Maldição do Meu Próprio Sangue

Capítulo 19

João Miguel

Depois do episódio da Agnes em minha casa eu mandei que ela não viesse mais me importunar, a não ser que fosse algo relacionado ao bebê, eu conversei com a Lívia e ela concorda com a Allana, eu sei que ela estava e está certa, se eu tivesse imposto limites aquela mulher a situação não teria chegado aonde chegou agora. Naquela noite eu observei a Allana e as crianças, e pela primeira vez eu vi minha chorar para poder dormir com alguém, eu sei que posso estar sendo um pouco injusto com eles, mas eu conversei com a Allana, bem eu pelo menos tentei, mas agora não consigo deixar de imaginar ela usando meu moletom sentada naquele balcão enquanto comia o bolo, se eu realmente não tivesse lembrado o motivo que me fez descer aquele noite talvez eu teria cometido um erro e poderia vir a afetar a minha filha, e isso eu não quero de forma alguma... Mesmo que Allana não seja a mãe que gerou agora ela é a mãe de Maria. Mas parando para pensar agora, Allana realmente trata a Maria como se fosse sua filha e uma prova disso foi a forma como ela defendeu da Agnes, sem se importar com nada apenas com o bem-estar da Maria Cecília, é admirável que ela apesar de nova tem uma maturidade surpreendente, para lidar com as situações.

-Ou João? João cara você está bem? – Voltei a mim com o Lorenzo me balançando.

-Hum… Claro que estou bem, por quê?

-Por quê?! Só pode estar de brincadeira comigo né, eu estou falando com você a meia hora e você apenas concorda com tudo que eu digo. – Falou indignado.

-Ainda não entendi o problema. – Esperei que ele explicasse.

-Cara você concordou em fecharmos a empresa e fazer uma pista de obstáculos para cachorro! – Ele me respondeu e senti que ele estava se divertindo com minha falta de atenção.

-Como é? Eu não concordei com nada disso, para de joguinhos Lorenzo! – Falei naturalmente.

-Claro, claro, tudo bem então me diga em quem estava pensando, não me diga que era na Agnes porque sei que você não a suporta! Nem sei como você foi engravidar justo ela, é azar demais cara.

-Eu estava pensando na palestra que iremos organizar nas faculdades seu i****a.

-Aí credo, você não muda mesmo né… Eu ainda tenho esperança de que você encontre alguém que mexa com esses seus neurônios que são viciados em trabalho!

-Eu encontrei e ela morreu já se esqueceu?

-Pode parar, eu não estou dizendo que você precisa esquecer a Luana, nem mesmo se quisesse você conseguiria a Maria Cecília é idêntica a ela, mas você precisa viver, e nem vem com essa de que está vivendo porque é uma mentira, a última vez que você saiu foi na virada do ano.

-É e deu no que deu eu acabei dormindo com a louca!

-Não usou proteção por que Filhote de búfalo!

-Lorenzo você é meu amigo, mas minha paciência tem limite!

-Correção meu caro melhor amigo.

-Desembucha logo, você só enche meu saco quando é para pedir alguma coisa.

-Certo, direto e reto esse é o João Miguel Hernandez.

-Lorenzo…

-Beleza, eu conheci alguém…

-Legal mais uma f**a para sua lista o que tenho a ver com isso?

-É que eu acho que dessa vez eu acertei.

-Espera um pouco um aí… não… Eu não acredito… Você não dormiu com ela ainda né!?

-O que? Eu quero fazer certo dessa vez… Eu a chamei para sair.

-Será que agora que você cria vergonha na cara e sossega. – Falei com um pouco de sarcasmo afinal Lorenzo nunca foi de ficar com uma mulher, não depois de terem feito ele de bobo, ele ficou deprimido por meses até ir em uma festa, beber feito doido e ficar com as amigas da garota que era ex dele.

-É sério Miguel, ela me chamou para ir em uma balada na próxima sexta.

-Tá bom, e onde mora o problema?

-É que ela disse que vai levar a amiga, então quebra esse galho para mim vai? – Ele me perguntou enquanto coçava a nuca e relaxava o corpo sobre a cadeira.

-É sério isso, um encontro duplo? Tá de s*******m Lorenzo, já superamos essa fase.

-Vai só dessa vez, se a garota for chata só tira ela da nossa cola e depois dá um perdido.

-Beleza… qual boate ela quer ir?

-Sério? Valeu.

-Fala logo antes que pense de novo e desista.

-Ela quer ir à Maison Rouge. – Olhei para ele com uma das sobrancelhas arqueadas, porque essa boate é a segunda mais famosa e bem reservada.

-O que é? É um local reservado e não vi problema nisso. – Ele está na defensiva aí tem.

-Você sabe muito bem o que acontece lá! Quer mesmo ir para lá?

-Sim, qual é nós fomos lá só uma vez e foi quando nós formamos na faculdade.

-Beleza. Agora vai embora que eu quero trabalhar.

-Eu também trabalho aqui, sabia?

-Nossa nem parece.

-Beleza estou indo então. – Apenas dei um maneio com a cabeça e voltei realmente minha concentração ao trabalho.

Acabei perdendo o horário do almoço, mas isso não é um problema já que consegui adiantar muitas papeladas e resolver algumas pendências com uns investidores, deixei quase tudo resolvido e pronto. Estava me levantando para ir entregar uns papéis a minha secretária para depois repassar para o Lorenzo, mas por alguma razão uma das pessoas pela qual eu divido meu ódio acabou de adentrar minha sala.

-Boa tarde João Miguel, como vai?

-Estava bem, mas meu dia acabou de piorar… O que faz aqui Álvaro?

-Surgiu um boato que você estava atrás de um novo sócio para aquele hotel que você não inaugurou ainda.

-E o que esse assunto te diz respeito? – Já estava perdendo a pouca paciência que tinha, ele só veio para tirar meu resquício de sanidade não é possível.

-Calma, eu só vim oferecer a minha nobre ajuda.

-Obrigado, mas dispenso.

-Fala sério João, quem vai querer entrar em um projeto que mesmo sem estar em funcionamento não vai dar certo?! Estou te oferecendo ajuda, seja menos ignorante e aceite.

-Sobre os meus projetos eu sei muito bem tomar de conta, não preciso desse seu dedo podre nos meus negócios, se não se importa pode se retirar!

-Você ainda vai implorar pela minha ajuda e eu estarei te observando afundar profundamente nesse poço!

-Já terminou? Agora pode ir então!

-Não sente remorso por estar vivendo sendo que sabemos muito bem que você matou a Luana!

-Não coloque o nome dele nessa sua boca suja!

-Ela era minha e você a tirou de mim, eu ainda irei retribuir esse pequeno favor!

-O que você está querendo insinuar Álvaro?!

-Espere e verá meu caro, agora eu vou indo, mas não se esqueça que antes de te derrubar eu te estendi a mão! – Ele se retirou com um sorriso ladino naquele rosto, esse cara testa todos os meus limites...

Decidi ir embora, ainda era 16 horas da tarde, posso aproveitar esse restinho do dia para ficar com a Maria.

Cheguei em casa e não ouvi barulhos, pode ser que minha filha esteja no quarto com a Luiza. Subi para os meus aposentos, tomei um banho vesti uma roupa mais leve e desci para ir à cozinha, ao me aproximar do local pude ouvir umas risadas, essas que conheço muito bem, entrei no local e me deparei com uma bagunça sem fim, Maria Cecilia toda suja de chocolate, e Lívia tentando limpar as portas do armário que também tinha sujeira de chocolate eu suponho.