O DONO DA PO**A TODA 2° A REDENÇÃO

CAPÍTULO 35

Bruno

Acordo no meio da noite assustado, mais uma vez os terríveis pesadelos me assombrando.

Levanto e vou até a cozinha tomar água, sai do hospital tem três dias, é estranho, tudo é estranho eu não lembro de nada. São só flashes quando lembro o nome não associo a pessoa, quando lembro da pessoa não sei o nome. Os nomes que nunca esqueci são Rael, Júlia e Vitória mais nada. Aos poucos estou entendendo quem é quem, descobri que esse Rael e meu amigo de infância, ele é muito legal pessoa boa e tem um coração enorme, já a Júlia é minha mulher menina linda e maravilhosa está me ajudando muito, não me admira em nada eu ter me apaixonado por ela um dia. Mas mesmo nos já sendo casados eu não vejo assim, é estranho de repente você acordar e saber que tem esposa, filha, quando na verdade você não sabe seu nome, não sei em que trabalhava, nem nada.

Eu já perguntei, mais a Júlia só enrola, nós moramos em um lugar estranho que as vezes me vem aquelas lembranças nojentas na mente.

O médico disse que seria assim até eu lembrar de tudo certinho, as lembranças viriam conforme eu conversasse com as pessoas ou passar em lugares em que vivia. Depois que eu vim pra essa favela foi pior, cenas horríveis vem a todo instante na minha cabeça, pessoas sento morta a facadas, tiros, esquartejadas e até mesmo queimadas vivas.

Não sei por que isso me vem a mente, não consigo me imaginar participando de uma coisa dessas.

Júlia: Bruno, tá bem amor?

Me assusto com a voz meiga da Júlia me chamando, ela é um anjo mulher sensacional, que além de linda é companheira

Bruno: Apenas um pesadelo, só mais um - digo dando de ombros e largando o copo na pia - Me diz uma coisa, essa casa é minha mesmo? De verdade?

Júlia: Sim de verdade, quando nós ficamos juntos tu já morava aqui

Bruno: E de onde eu tirei dinheiro pra comprar essa casa? Ela é enorme.

Hoje pela tarde eu já havia pensado nisso, essas lembranças que me atormentam, essa casa linda e esses caras com armas pra cima e pra baixo. Tudo isso me assusta, penso que realmente posso estar envolvido em mortes pra ter conseguido tudo isso.

Júlia: Não sei vida, como eu disse tu já morava aqui

A Júlia baixa a cabeça e sei que ela tá mentindo, isso me dá raiva muita raiva. Bato forte na bancada em que a Júlia está sentada e ela se assusta.

Júlia: Que isso!?

Bruno: Para de mentir pra mim! - digo com raiva e me aproximo mais dela, que desce assustada já com lágrimas nos olhos.

Júlia: Não vem! Fica aí tu não vai me machuca!

Ela corre pra sala e ouço os passos dela subindo as escadas, mas o que foi isso!? Poxa vida, será mesmo que ela pensou que eu pudesse fazer algo com ela? Jamais levantaria minha mão pra Júlia ou pra qualquer outra mulher.

Vou até a sala e sento no sofá, o dia já está quase amanhecendo e resolvo que não volto mais pro quarto, por hoje fico aqui mesmo.

*********************************

Júlia

Me atiro na cama e choro, tudo isso que tá acontecendo tá tão difícil pra mim.

Primeiro o Bruno fica em coma durante oito meses, e eu quase perco meu ele, e agora ele não lembra de nada, e vive estressado por conta disso.

O Bruno faz várias perguntas sobre várias coisas e já não sei mais o que responder, não quero contar que ele era chefe do tráfico e que matava pessoas, não quero que ele volte a ser o que era. Eu tenho esperança de que ele mude, mesmo ele demonstrando todo dia que a personalidade continua a mesma, ele pode não lembrar, mas as falas, os gestos e o estresse continuam o mesmo. Eu tenho medo de que logo ele volte pra mesma vida de antes, por mim eu já teria voltado pro Sul mas ainda preciso ficar aqui mais alguns dias

Atitudes dele como essa de agora a pouco me assusta, e muito, e se volta a ser comigo o mesmo psicopata que foi lá no início do relacionamento quando me obrigou a ficar com ele!? Eu tenho medo disso.

Pego no sono em meio ao choro e a tristeza.

Acordo com barulho no banheiro, e me sento na cama logo o Bruno sai e me olha e rapidamente vem até a cama e senta ao lado, pegando minha mão.

Bruno: Júlia, me desculpa se fui rude com você essa madrugada. Eu não queria te assustar, apenas quero entender quem sou

Júlia: Tudo bem, eu também estou nervosa com toda essa situação. Mas nós dois juntos vamos superar tudo isso, só que eu já disse tem coisas que não sei se é hora pra tu ficar sabendo.

O Bruno me olha confuso, eu sei que uma hora tenho que falar, eu querendo ou não.

Bruno: Mas é minha vida baixinha. Eu preciso completar esse quebra cabeça gigante que tá montado na minha mente

Ele me diz acariciando meu rosto, eu fecho os olhos ao sentir seu toque, é tão bom, Bruno não é o mesmo comigo tanto que nós ainda nem transamos ou se quer dormimos na mesma cama, as roupas dele estão aqui no quarto e ele usa o mesmo banheiro as vezes mas dorme em um quarto de visita. E tá tudo bem, quando foi eu ele esperou então eu espero quanto tempo for preciso. Sexo é o de menos em uma situação dessa.

Até por que deve ser difícil tentar viver normalmente com alguém que tu nunca tinha visto na vida, ainda mais pro Bruno de agora que é todo certinho.

Júlia: Tudo bem, eu conto tudo - só espero não tá fazendo merda.

Conto absolutamente tudo pro Bruno, até mesmo como nós ficamos juntos e tudo mais, ele não esboça reação alguma, apenas me observa atento.

Júlia: E é isso!

Bruno: Então é por isso que quanto mais eu olho pra esse morro, mais cenas horríveis me vem a mente. Mas como eu pude fazer tudo isso, não consigo pensar em algo assim.

Júlia: Mas agora tu é diferente, é um novo Bruno agora é hora de começar do zero, comigo com nossa filha.

Bruno: Minha filha, é estranho isso, minha filha. mas eu já amo aquela pequena sapeca - ele tá triste com tudo que eu contei, mas pelo menos agora consegui sorrir um pouco. - É horrível saber que fui tão r**m, mas já imagina, mesmo não gostando. As lembranças que tenho, a adrenalina em mim, as vontades, curiosidade. É como se tivesse muita saudade de algo que nem sei bem o que é. Talvez seja da minha antiga rotina - um nó se cria na minha garganta

Júlia: A gente tem uma casa no sul, na minha cidade natal quem sabe a gente vai pra lá?

Bruno: Seria bom, chega de ser m*l e viver na maldade. Eu não quero isso

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