Júlia
É mês de agosto, e no sul essa época do ano faz muito frio. E como o Bruno não está acostumado ele passa o tempo todo choramingando que vai congelar.
Júlia: Bruno para de viadagem! - ele vira o rosto rápido pra mim, e me observa com uma sobrancelha erguida.
Bruno: Repete! - sorrio mas ele se mantêm firme, pelo menos tá tentando.
Júlia: Vai logo tomar banho Bruno, não é pra tanto também né, eu vou deitar.
Entro no quarto e deito na cama, foi difícil pra Vitória ficar no quarto dela, ela ta muito feliz com o pai aqui e não quer desgrudar e nem eu, na verdade viramos 3 grudes mas não posso dizer que não tenho medo ou desconfiança, por que ser traída não é fácil e eu vivo desconfiada. E sempre que eu penso nele com outra eu fico com muita raiva. Mas também pude ver que o Bruno realmente está arrependido, eu amo ele, ele me ama, nós temos uma filha que é apaixonada pelo pai, então nada mais justo que tentar. Deixei bem claro que será do meu jeito e ele concordou
Bruno: Quase morri! Eu enfrento tiroteio sem armas, mas banho nesse frio não dá! p**a que pariu! - solto uma gargalhada, esse meu ogro é uma figura mesmo.
Júlia: Tu diz isso agora, na hora eu quero ver se vai mesmo. - ele deita na cama e me abraça, eu coloco a cabeça em seu peito e ele faz cafuné. Nada melhor que isso
Bruno: Eu te amo infinitamente
Apenas solto uma risada sem graça, toda vez que ele me diz isso eu desconfio, eu não quero, na verdade eu queria mesmo é esquecer tudo, apagar o que passou e recomeçar do zero com meu amor. Mas não dá, as lembranças vem a todo instante e eu sou um ser humano né, e tá tudo muito recente, a volta do Bruno, esse nosso recomeço. Tá difícil só esquecer
Bruno: Hoje não foi fácil né amor
Júlia: Não mesmo
Meus olhos inundam em lembrar das palavras do meu pai. Hoje a tarde ele veio aqui ver a Vitória, e quando viu o Bruno me perguntou o que ele tava fazendo aqui. Eu não menti pro meu pai, não posso mentir pra ele. E então ele me jogou várias coisas na cara.
Disse que nunca mais quer me ver, que eu nasci mesmo pra ser mulher de bandido, que eu gosto de apanhar e ser traída. Eu amo meu pai, eu queria que ele entendesse que eu amo o Bruno e ele é pai da minha filha.
Mas realmente ele é um bandido, e eu não quero nem pensar em como vai ser quando a Vitória ficar maior em ter que explicar pra ela tudo sobre a vida do pai, de onde saiu o dinheiro pra pagar os estudos, do porque o pai tem restrições em andar na rua, ter que viver se escondendo. Por que isso vai acontecer, já acontece e nunca vai mudar. Porque o Bruno nunca vai deixar de ser bandido
Bruno: Amor para, chega, com o tempo ele vai entender - limpa minhas lágrimas e me beija.
Júlia: Ele tá certo, tu é um bandido. Como vai ser quando a Vih crescer e entender que o pai dela mata pessoas?
Bruno baixa a cabeça e solta um suspiro demorado, eu sei que mexi com ele. Mas esse assunto é necessário, ele realmente faz isso.
Júlia: O que tu quis dizer com fez muita merda quando tava longe de mim Bruno? - quebro o silêncio, e ele me olha.
Bruno: Nada de mais. Só meu jeito Picasso de ser - da de ombros
Sei que ele tá mentindo, eu olho pra ele que tenta disfarçar olhando pros lados. Mas eu descubro, não precisa ser agora mas descubro sim
Me ajeito na cama, ficando assim de costas pra ele, que imediatamente passa as mãos na minha b***a arrancando gemidos.
Júlia: Amanhã eu quero o número da Amanda - ele não me responde, e eu tô tensa não tô pronta pra sexo, a cena dele como aquela p**a não sai da minha cabeça. - Amor para!
Bruno: Por que Ju, vamo fazer mais gostoso que hoje cedo
Júlia: Bruno não dá, eu não consigo - sento na cama, e olho pra ele que senta também me encarando firme. - Não foi fácil ter te visto com outra Bruno. Aquela cena me perturba por anos, quando eu te beijo eu penso em tu beijando outra. - ele abaixa a cabeça e me ouve, sem dizer nada. Ele sabe que tenho razão. - Não dá pra esquecer tudo de uma hora pra outra amor. Eu te amo e quero tentar mas entende. Dá nojo em pensar em tu com outra.
Bruno: Eu sei, e mais uma vez, perdão. Eu espero tu estar pronta.
Deito novamente porém agora virada pra ele, e abraço meu ogro que despeja um beijo na minha cabeça.
Júlia: Só vê se não me trai de novo! - ele suspira incomodado, e eu nem ligo.
Bruno: Boa noite Júlia
Júlia: Boa noite ogro
Bruno: que?
Ele me pergunta sorrindo e eu não respondo. Só quero dormir nos braços do meu Shrek, e esquecer um pouco de tudo o que tenho passado.