Cassian estava em seu escritório olhando a carta que havia recebido de Alessandro quando Maya entrou, aproximou-se dele, sentou-se na mesa do escritório e perguntou:
- O que está acontecendo? Desde ontem você parece muito preocupado.
- Meu irmão me enviou uma carta solicitando minha ajuda no palácio.
- Você está preocupado que ele lhe sobrecarregue de trabalho como sempre faz?
- Sim, não quero ficar longe de você.
- Estou bem, Cassian.
- Você diz isso, mas sei que não é verdade.
- É verdade, não estou muito bem, mas vou melhorar.
Maya começou a tossir, o lenço com o qual cobriu a boca manchou-se de sangue, ela tentou esconder, mas Cassian viu. Ele segurou seu rosto entre as mãos e disse:
- Devemos ir ver Abril, você não está bem.
Maya pôde ver a ansiedade no rosto de Cassian, ela o abraçou e disse:
- Acho que você está certo, irei com você.
- Partiremos quando você estiver melhor.
- Estou bem, podemos ir agora.
- Então pedirei que preparem a carruagem.
- Não é necessário, podemos ir em seu cavalo, se usarmos um pergaminho de teletransporte, chegaremos mais rápido.
- Não, usaremos carruagens.
- Por que não?
- Porque você não está bem, Maya. Embora a viagem de carruagem seja mais longa, será melhor para você. Os pergaminhos sobrecarregam muito o corpo.
Maya sabia que, não importa o que dissesse, ele não mudaria de opinião.
- Está bem, então será de carruagem.
- Vou pedir que preparem imediatamente.
Cassian deu-lhe um beijo suave nos lábios e disse:
- Não demorarei.
- Está bem. Eu espero aqui.
Depois que Cassian saiu do escritório, Maya se deitou no sofá mais próximo e uma pequena fada apareceu de repente.
- Por que está mentindo para o humano?
- Não estou mentindo para ele.
- Está sim, você sabe que não está bem e não ficará bem a menos que volte para a terra das fadas.
- Não pretendo voltar para a terra das fadas.
- Então você morrerá.
Maya apertou os punhos com força e disse:
- Você deveria voltar para a terra das fadas e dizer à rainha fada que não pretendo voltar.
- Você é tola, deveria aceitar seu destino e voltar comigo.
- Já disse que não farei isso.
A pequena fada estava prestes a replicar quando ouviu o barulho da porta se abrindo e desapareceu imediatamente.
Maya se levantou rapidamente, não queria que Cassian a visse cansada e desanimada, pois isso só lhe causaria sofrimento.
- Já estão preparando nossas coisas, iremos partir em breve. Quer fazer algo antes de irmos?
Maya sentia o corpo pesado, ela não queria fazer nada, apenas fechar os olhos e dormir, mas se dissesse isso, Cassian exageraria e cancelaria a viagem, então ela se obrigou a sorrir e dizer:
- Gostaria de dar um passeio pelo jardim.
Cassian ofereceu-lhe a mão para ajudá-la a levantar, Maya segurou sua mão e disse:
- Você sabe que não precisa me tratar como uma idosa, certo?
- Não faço isso.
- Parece que faz, na minha opinião.
- Só quero cuidar de você, mimá-la e protegê-la.
- Gosto disso de ser mimada, mas o resto não acho necessário, não há nada do que você precise me proteger.
- Há sim, e você sabe disso.
Maya não queria continuar com aquela conversa, então mudou de assunto.
- Você me acompanha no meu passeio ou não?
- Claro, vou acompanhá-la onde desejar, minha senhora.
Maya riu, achava engraçado o uso formal da linguagem que Cassian fazia em algumas ocasiões.
- Meu querido príncipe! Não perca mais tempo e me leve para o tão esperado passeio.
- Já não sou um príncipe, agora sou um duque.
- Para mim, você sempre será meu príncipe de armadura brilhante.
- Você está zombando de mim?
- Claro que não, nunca faria isso.
Cassian, ao ver que Maya voltava a fazer suas brincadeiras, sentiu-se mais tranquilo e desejou acreditar que ela estava realmente melhor.
Eles deram um curto passeio pelo jardim, enquanto observavam as flores brancas, Cassian perguntou de repente:
- Quando você aceitará ser minha esposa?
- Não preciso do casamento para provar que te amo. Por que você insiste nisso?
- O casamento é um vínculo que une dois estranhos e os transforma em família.
- Cassian, estamos bem assim e eu já te considero minha família.
- Maya, eu quero que você seja minha esposa.
- Já sou sua mulher, não é a mesma coisa?
- Maya…
- Cassian, você sabe que o casamento nunca me interessou.
- Eu sei, mas…
- Cassian, eu te amo muito e acho que lhe demonstro isso todos os dias. Você não acredita em mim?
- Claro que acredito, mas quero ter um casamento e apresentá-la a todos como minha esposa. Por que você se recusa a se casar?
- Vamos ter essa conversa de novo?
- Se você aceitar se casar comigo, essa será a última vez que falaremos sobre isso.
- Cassian, não quero continuar com essa conversa.
Maya começou a se afastar, Cassian segurou sua mão e disse:
- Desta vez vou parar, mas não pense que vou esquecer o assunto.
- Você não vai me fazer mudar de ideia.
- Veremos.
Um dos criados se aproximou deles e disse:
- A carruagem já está pronta.
- É melhor partirmos, seu irmão deve estar te esperando.
- Está bem, vamos embora.
Maya lembrou que tinha um presente para a filha de Abril.
- Espere, vou buscar algo no meu quarto.
- Vou te esperar na entrada.
Quando Maya entrou em seu quarto, a pequena fada apareceu novamente e disse a ela:
- Por que você não quer se casar com o humano?
- E por que você é tão intrometida?
- Você diz que o ama, não entendo por que não aceita se casar com ele.
Maya pegou uma pequena caixa de uma das gavetas da penteadeira, guardou-a em seu bolso e respondeu:
- Eu sei que vou morrer antes dele, por isso me recuso a ser sua esposa. Se eu concordar em me casar com ele, estarei condenando-o a viver sozinho pelo resto da vida como viúvo, eu não quero isso.
- Então volte para a terra das fadas, assim você não morrerá.
- Se eu voltar, a rainha não me permitirá vê-lo novamente, seria a mesma coisa que morrer, então não farei isso, prefiro um tempo curto ao lado dele do que uma vida longa sem ele.
Maya se dirigiu à porta e a pequena fada disse a ela:
- Você é teimosa.
- Sim, eu sou, não farei o que você pede, então você deveria voltar para casa.