um sorriso enorme, bateu os braços e as pernas, quase acertando a mão no rosto da mulher. Ele estava sendo segurado por ela com uma mão em sua barriga e a outra apoiando as pernas e o bumbum. Dakota andou até ele estendendo os braços e sorrindo, brincando com o menino que só ficava mais animado ao vê-la se aproximar. — Oi, meu amor! — deu um beijo na bochecha dele. — Não aguento mais ficar longe de você. Não vejo a hora de você ir pra casa comigo. Dominic tombou a cabeça no pescoço de Dakota, ela o abraçou e sorriu para a mulher em agradecimento. Caminhou calmamente por entre os brinquedos espalhados pelo chão, onde outras crianças também brincavam. Balançou Dominic nos braços enquanto batia levemente os dedos em suas costas. Sentiu quando ele começou a brincar com os brincos na orelha de Dakota, então sentiu a boca dele em seu lóbulo, lhe causando um arrepio imediato. Ela riu com a atitude dele, a fase de enfiar tudo na boca havia chegado, e agora até os brincos presos em sua orelha estavam para jogo. Sheila sorriu para Dakota, fazendo um carinho no cabelo de Dom assim que eles pararam na frente dela. — Você já é a mãe dele. Ele te ama muito. Dakota não pôde evitar o seu sorriso. Deu outro beijo em Dominic . — Não vejo a hora de tudo isso acabar. O quarto dele está lindo. Comprei brinquedos demais. Inclusive, eu trouxe uma naninha nova pra ele, tudo bem? Sheila comprimiu os lábios, mas sorriu em seguida. — Claro, tudo bem. Logo ele estará com você, então, por que não? — Obrigada! Estou ansiosa. Tem uma ideia de tempo que isso levará? — Não sei, querida. Estou agilizando tudo por ser você. Mas… se tudo der certo, pode ser que esse mês você consiga. O tom baixo que ela usara fez parecer um segredo, mas Dakota não se importou, ela olhou para Dominic e disse: — Ouviu, filho? Vamos ser uma família em breve! Dominic sorriu para ela. Dakota seguiu o caminho até a cozinha, a papinha de Dom já estava pronta. Ela o colocou na cadeirinha e começou a dar-lhe o almoço. Dominic estava se alimentando bem, e Dakota não podia parar de pensar em como queria repetir isso até que ele mesmo já pudesse se alimentar sozinho. Dakota sabia o que era amor de mãe sempre que olhava para Dom.
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