— Eu sei. — Minha voz sai calma, quase como uma resposta que não precisa de mais palavras.
Eu sei o que ele está dizendo, e, de algum modo, isso só me faz querer mais. Quero entrar no seu mundo, quero entender. Mesmo que ele ache que não tem nada a oferecer, eu sei que há mais nele do que qualquer lugar ou condição poderia mostrar.
— Sabe? O que faz aqui então? s**o? É isso que quer de mim? É esse tipo de emoção que veio procurar? — Ele questiona, os olhos se fixando nos meus, procurando alguma resposta que ele provavelmente teme encontrar.
Suas palavras me ferem, me desafiam, mas não me afastam. Pelo contrário. Elas só me fazem mais determinada.
— Não. Eu gosto de você e te levo a sério, apesar de toda essa feiura ao seu redor. — Digo, a intensidade da minha voz revelando a verdade que eu mesma m*l consigo acreditar.
Eu vejo a surpresa no rosto dele, o modo como ele parece atordoado, como se não soubesse o que fazer com as palavras que saem da minha boca. Ele balança a cabeça em negação, parecendo em pedaços, como se estivesse tentando se afastar de algo que, na verdade, o atrai.
— Kate. — Ele diz, com um suspiro profundo, como se estivesse tentando se acalmar, mas seus olhos brilham com uma intensidade que me faz querer mais. — Você é uma garota para ser levada a sério. E agora, não me encontro em condições nenhuma disso. Não quero ser um homem como meu pai. Eu o odeio pelo que ele fez minha mãe passar. Brigas feias por falta de dinheiro, cada dia mais se deteriorando. Então, um belo dia ele encontrou uma viúva rica e nos deixou. Esse é o meu grande exemplo com relacionamentos sérios.
Eu respiro fundo, sentindo o peso das palavras dele, como se elas me invadissem com toda a força de sua dor.
— Daniel, nós podemos tentar. — Eu me aproximo, estendendo a mão e tocando suavemente seu rosto, como se esse gesto fosse minha forma de curar suas feridas. — Podemos ir devagar, sem apressar as coisas. O importante é ficarmos juntos.
Ele tira minha mão do seu rosto com uma leveza que me faz sentir como se tivesse invadido algo privado, e o maxilar dele fica tenso, a expressão dele é dura, negando silenciosamente qualquer tentativa de suavizar a situação.
— Eu não posso fazer isso. Eu não tenho um futuro, e o seu é lá fora. Isso que quer é amor e uma cabana, Kate. Mas ele destrói as pessoas. Não devemos ficar juntos, caso contrário, vamos arruinar tudo o que somos, até não restar mais nada, somente coisas ruins.
Eu olho para ele em um silêncio atordoado.
—Você está enganado comigo Daniel. Eu não sou assim.
Ele me dá um sorriso triste.
—No começo tudo são flores. Então vem a rotina, o desgaste, e o encantamento do relacionamento tende a sumir. Isso é apenas como eu sou, Kate. Eu sou uma maldita catástrofe e você se afundará comigo.
Meu coração fica pequenininho no peito.
—A escolha é minha. Tenho idade suficiente para decidir por mim mesma o que eu quero e é você. —Eu digo, me aproximando mais dele.
Posso ver a luta que ele combate para não me beijar. Na sua indecisão, eu decido por ele e erguendo minhas mãos puxo sua cabeça para mim. Sua respiração se agita e finalmente ele me traz para junto de si, seu braço em volta da minha cintura, trazendo-me para mais perto. Eu estremeço de prazer, ele parece notar isso, pois sorri de leve. Então, ele move os fios do meu cabelo do meu rosto. Eu estou quase sem respirar, de frente para ele, enquanto Daniel olha para mim com ambas as mãos tocando levemente minhas costas. Seu rosto está próximo e ele tem aquele olhar. Nele diz que me quer, tanto quanto eu o quero.
—Kate. —Ele diz rouco antes de tomar meus lábios com voracidade. O beijo dele é urgente, voraz, como se as palavras e os medos tivessem desaparecido, sendo substituídos apenas pela necessidade de sentir, de existir no calor de nosso toque. Cada movimento do seu corpo contra o meu é um puxão de energia que me deixa sem fôlego. As mãos dele, firmes e ao mesmo tempo delicadas, exploram minha pele, desenhando linhas de desejo em minha carne, fazendo meu corpo reagir de maneira que nunca imaginei. Eu tremo contra ele, e o simples contato da sua pele com a minha me faz perder o equilíbrio, como se todas as minhas forças fossem drenadas para aquele momento.
Ele me puxa para mais perto, e sinto sua respiração quente contra minha pele, sua presença, tão intensa, invadindo todos os espaços. Ele me faz perder a noção do que acontece à minha volta, me prendendo a ele de uma maneira que não posso, nem quero, escapar. A pele de Daniel contra a minha me faz sentir coisas que eu m*l posso compreender. Um fogo que me queima e me consome, ao mesmo tempo que me oferece uma sensação de completude, como se finalmente estivesse em algum lugar onde pertencesse.
Eu respiro com dificuldade, cada inalação é um convite à intensidade de tudo o que ele me faz sentir. Suas mãos percorrem minha cintura, subindo lentamente, como se ele estivesse se convencendo de que não pode mais resistir. Cada toque, cada carícia é como um comando, algo que eu não posso controlar, algo que só me faz querer mais.
— Eu não posso parar, Kate. — Ele murmura entre nossos beijos, sua voz rouca e cheia de desejo. — Eu sei que estou te arrastando para o fundo comigo, mas não consigo parar.
Eu o escuto, mas não posso deixar que ele pense que isso é um erro. Não agora, não enquanto o desejo explode entre nós, não enquanto o mundo lá fora parece não existir mais.
— Eu não me importo, Daniel. — Minha voz sai baixa, mas intensa. — Eu quero estar aqui, quero estar com você. Não importa onde isso nos leve.
Ele me olha com aquele olhar que mistura dor e desejo, e eu vejo a luta em seus olhos. Ele ainda não acredita que mereça isso, que mereça alguém como eu, mas tudo o que eu vejo é o homem que está ali, com suas inseguranças, seus medos, e o desejo que ele não pode mais esconder.
Ele me beija novamente, mais fundo, mais urgente, e o mundo desaparece. A única coisa que importa é ele, o toque de suas mãos, o calor de seu corpo contra o meu, e a necessidade que transborda em cada movimento que fazemos. É como se, naquele instante, tudo fosse possível, como se as palavras e as barreiras que ele colocou entre nós fossem deixadas para trás, engolidas pela paixão.
Eu me entrego completamente, permitindo que meu corpo reaja a ele de uma maneira primitiva, incontrolável. Meu coração dispara, e minha respiração se mistura com a dele. Nada mais importa, só o que sentimos, só o que desejamos. E, enquanto ele me abraça, enquanto seus lábios dominam os meus, eu me entrego àquele momento, ao desejo que finalmente se torna real, ao homem que, mesmo com todos os seus demônios, é tudo o que eu quero.
Quando o beijo finalmente termina, nós ficamos ali, ofegantes, os corpos ainda próximos, o calor de nossas peles ainda queimando. Eu não quero mais nada além de estar com ele, e, talvez, ele sinta o mesmo. O silêncio que se segue é preenchido por tudo o que não foi dito, por todas as verdades que ainda estamos tentando entender. Mas, por agora, isso não importa. O que importa é o que estamos criando aqui, juntos, no meio da confusão e do caos, nas entrelinhas de um amor que, por mais improvável que seja, já começou a crescer entre nós.