CAPÍTULO 22

1508 Words
Júlia Chagamos no Rio e minhas pernas já estão bambas, tenho até medo das coisas que me esperam. Mas a curiosidade é tanta, eu vim o caminho todo pensando em saber ou não saber quem é essa tal de Tainá. Meu demônio interior diz que pra mim ir atrás e arrebentar com ela, já meu anjo manda eu ficar na minha e esquecer o que passou. Mas por que será que eu acho que dessa vez quem tá certo é o demônio?! Desço do jatinho com a Vih no colo, minha bebê dormiu a viagem toda acordou só agora. Logo avisto o Rael escorado no carro, ele logo solta um sorriso ao me ver. Rael: E aí pequena Júlia: Oi, tudo bem? Rael: De boa, e essa princesa é a Vitória? Minha futura nora. Que linda Bruno: Puxou a mim. E nora um caralho Rael: Aí, falou a gatinha convencida! Nós rimos e entramos no carro, são 21:39 da noite e espero que o morro esteja bem calmo. Porém é sexta né, então, é bem difícil isso acontecer. Júlia: Rael, hoje tem baile? Rael: Não é amanhã, por que Ju já quer remexer o esqueleto? Júlia: Não, é o contrário Os meninos foram falando umas coisas bem doidas meio que em códigos, eu sei lá o que era, deve ser e sobre o tal problema do Bruno. Tenho até medo disso, espero não ser nada de mais. Assim que o Rael chega no pé do morro, um frio toma conta de mim. Lembro da primeira vez em que entrei aqui, eu boba pensava que meus problemas estavam resolvidos, mas que nada. O Rael sobe e vejo muitas pessoas olharem, os vidros do carro estão abertos e todos olham, essas pessoas sempre foram curiosas. Noto que o Bruno não olha muito pra fora, apenas abaixa a cabeça ou olha pra mim. Rael: Paro onde? Bruno: Na minha casa, ou não quer Ju? - me olha curioso Júlia: Sim, vamos pra casa O Rael segue e faz sinal pros vapores que ficam em frente a casa do Bruno. Logo a baixo é a casa da dona Célia, minha ex empregada, eu tenho saudades dela. Ela mora na mesma rua porém mais abaixo lá tem churrasco e é possível ouvir a música de longe. Confesso que senti falta dessa animação da favela onde eu moro é sempre muito quieto, todo mundo dentro de casa, difícil ver os vizinhos, bem diferente dessa muvuca aqui. Rael para o carro na garagem e eu desço e já subo logo pro quarto. Noto que a casa não é mais como antes. Tem móveis quebrados e tá bem bagunçada, suja na verdade. Fede a algo que não consigo entender, eu cuidava tanto, agora é só uma montanha de lixo. Entro no nosso quarto e o roupeiro não tem mais as porta, a TV já é outra, tá tudo bagunçado e a roupa de cama parece ser a mesma que de quando eu saí e o feder de chulé, maconha e roupa suja é horrível aqui dentro. Bruno: Tá bagunçadinho né? - ele sorri sem graça Júlia: Bagunçadinho?! Quanto tempo faz que tu não troca a roupa de cama ou faz uma limpeza nessa casa? E por que tá tudo quebrado? Bruno: Nunca tirei a roupa de cama, eu queria ficar com teu cheiro. E eu já falei que tive problemas longe de você né amor. - ele me dá um celinho e eu vou logo arrancando tudo aquilo sujo de cima da cama. Júlia: Tu não comeu nenhuma p**a aqui né!? - pergunto quando ele já ia saindo do quarto com a vitória. Bruno: Tá doida vida? Claro que não, essa cama pertence só a tu neguinha É, talvez pelo menos essa aqui sim. Arrumo tudo e já faço uma faxina no banheiro também. Depois de tudo eu passo pro quarto da Vitória mas lá tá tudo intacto. Nada mexido ou fora do lugar, me aperta o coração em pensar no Bruno, eu acredito que ele tenha sofrido eu sei que ele ama muito a filha e a mim também, e agora vendo tudo isso eu vejo que o sofrimento não foi pouco. Entro de novo no meu quarto e entro no banheiro pra um banho, agora sim dá pra chamar de banheiro. Tomo um banho gostoso, e visto uma roupa confortável, um shortinho de moletom e uma regata, deixo o cabelo solto e desço. O Bruno deu uma limpada na parte de baixo mas aí da bem sujo e cheiro r**m mas isso resolvo amanhã. Agora já tá bem tarde e eu tô cansada. Na escada já é possível ouvir a voz das meninas, a Amanda e a Jéssica que ao me ver correm pra um abraço apertado. Jéssica: Que saudade sua louca, por que tu me deixou?! - resmunga com os olhos cheio de lágrimas Júlia: Me perdoa - sussurro e beijo a bochecha dela - Cadê o Bruno? - pergunto olhando ao redor Jéssica: No escritório com o Rael. Mas e aí amiga, conta tudo não nos esconda nada. Júlia: Bom, na verdade é vocês quem tem que me contar não é mesmo? - as duas se olham e eu já piro, não gosto que me escondam nada. Jéssica: Eu vou contar! - diz olhando pra Amanda que faz sinal que sim com a cabeça. Ela me contou tudo, absolutamente tudo, até sobre ela e o Rael irem embora do morro, por que o Rael não quer mais ficar perto do Bruno. Eu ouço tudo quieta tanto assimilar que eu acabei de ouvir. Então essa Tainá é a menina que eu vi com ele, e o pior foi que ele continuou com ela durante esses três anos. E a vaca ainda se acha a fiel. Amanda: Mas amiga, eu sou testemunha viva que ela sofreu nas mãos dele viu. O Menor e o Rael sempre falavam que ele não ficou com ela esses anos porque quis, foi pra se vingar. Ele quase matou várias vezes. Júlia: Pra se vingar!? - debochou - O que um não quer, dois não fazem. Ou o pobrezinho do Bruno foi estuprado!? Jéssica: Vai entender. Também acho loucura! A Amanda tenta contornar a história, mas não tem jeito, eu tô com muito nojo. Os meninos saem do escritório e eu faço cara de paisagem, mesmo sendo difícil. Júlia: Gurias vamos no seu Zé buscar uma coca? O Bruno me olha confuso e eu não aguento olhar pra ele, tenho nojo desse cara. Jéssica: Vamo Pego dinheiro e saio de casa, eu preciso de um ar, tô tonta não dá nem pra respirar é muita informação e tudo de péssima qualidade. Desço a rua e vejo dona Maria que ao me ver vem me abraçar Dona Maria: Julinha! Júlia: Que saudade da senhora. Converso com dona Maria que me distrai um pouco, mas mesmo assim continuo com raiva. Raiva essa que tá acumulada a anos, do Bruno eu me vinguei, mas dessa Tainá não. Tô com muito ódio, nós entramos na vendinha do seu Zé e pedimos o refrigerante. Logo uma menina loira entra, ela ta com o rosto arranhado e o olho meio roxo. Jéssica: Oi Tainá A menina se vira pro nosso lado ficando assim cara a cara comigo, então essa v***a é a Tainá. Não me contenho, é nela que desconto todo o ódio que tô sentindo. Júlia: Então tu é fiel do Bruno que me expulsou do morro!? Tainá: Ele escolheu ficar me comendo do que ir atrás de você, então - ergue as mãos em sinal de rendição, e eu na hora vôo nos cabelos dela. Dou tapa dos dois lado da cara da v***a, enquanto sou aplaudida pelas gurias. Atiro a Tainá no chão e chuto ela que grita, e ninguém se mete. Até por que eu sou patroa dessa p***a toda. E se alguém se meter vai levar também. Depois de um tempo eu paro e me viro pra sair do bar, mas ao olhar pra porta vejo o Bruno parado de braços cruzados me olhando. Continuo e paro na sua frente. Júlia: Veio ver tua p*****a apanhar!? Saio dali com muita raiva, eu sabia que não deveria ter vindo pra cá. Bruno: Vida espera, vamo de carro. Júlia: Não! Me solta! Vai ficar com ela! - ele segura meu braço e me vira pra ele e segura minha cabeça com as duas mãos fazendo olhar pra ele. Bruno: Amor desculpa, eu devia ter te contado. Júlia: Devia ter ido atrás de mim também, mas não, ficou com ela! Bruno: Não queria te machucar mais linda. Eu não quero mais choro, com minha cabeça encostada no peito dele, ouço o Bruno dizer que é pra não olharem e saírem dali. Nem me importo com plateia, essa Tainá tem toda razão ele não foi atrás de mim, ele preferiu ficar com ela. E a verdade é que eu não queria, mas nunca superei a ideia dele ter ficado todos esses anos sem nem mesmo querer contato comigo e hoje eu descobri o porque
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