CAPÍTULO 3

1447 Words
Dominic estava estiloso para um almoço de domingo na casa do avô. Estava frio, então Dakota o vestiu com uma calça marrom e um casaco verde militar, além de uma touca da mesma cor. Deu a chupeta nova para ele, havia miçangas decorativas na linha amarrada que prendia na roupa para não cair no chão. Dominic já estava morando com Dakota há quase uma semana. Não era a coisa mais difícil do mundo, mas ela negociou nos dois empregos para ter um tempo em casa até se acostumar com o pequeno. O pequeno estava tranquilo quando ela o colocou no carrinho. A casa de seu pai não era muito longe, então preferiu não pedir carona para Dallas, mesmo que ele tivesse oferecido umas cinco vezes só nas últimas 12 horas. Dakota verificou Chicago, sua gata, duas vezes antes de sair. Só de manusear o carrinho, trancar o apartamento e olhar se estava tudo certo, ela já sentia como uma mãe lidava com tudo sozinha. Olhou Dominic piscando seus grandes olhos azuis em sua direção, ela sorriu para ele, agradecendo por ser uma manhã preguiçosa para ele, Dominic sempre ficava acomodado com dias nublados. Se tornar mãe a fez agradecer por muitas coisas, tal como ver que o elevador estava funcionando, já que descer as escadas com o carrinho deveria ser uma experiência péssima. No elevador, Dakota conferiu o clima mais uma vez, e ela deveria imaginar que São Paulo não deixaria barato, ele fazia questão de derramar sua chuvinha costumeira bem quando ela sairia a pé com um bebê de sete meses. Com um suspiro, ela apertou para ligar para Dallas. Ele não demorou para atender. — Deixa eu adivinhar: você percebeu que vai chover hoje e cedeu a minha ajuda. — Aff. — ela soprou. — Sim, por favor, estou precisando, mais por ele do que por mim. — Eu iria por você também, sabe disso. — Sei. E obrigada mesmo. Te devo uma. Dakota ouviu todos os passos que ele deu até chegar ao carro, destrava-lo e entrar. — Não deve nada, cala a boca. — ela podia ouvir o sorriso nas palavras dele. — Bom, estarei te esperando… — Não agradeça. Ela prensou os lábios uns nos outros. Era exatamente o que ela ia fazer. — Tá bom… Dallas soltou um riso nasalado e desligou. Dakota aproveitou o tempo que tinha para voltar até o seu andar e trocar o carrinho pelo bebê conforto. Ficava um pouco pesado para ela carregar, mas Dallas ajudaria nisso também. Refazer o caminho todo a fez pensar que aceitar a carona de Dallas antes era bem mais racional. Assim que ela saiu na rua, Dallas estacionou na frente do prédio. Dakota sorriu para ele ao entrar e sentar no banco de trás. — Como o meu sobrinho está? — Ele e a mãe dele estão muito bem, obrigada. E você? Dallas sorriu. — Tô bem. Quando o silêncio se instalou e o único barulho era Dominic chupando a chupeta e o trânsito de São Paulo, Dakota mordiscou a cutícula do dedão ao perguntar: — Ela está lá? Dallas sabia do que ela estava falando. De quem ela se referia. — Sim. E ela está namorando. — Com quem? — Dakota deu um sorrisinho: — É possível alguém que aguente ela além do nosso pai? O canto do lábio de Dallas repuxou, tentando conter um sorriso. — Pelo visto, sim. — E ele também vai hoje? — Sim. Eles querem assumir para o pai. — Vai ser um almoço em família bem acalorado pelo visto — resmungou, talvez ansiosa demais pelo o que aconteceria dali em diante. Parecia bom demais para ser verdade. (...) Dakota podia sentir mil e uma sensações passarem por seu corpo quando passou do portão da casa de seu pai. O sobrado com a tinta branca impecável, as vidrarias das janelas e das portas perfeitamente limpas. O gramado verde bem cuidado, se alguma planta estivesse secando, se qualquer folha de uma samambaia estivesse perdendo o brilho, algo estava errado naquela casa. Mas estava tudo muito correto e organizado. Joaquim estava na churrasqueira quando eles chegaram. O Golden que eles tinham, o Oberyn, correu o mais rápido que conseguia ao ver Dakota entrar. Ela sempre amou aquele cachorro, deu seu nome e cuidou dele o máximo que pode até o dia que se mudou. Oberyn cheirou Dakota, se ergueu e apoiou as patas na barriga dela para conseguir cheirar Dominic em seu colo. Dominic sempre foi muito esperto e curioso, não sentiu medo do cachorro, apenas esticou a mão e grudou em uma das suas orelhas. Dakota precisou soltá-la para que não puxasse e machucasse Oberyn. — Ei, Oberyn — fez um carinho em suas orelhas. — Como você está? Este aqui é o Dominic, meu bebê. Espero que vocês brinquem muitos juntos um dia. Joaquim parou o que estava fazendo para observar Dakota no meio do gramado. Ela passou por Oberyn ainda curioso, carregando seu outro curioso. Dominic nunca tinha tido contato com animais, ele só viu a sua gatinha por poucos minutos. Um cachorro do tamanho de Oberyn era uma coisa muito diferente para ele. Assim que Dakota parou na frente de seu pai, ele sorriu e abriu os braços para abraçá-la. Dominic soltou um resmungo ao ser espremido no meio de um abraço forte entre eles. — Você é o Dominic, hein? — Fez um carinho em sua barriga. Dakota o ajeitou e tirou sua chupeta para tentar ver se ele tinha alguma interação. Eram muitos adultos novos. — Vem cá com o vovô, minha joia. Dominic não reclamou quando Joaquim o pegou no colo. A primeira coisa que ele fez foi pegar uma mecha do cabelo de seu avô, como fazia com o cabelo de sua mãe. Joaquim estava encantado, não havia muito o que dizer. — Estou ansioso pelo dia em que vou ensinar ele a dizer vovô. Sem entender bem o que estava acontecendo, Dominic sorriu e olhou para Dakota, depois para Joaquim. — Você é o meu neto favorito, Dominic. Dakota soltou uma risada. — O senhor só tem ele de neto, pai — Dallas disse, sabendo o que ele diria em seguida. — Pois é. Você não quis me dar um neto, Dakota me deu. E ele é o favorito do vovô — ele ergueu Dominic, o fazendo soltar risadas gostosas de animação — Você é sim — o baixou e o ergueu outra vez, Dominic continuava a rir. Aquilo era tão bom de presenciar que Dakota passou um tempo só olhando. A vida seria mais divertida e tranquila se fossem só eles quatro e Oberyn, mas faltava uma pitada de perturbação. E essa pessoa era Delta. A sua voz era capaz de irritar até a Dakota mais calma de todo o multiverso. Seu rosto tinha sua melhor feição de deboche para a cena, e Dakota jurou que nada a tiraria do sério, todos estavam felizes por Dominic fazer parte da família, e para Dakota, Delta não era mais parte da sua. Não tinha porque aquilo lhe afetar. — Vocês chegaram — Joaquim disse, ainda segurando Dominic, sem dar brechas para que Dakota o pegasse — Vem, filha, vamos nos sentar na área. Ele foi andando na frente, então Dakota simplesmente aceitou que seu pai estava mesmo pronto para ser avô. E Dominic parecia bem confortável no colo dele para ela sequer pensar em se importar. Quando Dakota chegou na área, parecia que haviam voltado dois anos atrás. Lucas a encarou e mostrou um sorrisinho. O mesmo sorrisinho de quando ele disse para ela esquecer que havia transado com sua irmã, porque não mudaria em nada na relação deles. Os dois estavam namorando. Dallas parou ao lado de Dakota com as mãos na cintura. — Você sabia que ele era o namorado? — Perguntou, tentando não parecer decepcionada demais. — Eu suspeitava. Dakota se virou para ele. — E achou que não devia me dizer? Teria evitado a d***a da minha cara de constrangimento. Dallas olhou por cima do ombro dela. Eles estavam longe o suficiente para não ouvirem os dois, e Dakota nunca faria um escândalo por conta deles. — Eu não tinha certeza. — Mas podia ter me dito que suspeitava. Ficar na presença dela já é h******l o suficiente, agora dele… dos dois juntos. Isso é uma d***a. — Desculpa — era tudo o que ele podia oferecer. — Se der tudo errado, isso não acontece mais, ok? — Vão fazer um almoço sem chamar ela? — Sim. Tudo bem, então. Dakota caminhou até a mesa, se sentando ao lado de onde sabia que Dallas sentaria. Infelizmente, de frente para os dois idiotas. Que tortura!
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