2º Capítulo

2242 Words
Guilherme Eu tratava a Aurora m*l desde a quinta série, quando eu gostava dela e ela me via só como amigo, acho que ela nem se lembra que eu quis ficar com ela mas ela disse que éramos primos. Depois de ter o coração partido (ainda criança) me tornei um vagabundo desprezível, realmente, ela estava certa. Eu como qualquer uma, mas não posso fazer nada se qualquer uma está disposta a me dar prazer. Aurora é maravilhosa. É bem difícil mentir pra ela a chamando de esquisita, suas roupas mais largas, a despreocupação com a vida, o fato dela só viver o agora e preferir assistir um filme do que sair e beijar quinhentas bocas diferentes em uma noite me encanta. Atualmente, ela é uma das poucas pra se casar. Sua tia? Uma vagabunda assumida, tudo bem que ela é mil grau mas já deu pra três conhecidos meus, então não a considero a mulher ideal. Não que eu esteja a procura, quero mais é curtir a vida, como meu pai curtiu, até é claro, encontrar minha mãe. O Bernardo é um o****o, tudo bem que é meu parceiro mas parece cachorrinho da Lorena, a mina é p***a louca demais, deu um chá de bct nele que ele não larga do pé dela mais. Meu lema é esse, grudou eu piso, ela tá é certa mesmo. Gosto pra c*****o do Gabriel e dos meus tios. Do Menor pô é mais ou menos, porque quê que pega, até rola uns ciúmes da ruiva né, a mina é linda pra c*****o e ele ta sempre grudado nela. Mas vocês ainda vão ver minhas locuras, agora, se liguem na treta... Apareceu lá na roda a Aline, p**a! Eu sempre comia ela né, mas não gostava dela grudando em mim o tempo todo, que menina chataaaaa, p***a. E ela e a Lorena não se batem de jeito nenhum, a Aline ainda provoca né? Chega jogando piada, olha de cima a baixo, o sangue da Lorena é quente e elas vivem caindo na porrada. E agora não foi diferente, dois minutos depois as duas estavam na diretoria. Bruna O Matheus foi pra boca, ou comer alguma p*****a, sei lá o que ele faz da vida e também não quero saber. Eram nove e cinquenta quando o telefone tocou, suspirei e já imaginei que bomba viria dessa vez. Era a Lorena, havia brigado de novo. Não era seguro meus pais irem lá então sobrava pra quem? Pra bobona aqui. Não aguentava a Lorena, tudo bem que na idade dela eu também brigava, mas não era tanto assim não, toda semana eu tenho que ir lá, e o pior é que nem minha filha ela é, a minha não dá trabalho nenhum. As vezes acho que ela é até meio sozinha, não vai pra festas, fica só em casa mexendo no computador o dia todo. Saí de casa, peguei o carro e fui pra lá ouvir a diretora falar na minha cabeça... demorou meia hora e ela me mandou levar a Lorena embora que ela estava suspensa, de apenas um dia mas estava, levei a Aurora embora também já que não ia ter nada importante nas aulas. Passei pra deixar a Lorena na minha mãe e aproveitei pra filarmos o almoço, assim eu não teria que fazer. Meu pai deu um presente a Aurora, devia ser um relógio para suas inúmeras coleções. Eu também tinha muitos relógios antes, era como uma marca registrada, na verdade ainda tenho né, mas quero dizer que antes eu também ganhava muitos, ah, vocês entenderam. Aurora No sábado, infelizmente, não consegui me livrar da Gabi. Então me despedi das minhas séries e fui tomar um banho, fiz bastante hora esperando que ela me deixasse pra trás, o que infelizmente não aconteceu. Então vesti uma blusa jeans, um short jeans e calcei meu vans, bati o secador no cabelo e fiz minha maquiagem, coloquei um batom vermelho pra combinar com o cabelo, coloquei um colar com uma lua, o relógio que meu vô meu deu e no outro pulso uma pulseira que emendava com um anel de caveira. Passei perfume, peguei meu celular e desci, tinham seis chamadas perdidas da Gabi, mandei uma mensagem avisando que estava pronta e que ia passar lá, encontrei meus pais na cozinha fazendo o jantar. — Aonde você vai? — Meu pai perguntou com um olhar desconfiado. — Em uma festa Matheus — minha mãe deu um tapa no braço dele. — Aí Bruna! — Ele colocou a mão no local — só queria saber. — Me dá dinheiro, pai? — Toma — ele tirou cinquenta reais da carteira e me deu. — Você podia fazer outro favor né... — O que foi? — Ele revirou os olhos. — Leva a gente lá. — Aí você me quebra filha. — Matheus! — Minha mãe gritou. — Tá, tá... vamos logo. Paramos em frente a casa do Pedro. A Gabi estava exaltada no banco de trás, dei um beijo na bochecha de meu pai me despedindo e disse que me virava pra voltar pra casa, ele disse pra eu tomar cuidado e foi embora. — Você podia ter se arrumado melhor Aurora — disse Gabi revirando os olhos. — O que há de errado com a minha roupa? — Perguntei me analisando. — É uma festa gata — olhei seu vestido curto preto e o salto que ela usava, m*l conseguindo se equilibrar. — Eu estou aqui, não fique reclamando antes que eu mude de ideia e vá embora. — Não não não... você tá linda amiga! — Sua voz era fina, o que tornava seus dramas hilários, o que me restou foi rir. Entramos na casa, a única coisa que a iluminava eram os jogos de luz e o flash, que me deixava tonta. Logo encontrei minha tia, passando de mãos dadas com um cara, ela piscou pra mim e continuou seu caminho. — Olha ele ali — a Gabi gritou animada e me arrastou pra perto do grupo do Guilherme. — Gabriela não! — Sussurrei, mas não adiantou. — Oi meninos — ela disse sorridente. — E aí Gabi — eles disseram. — Aurora? — Luan perguntou. — Não, minha vó — revirei os olhos. O Guilherme ficou me encarando. — Perdeu alguma coisa aqui? — Perdi, posso procurar? — Ele se aproximou com um sorriso malicioso nos lábios, por um momento esqueci como se ficava em pé, mas controlei minhas emoções e o afastei. — Se liga — respondi erguendo uma sobrancelha — quer saber Gabi, pode ficar aí com esses idiotas, eu vou achar alguma coisa pra beber. Saí andando, nem sei se ela me ouviu, estava envolvida demais na conversa do Luan, que não era nada interessante pra falar a verdade. Cheguei a cozinha, tinham milhares de bebidas pelas bancadas, uma mais forte que a outra. Eu estava perdida. — E aí — disse uma garota morena, encostada no balcão — parece perdida. — E estou — sorri. — Por que não experimenta isso? — Ela pegou uma garrafinha azul e me entregou. Li o que estava escrito, skol beats. — Não me dou bem com o álcool. — É docinha, pode confiar — ela piscou. Dei um gole e por incrível que pareça, gostei. Eu já estava na terceira long neck, era docinha mas aquela p***a alterou meu estado, me fez começar a virar uma dose atrás da outra. Fui parar de volta a sala, onde o som estava mais alto com um copo de Jeropiga na mão, encontrei a Gabi ainda conversando com aqueles idiotas, fui até lá, tropeçando em meus próprios pés, eu parecia a Gabi usando salto, comecei a rir sozinha com esse pensamento. — E aí otários — disse e em seguida dei um gole em meu copo. — O que deu em você? — Gabi me olhou da cabeça aos pés. — A culpa é da bebida — respondi rindo. — Mano, você fede a álcool — Luan comentou. — Ela precisa de água — o Bernardo disse. — Vem cá — o Guilherme agarrou meu pulso e me arrastou de volta até a cozinha. — Me larga, aí — fiquei resmungando e gemendo, mas ele não me soltou. Quando chegamos encostei na bancada e ele jogou meu copo de Jeropiga fora e eu fiz birra. A garota que havia me dado a Skol ainda estava lá, dessa vez fumando um cigarro. — Deixa a garota se divertir — ela disse. — Não se mete — o Guilherme respondeu. Ele me entregou um copo e eu o virei de uma vez. — Ei, isso não arde! — Reclamei. — Deve ser porque é água. — Eu não quero água — fiz bico. — Mas vai tomar — ele me olhou feio e encheu meu copo de novo. Dessa vez fui tomando aos poucos. — Por que tá sendo legal comigo? Você me odeia! — Quem te disse isso? — Acho que você deixa meio claro — dei outro gole em minha água. — Eu não te odeio — ele passou o polegar sobre meu rosto — , você é diferente Aurora. — Diferente como? — Olhei em seus olhos. — Olha em volta, a maioria das garotas se preocupa em mostrar o decote e usar um vestido apertado, um sapato que a deixa quinze centímetros mais alta e machuca seus pés. Você só se preocupa em estar confortável. — Mas isso é porque — dei um gole, acabando com a água no copo — , eu não quero agradar ninguém. — Gosto disso em você. Desviei o olhar. — A Gabi gosta do seu amigo. — De quem? Do Luan? Balancei a cabeça positivamente. — Ele não vale o chão que ela pisa — ele mordiscou o lábio inferior. — E você vale? — Olhei em seu rosto, sereno e bonito, sua pele era lisa e ele possuia lábios carnudos que chamavam minha atenção. Não tive resposta. — Toma — ele colocou mais água em meu copo. Dei um gole pequeno e soltei um suspiro, estava tocando música eletrônica e eu curtia, já estava me sentindo melhor. — Está bem? — Estou — sorri. — Acho melhor eu voltar pra lá. — Tudo bem, eu vou ficar aqui. O papo da Gabi e do Luan não é muito agradável. — Sabe, você tem razão. Vou ficar com você. — Pode ir, deve ter alguma garota interessada no maior pegador da escola. Ele balançou a cabeça negativamente e abriu um lindo sorriso. — Tudo que eu quero está aqui, bem na minha frente. Paralisei. Não sabia nem o que responder, nem acreditava que ele realmente tinha dito aquilo pra mim, logo pra mim. Suas mãos me dominaram e seu rosto veio se aproximando do meu, meu coração palpitava fortemente e não sabia o que fazer, então deixei que ele me beijasse. Foi totalmente o oposto do Menor. Um beijo cheio de fogo e desejo, suas mãos me apertavam e pressionava meu corpo contra o dele, senti meu corpo esquentar e dei uma chupadinha em seu lábio inferior, as sensações que ele me traziam eram de desejo, quanto mais eu o tinha mais eu o queria, e pra nossa infelicidade um barulho nos interrompeu. — Foi m*l ai gente — uma garota qualquer, bêbada, disse após quebrar um copo. Ele me olhou com um sorriso no rosto e eu coloquei uma mecha do cabelo atrás de minha orelha. — Preciso fazer xixi — comentei — , você me entupiu de água. Ele riu, segurou minha mão e me conduziu até o banheiro. Bem mais tarde, quando eu já havia voltado a me deliciar com aquela skol beats policiais bateram na porta interrompendo a festa, todo mundo se virou pra jogar as drogas fora enquanto o Pedro conversava com eles lá fora. Havia muito tempo que eu não via a Gabi, e graças ao bom Deus ela apareceu, descendo as escadas correndo com o salto na mão, maquiagem borrada por muitas lágrimas. Sua mão grudou em meu pulso e me arrastou para fora da festa, olhei para trás encontrando o olhar de Guilherme e nem tive a chance de me despedir. Pegamos um táxi, eu disse o endereço e enquanto ele percorria o caminho limpei o borrado do rosto de minha amiga. — O que aconteceu Gabi? — O que não aconteceu né Aurora? Eu não devia ter lhe arrastado pra cá, sinto muito — ela ainda estava chorando e eu não conseguia entender o motivo. — Você ficou com o Luan? — Ele me disse para irmos pra um lugar mais calmo, que seria melhor. Mas quando chegamos lá percebi suas intenções. Eu disse que não estava pronta e ele me chamou de criança — seu choro só aumentou e se misturou com soluços, a abracei e fiz carinho em seu cabelo. O táxi parou na porta de minha casa. Dei o dinheiro pra ele e disse para que ficasse com o troco, ele me abriu um sorriso de orelha a orelha. Carreguei a Gabi para dentro de minha casa, dei um banho nela e a emprestei um pijama, ela se jogou na minha cama e apagou. Entrei no banho e encostei a cabeça na parede, lembrando-me da noite louca que tive, sem me arrepender de nada, sorri e toquei meus lábios com o dedo indicador e o do meio, aquele beijo com certeza foi um dos melhores da minha vida.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD