Alessandro ficou esperando seu irmão o dia todo, mas ele nunca chegou. Ele se questionou se algo havia acontecido a ele ou se não recebeu sua carta. Quando entrou em seu quarto, viu Abril na varanda. Ele se aproximou dela, a abraçou por trás e perguntou:
- O que você está fazendo acordada a essa hora?
- Eu estava te esperando, não queria ir dormir sem te ver.
- Desculpe, no final não consegui jantar contigo. Gabriel me sobrecarregou de trabalho e só me deixou ir agora.
Abril virou-se para ele, ela queria ver seu rosto, na verdade ela precisava.
- Você não precisa se desculpar por isso, você é o rei, tem um reino para governar, sei que não é fácil.
- Obrigado por sua compreensão.
- Não precisa agradecer.
Alessandro acariciou suavemente sua bochecha e lhe deu um leve beijo nos lábios.
- Eu gostaria de ter mais tempo para estar contigo. Você não se sente da mesma forma?
- Sim, exatamente igual. Eu gostaria de estar com você a cada minuto e a cada instante da minha vida, mas temos obrigações e deveres a cumprir, então serei razoável e não pedirei o que você não pode me dar.
- Odeio isso.
- O que?
- Odeio não poder te dar tudo o que me pede.
- A cada dia você me dá mais do que eu já sonhei, mais do que eu jamais imaginei.
- Mesmo assim, às vezes sinto que não é suficiente.
- Tire essas ideias da sua mente, porque é sim.
Alessandro a abraçou, afundou sua cabeça em seu pescoço respirando o cheiro de seu corpo e disse:
- Vou sentir muita falta de você.
- Eu também vou sentir sua falta.
- Você sabe quanto tempo vai ficar fora?
- Talvez dois ou três dias, não sei.
- Volte logo, caso contrário irei te procurar.
- Você não precisará fazer isso, estarei ansiosa para voltar. Além disso, você precisa cuidar de nossa filha na minha ausência, protegê-la.
- Isso nem precisa pedir, cuidarei bem dela.
- Cassian ainda não chegou?
- Não, e isso me preocupa.
- Espero que ele esteja bem e chegue logo.
As badaladas do relógio anunciaram que já era mais de meia noite, Alessandro disse:
- Já está tarde, hoje foi um dia longo, é melhor descansarmos.
- Sim, isso será o melhor.
Ambos foram para a cama. Alessandro abraçou Abril com seus braços, ela podia ouvir os batimentos do coração dele, sua respiração. Isso a tranquilizou, porque mesmo que não demonstrasse, ter que deixar sua família a deixava muito nervosa e ansiosa. Ela tinha medo do que poderia acontecer na sua ausência.
- Lessan.
- O que foi?
- Cuide de Lissana.
- Aby, cuidarei bem de nossa filha. Além disso, você ficará pouco tempo fora, nós estaremos aqui te esperando.
- Sim, você tem razão.
Abril enterrou o rosto no peito dele e disse:
- Odeio me separar de você.
- Eu me sinto igual e se não fosse por Lissana, iria com você.
- Mesmo que tarde, não venha me buscar, você não pode deixar Lissana sozinha e enquanto eu não estiver por perto, cuide dela.
- Aby, algo está errado?
- Não, é só que minha irmã ainda está por aí e não sabemos quando ela vai atacar.
Alessandro suspirou profundamente e disse:
- É verdade, mas se ela não fez nenhum movimento até agora, duvido que o faça agora, então não se preocupe.
- Espero que esteja certo.
***
Cassian teve que parar para descansar numa pousada, pois Maya estava começando a sentir náuseas devido ao balanço da carruagem.
Ele colocou uma toalha com água fria em sua testa para tentar aliviar seu desconforto.
- Está melhor?
- Sim, e desculpe, estou apenas atrasando você.
- Não se preocupe com isso, o importante é que você esteja bem.
- Por isso prefiro os pergaminhos de teletransporte.
- Eu sei, mas pensei que os pergaminhos seriam muito cansativos na sua situação. Parece que também errei com a carruagem, agora você está ainda mais doente por minha culpa.
Maya segurou a mão de Cassian e disse:
- Isso não é culpa sua.
- Logo você estará melhor, Abril fará com que melhore.
- Sim, espero por isso.
Cassian deu um beijo suave em sua testa e disse:
- Assim será, aguente um pouco mais, logo ficará bem.
Naquela noite, Cassian ficou acordado cuidando de Maya. No dia seguinte, ela estava um pouco melhor, então retomaram a viagem. Quando chegaram ao palácio, Cassian perguntou onde Abril estava, ele queria que ela ajudasse Maya, pois ela não parecia estar bem.
Uma das criadas os levou até a estufa onde ela estava. Cassian chegou com Maya desmaiada em seus braços, Abril ficou muito surpresa ao vê-los, principalmente porque Maya não parecia estar bem. Ela entregou a bebê para uma das criadas e se apressou em direção a eles.
- O que aconteceu com Maya?
- Eu não sei, ela não estava se sentindo bem há algum tempo, a viagem até aqui apenas piorou sua saúde. Você pode ajudá-la?
- Claro.
Abril segurou a mão de Maya e infundiu sua magia nela. Maya recuperou a consciência e, ao ver Abril, disse:
- Olá, Aby.
- Como você está?
- Muito melhor.
- Acho que o melhor será levá-la para um quarto para descansar.
- Maya, você está realmente bem?
Perguntou Cassian, muito preocupado e com certa ansiedade na voz. Maya tocou sua bochecha com sua mão ainda fria e disse:
- Sim, Cassian, já estou bem, não se preocupe.
Cassian a apertou contra seu peito e disse:
- Graças a Deus.
Cassian ficou abraçando a Maya por um tempo como se temesse perdê-la, Abril colocou sua mão no ombro dele e disse:
- Cassian, Maya precisa descansar.
- Sim.
Cassian levou Maya até seu quarto, mesmo que não vivesse mais lá, tudo continuava igual e as criadas sempre deixavam aquele quarto para ele. Ele a depositou suavemente na cama e disse:
- Quer alguma coisa?
- Um pouco de água, estou com sede.
Cassian serviu um copo com água, ajudou-a a se sentar e deu-lhe para beber a água, ao terminar Maya riu.
- Às vezes você exagera um pouco, posso beber um copo com água sozinha.
- Eu sei, mas quando te vejo assim, só quero cuidar de você.
- Cassian, estou bem.
- Então por que continua parecendo fraca?
- Só estou um pouco tonta pelo carruagem, se descansar um pouco estarei como nova, então por que você não vai ver seu irmão enquanto durmo? Ele deve estar te esperando.
- Não quero te deixar sozinha.
- Talvez durma a manhã toda, não tem importância se você ficar, então não se preocupe comigo e vá ver quem te mandou chamar, seu irmão.
- Está bem, não demorarei.
Maya bocejou e respondeu:
- Tome o seu tempo, vou dormir um bom tempo.
Cassian deu um beijo em sua testa e disse:
- Não demorarei, se você se sentir m*l, não hesite em chamar uma criada.
- Está bem, agora vá.
Quando Cassian saiu do quarto, a pequena fada que a estava seguindo apareceu de repente, voou ao seu redor e disse:
- Você parece muito m*l e não é por causa da viagem de carruagem, se não voltar à terra das fadas, morrerá.
- Você poderia parar de me lembrar que vou morrer.
- Faço isso para que não se esqueça.
- Pois não preciso que me lembre.
- Continuarei te lembrando até que decida voltar ou morrer.
- Então terei uma pequena fada da morte falando em meu ouvido todos os dias.
- Minha missão não é anunciar sua morte, é fazer com que entenda que deve voltar para seu lar.
- Aquele não é meu lar, nunca foi.
- É desde o momento em que jurou lealdade à rainha fada, está ligada à terra das fadas assim como à rainha, você sabe disso, o vínculo que as une não pode ser quebrado, todo o seu ser está dizendo isso, está gritando e continuará assim até que decida voltar.