Patrícia arrumava o neto para o encontro com Carlota e Izabella. Tinha que confessar que havia adorado as duas, elas eram divertidas e simpáticas. Hoje, elas tinham combinado de ir a um parque de diversões. Apesar da manhã bem tumultuada, Patrícia não poderia deixar de cumprir com o combinado com Carlota. Não seria justo nem para a avó, nem para o neto. Ela tinha que unir essa família, custe o que custar.
Matteo vestia uma bermuda branca com bolsos laterais e uma camisa laranja com um desenho de ninjas na frente. Nos pés, um tênis branco e os seus cabelos estavam penteados para trás. Os seus olhinhos azuis brilhavam de animação, nunca tinha ido a um parque de diversões antes, e por esse motivo, estava animado e eufórico.
— Vovó, a vovó Carlota vai com a gente? — Patricia sorriu. Era incrível como os laços de sangue falavam alto. Matteo chamava a ruiva de avó, sem nenhum esforço e parecia gostar muito dela. — A titia Iza também vem? — perguntava empolgado, balançando os pezinhos para frente e para trás, mostrando o seu comportamento energético.
— Claro que elas vão, meu amor. — O loirinho sorriu grande — Matt, você as ama? — Patricia perguntou olhando para o neto.
— Sim, vovó. Eu amo sim. Elas são carinhosas, brincam comigo e tomam conta de mim. — Ele sorriu. — Mas… vovó? — perguntou colocando o dedinho na sua boquinha. — Quando eu vou conhecer o meu papai? Ele ainda não veio me ver... Ele não me ama, vovó? — perguntou olhando para a avó com os olhos marejados.
— Mas é claro que ele te ama, meu querido. O papai ainda não veio porque… — Matteo olhava para avó aguardando a explicação — Ele é um homem bem ocupado, e está viajando, mas quando voltar, virá correndo para te conhecer. — o loirinho sorriu para a avó, sentindo o coração bater acelerado. De repente, uma Masserati vermelha parou na frente do prédio, e logo se viu uma ruiva linda saindo dela.
— Cadê o loirinho da vovó?
Carlota sorria, de orelha a orelha, abaixando para recebê-lo. Matteo saiu correndo, se jogando nos braços da avó, que não conseguia conter as lágrimas teimosas que caiam do seu rosto. Sentir aqueles bracinhos envolverem o seu corpo, num abraço apertado e caloroso era demais para ela. Patrícia aproximou-se e abraçou Isabela, falando baixinho apenas para ela ouvir:
— É lindo ver que ele já nutre um carinho enorme por vocês. — disse sorrindo.
— Estava morrendo de saudades, meu amor. Ah, me lembrei de uma coisa! — Lembra o que você disse à vovó? Ele colocou os dedinhos do rosto pensando e logo em seguida, levantou os bracinhos e gritou:
— Que eu quando crescer, queria que a mamãe comprasse para mim, um lobo bem grandão! — Carlota sentiu seus olhos marejarem. Sem saber, o neto tinha como animal preferido, o mesmo que o filho. Os laços de sangue, que falavam alto. Não parava de se surpreender com as semelhanças.
Carlota pegou um enorme embrulho e entregou ao pequeno. Matteo segurou o presente e sem demora, começou a rasgar o embrulho, e se deparou com um enorme lobo de pelagem branca e olhos azuis, os seus olhos quase saltaram das órbitas e ele deu pulinhos de alegria:
— Vovó! É um Lobinho, só meu! — O pequeno m*l conseguia se conter de tanta alegria.
— Você não precisa crescer para ter um. A Vovó o comprou para que ele pudesse te proteger. — Matteo se atirou nos braços da ruiva, quase a derrubando no chão.
— Eu amei! Eu te amo, vovó!
O menino falou, com os olhinhos fechados, se aconchegando no peito da ruiva. Carlota arregalou os olhos e não conseguiu conter as lágrimas. Patricia e Izabella sorriam, estavam felizes pela amiga.
— Agora vamos nos divertir! – disse limpando as lágrimas dos olhos.
Foi um dia mágico.
Eles brincaram, andaram em quase todos os brinquedos do parque, lancharam e se divertiram, sem pensar no amanhã. Por um momento, não existiam preocupações, segredos e conversas difíceis. Aquela tarde ficaria gravada na memória deles para sempre, com um nascimento de um novo laço.
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Antonella chegava em casa irritada. Não podia ser, ela voltou! Aquela fedelha miserável. Esse fantasma que tanto a perseguiu, voltou para roubar o seu marido dela mais uma vez. Porém, a loira não era uma mulher de desistir fácil. Não era a rainha da máfia à toa. Esmagaria qualquer um que tentasse se colocar entre ela e seu marido. Não importa quanto sangue tinha de derramar. Antes de tomar qualquer decisão, a loira tinha que pensar em meios de salvar aquele casamento. A única coisa que poderia manter um homem como Piettro em sua vida seria com um filho. Afinal, era a lei absoluta da máfia:
Proteger os seus e cuidar da família.
Mas como se ele não a tocava? Faz dois anos que ele não a possuía. Frustrada, a loira se via obrigada a matar o seu desejo nos braços de alguns capangas, e ele nem se importava. Como ela iria conseguir engravidar? O que ela iria fazer? Então, ela teve uma ideia. Uma brilhante ideia.
Um pouco arriscada, mas para salvar o seu casamento e manter o seu posto de primeira dama da máfia, faria o que for preciso. Pegou o telefone e discou o número da única pessoa que poderia lhe ajudar:
— Alô? tio Giuseppe? Preciso da sua ajuda. Posso encontrá-lo amanhã? — A loira tinha um sorriso maquiavélico nos lábios. — Piettro, meu querido, você não perde por esperar… ✲ ✲ ✲
Graziella tinha acabado de chegar. Ainda estava na garagem quando viu um carro desconhecido parar na frente do prédio, e dele sair sua mãe com o seu filho no colo. A morena, então, resolveu se aproximar, e curiosa, viu as duas mulheres ao lado da sua mãe. As duas, tinham uma aparência jovem e pareciam felizes. Se aproximou devagar e quando a sua mãe percebeu a sua presença, esboçou um sorriso tímido. Carlota e Izabella viraram o rosto na sua direção e sorriram para ela.
— Oh, filha! Venha aqui conhecer as minhas amigas, Carlota e Izabella.
A morena se aproximou, sorrindo, e pegou o seu loirinho dos braços da sua mãe, o enchendo de beijos, e se dirigiu a elas e disse:
— Olá, muito prazer! Me chamo Graziella. Fico feliz que a minha mãe já tenha feito amigas aqui. Matteo não acordou, mas agarrou a mãe pelo pescoço. Esse pequeno gesto arrancou um sorriso bobo das mulheres à sua frente. — É sempre assim, o meu bebé é super manhoso. — disse sorrindo encarando o seu pequeno tesouro.
Carlota a olhava encantada. Graziella, além de linda, era doce. De imediato, lembrou do que Isabella havia dito, e juntou os pontos. Só poderia ser ela, a tal garçonete daquele dia. A mulher por quem o seu filho se apaixonou.
— Ele é um garoto adorável, muito gentil e carinhoso. Parabéns, querida, você soube educá-lo muito bem. — A ruiva disse, sorrindo para ela. Graziella não sabia explicar porquê, mas sentiu verdade naquele sorriso. O seu coração aqueceu-se com aquelas palavras tão cheias de ternura.
— Deve ter gastado todas as suas energias hoje. Ele capotou. — A morena riu. — Onde foram?
— Fomos ao parque de diversões. Ele foi em vários brinquedos, comemos e tiramos muitas fotos. Espero que você não brigue com a sua mãe, as culpadas de tudo somos nós duas. — disse a ruiva sorrindo largo.
— Eu conheço o meu filho, não se preocupe. Fico feliz que ele tenha se divertido. Não tenho tido muito tempo para ele por causa do trabalho. — Graziella suspirou fundo. Isabella a olhou com carinho, e disse:
— De mãe para mãe, acho que você fez um ótimo trabalho, Graziella. Você faz o que pode como mãe e provedora da família. Deve ter sido difícil ter criado o seu filho sem um pai. — Graziella respira fundo e sorriu.
— Nossa, Patricia. Você não me disse que a sua filha era tão linda! Espere… eu acho que conheço você! — Carlota colocou a mão no seu rosto. Um ato que lembrou seu filho. A morena sorriu ao pensar na semelhança.
— Você veio para fazer os designs da semana de moda de Paris! Mas é claro, Graziella Lombardi. — A ruiva sorriu largo. — Eu e Izabella acompanhamos os seus trabalhos. Você é brilhante, garota! — Graziella sorriu.
— Por que não subimos um pouco e tomamos um chá? — Patrícia sugeriu, amigável.
— Não, muito obrigada, Graziella deve estar cansada e não queremos abusar. — Disse Isabella.
— Imagina, seria um prazer retribuir o carinho e atenção que vocês deram ao meu bebê. Vamos, subam, por favor!
Graziella não sabia explicar o que sentia quando olhava para a ruiva. Mas de uma coisa tinha certeza, era algo caloroso e reconfortante, e também família.