_____ Despedida dolorosa

1416 Words
Terça feira 11 de julho, estou trabalhando em uma mercearia na minha cidade quando recebo uma ligação urgente da minha vizinha. Minha avó Marina passou m*l e foi levada as pressas para o hospital. Por sorte o hospital é próximo como a cidade é pequena. Fui correndo para lá em busca de notícias e para ver minha vozinha. Cheguei na recepção e perguntei por ela, a recepcionista disse que um médico viria falar comigo. Assenti e aguardei pelas notícias. Uma hora se passou e então um médico apareceu, chamando pelo responsável por Marina Sousa de Mello, minha avô. __ Eu doutor, sou a responsável, ela é minha vó! __ Me acompanhe senhorita. - Disse o médico. Acompanhei ele ate uma sala, onde eu ouvi a notícia mais dolorosa da minha vida. __ Senhorita Sabrina, sua avó teve quatro paradas cardíacas e nós a perdemos, fizemos todos os procedimentos, mas não foi possível trazê-la. Eu sinto muito por sua perda. Você pode informar os familiares e fazer os preparativos para o velório. Meu mundo escureceu nessa hora, quando voltei a ter algum sentindo eu estava deitado em uma maca e uma enfermeira me chamava. - Senhorita Sabrina, senhorita você está bem? Abri os meus olhos e vi tudo borrado... __ O que aconteceu? __ Onde estou? __ Senhorita Sabrina, você está no hospital e teve um desmaio. Fiquei em silêncio processando aquela informação e de repente me desmancho em lágrimas novamente, minha avó, minha vozinha querida se foi. O que será de mim? Sem a única pessoa que me amou na vida, a única que vivia ao meu lado. Fiquei uns quarenta minutos ali inerte em minha dor. Até que o médico me disse que eu estava liberada para ir pra casa e avisar os familiares. Pensei... Que familiares minha vó teve uma única filha que sumiu no mundo e nunca mais voltou. Meu vô é falecido há 5 anos. Não temos mais ninguém, e agora eu estou sozinha. Não conheço os familiares dos meus avós, se eles tiverem um, nunca me falaram sobre. Liguei no meu trabalho e informei o ocorrido, eu não voltaria, pois tenho que cuidar do velório da minha Vó. Avisei a dona Fátima a vizinha a qual sempre nos ajuda... Ela me pediu calma e viria até a mim para resolvermos tudo sobre a liberação e enterro de minha amada vó. O adeus Estávamos todos ali na pequena capela, os vizinhos e alguns moradores que frequentavam a mesma igreja que minha vó. O padre fez a missa de despedida com lindas palavras, descrevendo minha amada vó. E eu estava ao lado de minha vó segurando suas mãos frias com as lágrimas escorrendo pelos meus olhos, e a dor que esmagava meu coração. Fiquei a noite toda ao seu lado numa despedida dolorosa, sabia que seria a última vez que a viria. O enterro ocorreu rapidamente, e fomos para casa sem minha avó, Fátima e eu. O que será da minha vida agora? Caminhei debaixo de chuva rumo a casa, lágrimas se misturavam com a chuva que batia em minha cara sem dó, assim como a vida. Fiquei uma semana sem ânimo pra nada, só chorava e ficava deitada o dia todo, a dor era descomunal. E a semana se arrastou, até que precisei reagir. Missa de sétima dia Estávamos todos na igrejinha da rua do bairro onde morávamos participando da missa de sétimo dia, sete dias se passaram e eu sinto muito a falta dela. Minha vozinha o que será de mim sem a senhora, não tenho mais ninguém nesse mundo. As lágrimas me tomam de forma violenta nessa hora e tudo ao meu redor some me sufocando em uma dor sem fim. A missa terminou e eu fui para casa, a solidão da ausência. Seis meses se passaram Estou sentada em frente a minha casa, pensando na vida, não sei o que irei fazer. Estou desempregada, perdi o emprego por faltar várias semanas, depois do enterro da minha vó eu fiquei de cama sem sair do quarto, sem comer e sem vontade de viver. Mas Agora eu preciso voltar a rotina, só não tenho conseguido um emprego. Tenho pensado seriamente em se mudar para uma cidade maior. Seu José, o vizinho da rua de cima quer comprar o sítio da minha vó, ele me ofereceu 40 mil pelo sítio, o sítio vale uns 60 mil por ter um riacho, mas aqui não sei se alguém pagaria mais. Sem contar que está tudo abandonado, eu não sei lidar com isso e nem tenho interesse. Provavelmente vou vender esse sítio em breve e irei tentar a vida em algum lugar em uma cidade grande. Uma oportunidade __ Boa tarde menina, o que faz pensando na vida? __ Boa tarde dona Fátima, estou a pensar com os meus botões, o que irei fazer da vida! __ Você sabe que esse sítio era a vida de minha avó, só que agora não faz sentido eu viver aqui, estou pensando em vender e ir tentar a vida em outro lugar. __ Sim, menina sua avó amava, mas era ela, você é uma menina nova, tem que ir atrás dos seus sonhos e não viver aqui no mato. __ Se quer vender venda e vá procurar seu caminho, assim como eu disse para meu filho uma vez eu te digo, vá atrás da sua felicidade. __ Obrigada, dona Fátima, a senhora é como uma mãe que não tive. __ Obrigada pelos conselhos. __ Falando nisso, amanhã meu filho estará aqui me fazendo uma visita, faz anos que ele não aparece, vem para aproveitar o feriado. __ Estou tão feliz por isso, a vida dele é corrida. __ Que bom dona Fátima! __Fico feliz pela senhora. Feriado... Escutei umas palmas no meu portão, fui ver quem era, era um rapaz, eu não o conheço. __ Oi, boa tarde! __Procura por alguém? __ Oi, tudo bem? __ Procuro a Sabrina é você? __ Sou eu sim! __Porque? __ Sou Davi, o filho da Fátima! __ Oi Davi, estou bem, posso ajudar em algo? __ Minha mãe disse que você quer se mudar para alguma cidade longe daqui, ela veio me perguntar se eu não poderia ajudá-la na cidade onde eu moro. __ Vim te conhecer e ver se você quer ir tentar a vida em São Paulo. Eu moro lá e trabalho em uma rede de hotéis bem conhecida no mundo inteiro. __ Se você quiser ir, eu te ajudo a arrumar uma moradia e um emprego. __ Nossa Davi, eu não estava esperando uma proposta dessa, mas confesso que fiquei bem interessada. __ Posso pensar e resolver algumas coisas por aqui e te ligar daqui uma ou duas semanas? __ Claro que pode! vou te deixar o meu número e se você decidir, eu te espero lá. __ Agora preciso ir, vou à cidade com a minha mãe, tchau Sabrina, até breve. __ Tchau Davi, obrigada. Uma boa oportunidade, além de ser uma cidade grande, é uma boa cidade, tudo acontece em São Paulo, a cidade é 24 horas. E ele me ajudará, é bom ter com quem contar. Uma semana e meia se passaram, consegui vender o sítio, estou com a minha mala pronta, ou melhor minha bolsa, tenho tão pouca coisa pra levar. Mas tudo que preciso está aqui. Durante essas semanas eu conversei praticamente diariamente com o Davi, ele é um cara bem legal. Amanhã estarei embarcando para São Paulo e chegarei lá aproximadamente na madrugada, o Davi estará lá me esperando. Graças a Deus, estou em pânico, faz muito tempo que não sei o que é um lugar com muita gente, desde da vez que minha mãe me largou com minha vó. Bom, já está tarde da noite, vou dormir amanhã, eu acordo cedo e embarco rumo ao meu novo destino. Na manhã seguinte, acordei, tomei banho e me arrumei, peguei a minha bolsa e minha mochila, parei em frente a porta... Olhei para cada canto e lembrei de tudo que vivi ali com minha avó. Com lágrimas nos olhos, e o coração partido me despeço, fecho a porta e vou embora. Vou até a casa da dona Fátima deixo as chaves para ela entregar para o novo dono, e também se ela quiser pegar alguma coisa da casa para ela é pra ela ficar a vontade. Me despedi dela com um abraço forte e fui em direção a rodoviária. Uma nova história me espera. Espero que seja um novo recomeço, um feliz recomeço.
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