Capítulo 16

1416 Words
O lugar escolhido para o encontro foi uma pizzaria bem familiar, próxima à casa de Peter. Era longe do bairro elitista de Harry, mas o rapaz tinha uma limusine a disposição para percorrer qualquer distância. E foi assim que ele chegou ao local, onde Peter esperava do lado de fora. — Peter! — o cumprimento veio caloroso — Parece que faz uma vida que eu não te vejo, cara! — Harry! — aproximou-se dele. Não negava o sentimento: tanto acontecera, Harry era como parte de um passado distante. Exceto que o “distante” se caracterizava por poucos meses... — Até que horas pode ficar? — Umas nove e meia no máximo. Vou encontrar com a Tia May. — Não se preocupe — Harry tirou o celular do bolso e discou para o motorista (que ainda estava sentado na limusine estacionada a quase três passos dos garotos) dando ordens claras para que, no horário certo, buscasse a velha senhora e a levasse em casa. Não seria a primeira vez. Com certeza nem a última — Prontinho! Nada de se preocupar agora. — Mas não posso ficar até tarde, a aula amanhã... — Meu Deus, Peter! Você está mais “nerd” do que eu me lembrava! Relaxa, a gente não se vê faz mais de quatro semanas. Tenho um milhão de coisas pra contar! E você? Peter acabou sorrindo. Era tanta novidade que talvez não conseguisse falar tudo. — Tem razão. — Seria excelente me apresentar o seu guarda-costas. — O meu o quê? — Esse cara aí colado no seu calcanhar... — e apontou. A expressão facial era um tanto consternada, muito provavelmente pela aparência do suposto “guarda-costas”. Peter virou-se para ver do que Harry estava falando e deu de cara com um familiar moletom. Quase saltou de susto. — Wade! De onde você saiu, cara? Não acredito que começou a me seguir de novo!! — De novo? — Wade sorriu suspeito — A gente nunca parou... — Cai fora! Harry limpou a garganta, ganhando a atenção dos dois. — Você seria...? — Wade Wilson. Me chame de Wade — ele passou braço pelos ombros de Peter e o puxou para perto de si — Crush do baby boy. — Meu crush?! Não viaja! — Hum, Prazer em conhecer, Wade. Sou Harry Osborne. Peter, meu velho amigo, com certeza você tem muito o que me atualizar — então virou-se para Wade — Quer comer pizza com a gente? Vou adorar conhecer o boy magia do meu melhor amigo... — HARRY! — A gente prefere tacos, mas pizza tá bom! — Traidor — Peter fuzilou Harry com o olhar e se deixou levar para dentro da pizzaria, tentando ignorar a risada divertida de seu suposto melhor amigo. Por sorte era cedo ainda, foi fácil encontrar uma mesa vazia. Indiferente ao fato de ser segunda-feira, a cidade de New York era uma loucura. Nem sempre se conseguia vaga (nem em um restaurante familiar) sem alguma espera. Uma garçonete anotou os pedidos e os deixou a vontade para que conversassem. — Muito bem, boy magia — Harry recostou-se contra a cadeira e cruzou os braços, semicerrando os olhos com desconfiança — Conte-me todos os detalhes sórdidos dessa relação, Peter Parker. Não ouse esconder nada. O garoto respirou fundo, tomando fôlego. Seria um longo monologo, todavia obedeceu. Contou como recebeu a tarefa de fotografar os alunos problema transferidos pro colégio, e a consequência de ter se aproximado de Wade. Falava enquanto afastava a mão do rapaz sentado ao seu lado, que arrumava qualquer desculpa para tocá-lo. A primeira rodada de pizza veio, momento em que pararam para comer e beber algum refrigerante. Contou sobre o clube de ciências, os Avengers e os almoços em que não estava mais sozinho. Por fim, contou sobre a festa a lá “nerds”, o primeiro porre e consequente ressaca. E o dia seguinte. Quando terminou, a segunda rodada de pizza já ia pela metade. — E é isso — Peter deu um grande gole na coca-cola — Toda a história sórdida. — c*****o, meu amigo... — Harry não sabia o que dizer diante de tudo o que ouvira — É assim que você se vira sem a gente por perto? — Podia ser pior — ele resmungou. — Petey, tem um pouco de molho na sua bochecha — Wade avisou — Pode deixar que a gente limpa... O rapaz não gostou nada do tom de voz usado na oferta, fez menção de pegar um guardanapo, mas Wade segurou seu rosto com as duas mãos e o puxou para perto, ficando óbvio que pretendia lamber-lhe o rosto. — WADE! Não... ouse... — ele começou a debater-se tentando livrar-se antes que o pior acontecesse. Harry pegou a latinha de coca e sugou pelo canudinho, olhando a cena com o interesse de quem vê uma premiere no cinema. E naquele puxa-foge-agarra-escapa, quando Peter deu por si estava quase sentado no colo de Wade, sendo lambido que nem um filhote de gato, enquanto não apenas Harry, mas quase metade da pizzaria assistia a cena. — Prontinho, baby boy. Sua pele ficou polidinha. Peter cobriu os olhos com a mão, muito ciente de que corava até as orelhas, sem que pudesse evitar. — Minha vida é uma fanfic — ele disse baixinho — É a única explicação pro que tem acontecido. Ou isso ou Deus me odeia muito. — Relaxa, Petey a gente só tava te marcando com meu cheiro — Wade disse antes de olhar atravessado para Harry. O capuz do moletom não permitia uma visão completa de seu rosto, mas havia algo ali que tornava clara a mensagem. — Não tenho intenção nenhuma com o seu “boy magia”, a não ser amizade — Osborne declarou — Mas sou do tipo que não gosta de ver seus amigos em situações que os faça sofrer. Capice? — Cara, gostamos de você. Tá aprovado com o novíssimo e recém-lançado “Selo Wade Para Amigos do Baby Boy” — e fez o sinal de “joia” com o polegar. — E você, Harry? Quais são as novidades? — Peter mudou o assunto, antes que Wade dissesse mais gracinhas. Esperou a resposta enquanto pegava um guardanapo de papel para passar no rosto, temendo estar todo babado. — Nada que se compare as suas! O colégio é muito chato, cheio de regras. Tem regras até para as regras! Não tem ninguém que valha a pena chamar de ‘amigo’. — E as suas notas melhoraram? SOSSEGA, WADE!! — Peter empurrou a mão do rapaz, que queria enfiar-lhe um pedaço de pizza na boca. — Vocês são uma figura! E as minhas notas estão medianas, desse jeito nunca vou entrar no MTI como meu pai tá esperando. — É só se dedicar mais — Peter agora se esquivava do canudinho da latinha de Wade, todavia acabou desistindo e aceitando um gole. Imediatamente, Wade imitou o gesto, sugando o resto do refrigerante. — Acabamos de ganhar um beijo indireto — ele piscou para Peter. — Santo Deus, Wade!! Harry apenas riu: — Precisamos fazer isso mais vezes. — De jeito nenhum! — Já tá marcado! Peter e Wade responderam ao mesmo tempo, ambos soando meio desesperados. Por motivos bem diferentes, claro. — Cara, tem certeza que não tá rolando nada entre vocês? — Harry não resistiu. Tinha presenciado seu amigo ser acariciado, abraçado, afofado, bajulado e lambido; sem que Parker tentasse a sério cortar qualquer tipo de contato físico. Ele esperneava, esperneava, mas continuava ali, ao lado do doido do moletom. — Com certeza não. — A gente tá se pegando pra valer — Wade puxou Peter de encontro ao peito — Trocando nudes na madrugada e toda essa baboseira romântica pra criar um clima, falta pouco pro Cherry Boy liberar a entrada do estádio e mudar de status. — Cala a boca, Wade. Não leva a sério, Harry. Deve ser hora de aumentar a dose de medicação... — Não precisa se preocupar com a gente, Petey. Enquanto as vozes não me mandarem queimar alguém ou arrancar os olhos de alguém com os dedos e fazer a pessoa engolir ou cortar o p***o de alguém só pra enfiar no r**o dele, tamo de boa. Terminou a frase ganhando olhares arregalados tanto de Harry quanto de Peter. Adorando tanta atenção, Wade Wilson cruzou as mãos atrás do capuz, na altura da nuca. — É como dizem por aí. Iorolei iorolei iorolei ji ju.
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