Daniel...

1087 Words
—O que foi? —Jason pergunta e eu nem olho para ele, ainda estou encarando Daniel, imóvel. Meu corpo inteiro parece ter entrado em colapso. O ambiente ao meu redor desaparece, e eu só consigo focar nele. O coração começa a bater mais rápido, uma mistura de emoções que não consigo controlar. Daniel está ali, em meio à festa, com a bandeja nas mãos, servindo um casal com uma postura calma e controlada. Nada me preparou para vê-lo dessa forma — tão distante, tão diferente, mas ainda assim, com aquele magnetismo inconfundível que sempre me pegou de surpresa. Eu me forço a retomar a consciência, a voltar para o presente, mas é impossível não sentir aquele turbilhão de sentimentos que me envolvem. Como ele pode estar aqui? Justo aqui! Ele, com sua aura selvagem, agora ali, servindo e se misturando entre pessoas que parecem tão diferentes dele. Uma parte de mim se sente desconcertada, outra se sente atraída, e outra, uma terceira, simplesmente não consegue entender por que ele faz meu mundo virar de cabeça para baixo assim. Jason percebe a minha reação. Seu olhar segue o meu e, ao ver onde meus olhos estão fixos, ele sorri, sem saber exatamente o que se passa comigo. Não sou capaz de sorrir de volta. Meus olhos não conseguem se afastar de Daniel. Não importa se ele está diferente, mais arrumado, mais distante. Ele é o Daniel, e isso é o suficiente para mexer com tudo dentro de mim. Jason, tentando ser cortês, coloca a mão em minha cintura e me puxa levemente. Seu toque é gentil, mas não há como eu não me sentir distante, como se uma parede invisível se levantasse entre nós. Minha mente está em outro lugar agora, longe da festa, longe de qualquer outra coisa. Apenas Daniel e o impacto de vê-lo ali, trabalhando como um garçom, me dominam por completo. Não sei o que fazer, não sei se devo ir até ele, ou se seria melhor ignorá-lo, seguir em frente e esquecer tudo o que ele representa para mim. Mas é impossível. Eu sou atraída como uma mariposa pela luz, e a luz ali, naquela festa, é ele. — Você está bem? — Jason pergunta, seu tom de voz carregado de preocupação. Eu não respondo de imediato. Tento puxar a respiração, tentar entender o que se passa dentro de mim. Mas não consigo. Apenas consigo olhar para ele, tentando entender o que ele está fazendo aqui, o que ele representa agora na minha vida. A dúvida me consume, uma mistura de sentimentos que eu não sei mais como lidar. — Não é nada — respondo, minha voz quase inaudível, mais para mim mesma do que para ele. Jason, que parece não perceber a profundidade da minha perturbação, sorri e começa a caminhar na direção de Jake. Eu o sigo, mas a cada passo que dou, uma parte de mim permanece ancorada naquela visão de Daniel, com sua presença silenciosa, mas imponente. Ele não olha para mim. Não faz nada. Ele simplesmente continua a fazer seu trabalho, mas mesmo assim, parece ser o centro de tudo ao meu redor. Chegamos até Jake, e a visão de Daniel começa a desaparecer entre os convidados. Mas ele ainda está ali, em minha mente, como uma sombra, algo que eu não consigo deixar ir. Jake, ao nos ver, abre um sorriso largo, mas seus olhos logo caem em Jason, que já está tentando puxar conversa com ele. Eu fico quieta, absorvendo a situação, tentando processar tudo. Por um momento, fico com a sensação de que nada ali faz sentido. Tudo parece deslocado, como se eu estivesse vendo a festa de fora, sem realmente fazer parte dela. A música, as risadas, a conversa fluindo ao meu redor, tudo parece se dissolver em um borrão distante, enquanto eu me concentro apenas na figura de Daniel, que permanece na minha mente como uma obsessão. — Vamos dar uma volta? — Jason sugere, puxando-me gentilmente pelo braço. Eu aceno com a cabeça, sentindo o peso da sua mão sobre mim, mas a vontade de me afastar e encontrar Daniel me chama de volta. Meus pés hesitam, mas, finalmente, me deixo ser guiada por Jason, tentando esquecer, por um momento, o que eu realmente queria fazer. O que eu realmente queria é confrontar aquela sensação de vazio, de incompletude que Daniel sempre me causou, mas talvez eu nunca tenha coragem para isso. —Quem é ele? —Ouço a voz de Jason muito longe. Eu o encaro. —O quê? —Quem é esse casal, é o cara que te abalou? —Não, eu nem conheço esse casal. Eu volto meu olhar para Daniel. Seus olhos de repente encontram os meus e então, ele me reconhece. Ele para de andar abruptamente e seus olhos encaram Jason. Eles se medem com os olhos. Jason percebe a causa do meu abalo. — Jason, eu vou lá falar com ele. Sem ouvir sua resposta, caminho com passos seguros até Daniel. Ele está parado ainda ali. Sua barba está crescida. Como ele é lindo.... Engulo em seco, sorvendo sua linda imagem. O uniforme branco o deixa mais bonito. A cabeleira castanha está bem penteada para trás. —Oi. —Sussurro, o coração agitado. Posso sentir a tensão entre nós, como um fio invisível conectando os nossos corpos. O olhar de Daniel se intensifica, como se o tempo tivesse parado, e o resto do mundo simplesmente desaparecesse. Não há mais festa, não há mais ninguém. Só ele e eu. A eletricidade que sempre existiu entre nós é agora um campo invisível que nos mantém presos um ao outro. Eu o encaro, sentindo a onda de sentimentos contraditórios dentro de mim. Parte de mim quer correr para ele, outra parte me diz para dar um passo para trás. Mas algo dentro de mim não me deixa ir embora, me faz querer mais. Eu sinto a presença dele em cada célula do meu corpo. O que é isso que ele provoca em mim? Eu nunca tive uma explicação racional para isso, e nem quero. A expressão de Daniel é mais dura do que antes, mas ao mesmo tempo, há uma vulnerabilidade que não consigo ignorar. Ele está ali, em pé, com a bandeja nas mãos, e eu quase posso ver a luta interna que ele está travando. Ele tenta manter a postura firme, mas sua respiração está mais pesada, como se estivesse tentando manter o controle, algo que, por algum motivo, ele não quer perder diante de mim.
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