Provo o ponche e sou surpreendida pelo sabor intenso de abacaxi, com pequenos pedaços da fruta que se misturam delicadamente ao frescor da hortelã. O açúcar está na medida certa, doce sem ser enjoativo.
— Hum, aprovado! Está realmente muito bom! — digo, lambendo os lábios.
Jason abre um sorriso satisfeito.
— Que bom que gostou. Fui eu que fiz.
— Sério? — Olho para ele com surpresa e admiração.
Karen, que até então estava ao nosso lado, parece perceber o clima entre nós e decide se afastar.
— Vou dar uma circulada — ela diz, tentando sorrir.
Assinto, entendendo que ela precisa de um momento sozinha.
Jason me observa, intrigado.
— O que há com ela? Não parece muito animada.
— Ah, impressão sua — respondo, não querendo entrar em detalhes. Sei que ela ainda está processando a cena de Jake com outra garota.
Jason se aproxima um pouco mais, os olhos cor de mel fixos em mim.
— Você está linda — diz ele, analisando meu visual. — Adorei esse estilo roqueira.
— Verdade? Mesmo quando estamos rodeados por uma vibe disco e roupas românticas?
Ele dá de ombros, despreocupado.
— Nunca fui muito ligado à moda. Acho que cada um deve ter seu próprio estilo.
Dou um meio sorriso, divertida.
— Concordo, cowboy. Mas eu não sigo nenhum estilo específico. Uso o que me dá vontade no momento.
Jason semicerra os olhos, como se tentasse me decifrar.
— Gostaria de sair com você mais vezes. Que tal me passar seu telefone?
Dou uma risadinha e respondo:
— Pega com o Jake, ele tem.
— Ah, verdade. Afinal, o pai dele e o seu são amigos — ele diz, se lembrando.
Jason dá um passo à frente, ficando próximo o suficiente para que eu possa sentir seu perfume. É uma mistura surpreendente de eucalipto e couro, que me faz fechar os olhos por um segundo, apreciando o aroma.
— Gostei muito de dançar com você outro dia — ele comenta, os olhos brilhando de uma forma que quase me faz esquecer onde estamos.
— Eu também — respondo, desviando o olhar por um momento, um pouco constrangida com a intensidade que sinto entre nós.
Jason sorri, percebendo minha timidez, mas não recua.
— Gostaria de repetir a dose. Quando tocar uma música mais lenta, me concede essa dança?
Sorrio para ele, sentindo meu coração bater um pouco mais rápido.
— Claro, por que não?
Continuamos conversando por alguns minutos, falando sobre trivialidades, até que "Easy" dos Commodores começa a tocar. Jason não perde tempo e estende a mão para mim.
— Vem — ele diz, me puxando suavemente para o centro da sala.
Aceito, e logo estamos dançando juntos. Outros casais se juntam a nós, embalados pela melodia suave. Jason coloca uma mão firme nas minhas costas, me guiando com naturalidade. Tento relaxar, mas minha mente ainda está em Karen. Me sinto inquieta, preocupada com o que ela pode estar sentindo.
Jason percebe o meu desconforto e pergunta, baixinho:
— O que foi?
Levanto o rosto para encará-lo, e os olhos dele estão cheios de preocupação genuína.
— Estou preocupada com a minha amiga — confesso, olhando ao redor da sala, procurando por Karen.
Jason me dá um sorriso compreensivo.
— Ela vai ficar bem. Ela deve estar se divertindo. Não se preocupe.
Assinto, mas ainda assim, não consigo afastar o nó de preocupação que se forma no meu peito.
Jason me puxa um pouco mais para perto, me oferecendo um consolo silencioso. E pela primeira vez na noite, deixo que ele me guie na dança, tentando me perder na música e esquecer, ao menos por alguns minutos, as preocupações que insistem em me acompanhar.
Jason me puxa para mais perto, me fazendo repousar a cabeça no ombro dele. Por um momento, deixo que meu corpo relaxe ao ritmo da música, mas minha mente continua inquieta, cheia de pensamentos sobre Karen. Quando a música termina, me afasto suavemente dele.
— Me dá licença — digo, quase apressada, e antes mesmo de ele responder, saio em busca da minha amiga.
Encontro Karen encostada em um canto da varanda, com o olhar perdido e um semblante abatido, como quem acabou de provar algo amargo e desagradável.
— E aí? — pergunto, me aproximando.
Ela suspira profundamente, seus olhos brilhando de frustração.
— Aí nada — diz, fungando discretamente. — Mas você está indo muito bem com o cowboy.
— Ele é legal, mas é só isso — respondo, tentando tranquilizá-la.
Karen dá uma risadinha sem humor e baixa o olhar.
— Bem que você me avisou... Quando ele nos convidou para essa festa, pensei que talvez ele estivesse interessado em mim, que ele sentia algo diferente. Foi um engano, né?
Seguro seu braço, dando um aperto de leve.
— Esquece esse cara! Ele nem merece a sua tristeza. Ele te viu uma vez, o que esperava? Que ele se apaixonasse à primeira vista? Olha, caras assim fazem você se sentir especial só para depois decidirem que você não é mais interessante. Você se livrou de uma grande decepção amorosa.
Ela respira fundo, como se tentasse absorver minhas palavras, e depois solta um suspiro de alívio.
— Você tem razão. Vamos nos divertir, então!
— Assim que se fala! — digo, sorrindo. Nesse momento, começa a tocar "What Is Love" do Haddaway. — Ah, adoro essa música! Vem, vamos dançar!
Puxo Karen para o meio da sala, e começamos a dançar juntas, rindo e aproveitando a energia da música. Enquanto giramos na pista, meus olhos procuram por Jason. Ele está encostado em uma parede, me observando intensamente, embora uma garota ao seu lado faça de tudo para chamar sua atenção. Ele apenas dá um sorriso para mim, diz algo à garota e se aproxima.
Jason pega minha mão e, num movimento rápido, começa a me rodopiar no meio da sala. Dou risada enquanto me deixo levar pela dança. É uma sensação boa, uma leveza que eu não sentia há muito tempo.
Quando a música termina, seguimos juntos para a mesa de salgados. Experimentamos alguns canapés inusitados, rindo das combinações de sabores. Passamos a próxima meia hora dançando, conversando e nos divertindo. Aos poucos, Karen encontra um rapaz que a faz sorrir novamente. Vejo os dois conversando animadamente, e percebo que ela está, finalmente, relaxando. Antes de irmos embora, eles trocam telefones, e fico feliz por vê-la recuperar o brilho no olhar.
Eu meneio a cabeça, achando engraçado como as coisas podem mudar tão rápido. Quando olho para Jason, ele sorri para mim, com aquele jeito meio desajeitado e charmoso.
— Bem, vou indo — digo, sentindo o cansaço começar a pesar.
— Foi um prazer te rever — ele responde, ainda sorrindo.
— O prazer foi meu — digo, sincera.
Ele dá um passo à frente, hesitante.
— Posso te ligar? — pergunta, com um sorriso esperançoso.