Uma semana depois... Sexta-feira.

945 Words
Kate Depois de uma noite m*l dormida, sem conseguir afastar os pensamentos sobre Daniel, aproveito as férias da faculdade para descansar. Estou sentada na espreguiçadeira em frente ao jardim, lendo Crepúsculo. Embora o livro seja maravilhoso, minha mente está distante, perdida em lembranças daquela noite. A decisão de ir atrás de Daniel ainda ressoa dentro de mim, me deixando inquieta. À tarde, meu pai chega do trabalho. Dou-lhe um sorriso e um beijo carinhoso no rosto, e ele me abraça, beijando minha testa. Ele sempre foi assim, afetuoso, mas ao mesmo tempo distante, preso à sua própria tristeza. Mesmo com a agitação que sinto por causa de Daniel, eu disfarço. Aprendi com meu pai a esconder meus verdadeiros sentimentos, a mostrar serenidade em qualquer situação. Ele busca meus olhos, e mesmo com a ansiedade me consumindo, dou-lhe um sorriso tranquilo. Olho para ele, naquele terno n***o, parecendo mais um CEO poderoso do que um simples vendedor de carros. Mas há algo em sua postura que me chama atenção: ele está cansado. Algo está pesando sobre ele. — Vai sair hoje? — Ele pergunta, tentando disfarçar a preocupação em sua voz. — Não sei. Karen talvez me chame para ir à casa dela. E o senhor? — Respondo, tentando manter a conversa leve, mas minha mente ainda está focada em Daniel. Ele se joga no sofá, com aquele ar cansado que nunca me engana. Observo-o, com seus sessenta anos, e a dor da solidão que ele carrega desde a morte de minha mãe, há seis anos. A mulher com quem ele estava saindo recentemente não deu certo, e eu sei por que. Pergunto, só para ouvir de sua boca o que já sei. — Pai, por que não deu certo com Eleonora? — Minha voz sai suave, mas há uma preocupação em meu tom. Ele dá de ombros, com aquele olhar distante. — Ela começou a implicar com meus amigos. — Ele diz com desdém. Sim, é isso. Ele trocou a mulher pela vida boêmia. Isso me incomoda. Estou preocupada com ele. Ele já vendeu nosso carro bom, comprou um inferior e disse que os negócios andam péssimos. Mas estamos em Miami, não em Las Vegas. Sei que ele tem frequentado lugares de jogatina, e me pergunto se ele tem perdido dinheiro com isso. — Ele está perdendo dinheiro no jogo? — Essa dúvida me consome, mas não faço a pergunta em voz alta. Só respiro fundo, tentando me acalmar. — Bem, vou tomar banho. Estou morto de cansado. Sábado poderemos sair juntos. O que acha de irmos ao cinema? — Ele tenta mudar de assunto, sorrindo de maneira afetuosa. — Acho ótimo! — Respondo, tentando passar uma animação que não sinto de verdade. Ele acena com a cabeça, satisfeito. E então, como se a conversa sobre Eleonora tivesse desaparecido, ele me dá uma nova "sugestão". — Ah, domingo iremos na casa de John. Ah, não! O sonho do meu pai é que eu me case com a almofadinha do filho dele, só porque ele tem dinheiro. Ele não entende que Jake Cash tem todas as mulheres que quiser. Ele nunca olharia para mim, filha de um vendedor de carros. — Tudo bem. — Digo, tentando não demonstrar o quanto essa ideia me incomoda. — Já percebi que você não gosta muito de ir lá... — Ele diz, como se me acusasse de algo. — Pai, não é questão de não gostar. Apenas me é indiferente. — Respondo, mas a palavra "indiferente" soa mais dura do que eu gostaria. — Você quer dizer que Jake Cash é indiferente para você. — Ele insiste, e eu balanço a cabeça, cansada da conversa. — Pai, acorda. O cara pode ter qualquer mulher que quiser. Você acha que ele está interessado em uma garota normal como eu? — Eu não consigo mais me segurar, a frustração transparecendo na minha voz. Ele me encara, surpreso, como se fosse impossível para ele entender que eu não me sinto atraída por Jake. — Filha, você já se olhou no espelho? Você é linda. Sabe qual é o seu problema? Você passa uma imagem desinteressante. Eu respiro fundo, tentando manter a calma, mas sua observação me irrita profundamente. — Como assim? — Pergunto, tentando entender a lógica por trás de suas palavras. — Preciso explicar? Você não usa seus lindos vestidos. Vai comigo vestida de velha. Poderia pôr algo mais atraente. Um que condiz com a sua idade. Você tem 18, não 60. A risada me escapa antes que eu possa me conter. Não consigo segurar a gargalhada como uma colegial. — Pai, o senhor já me perguntou se eu gosto dele? Pois eu não gosto. Essa é a verdade. Ele me olha, incrédulo. — Por que você não gosta? O rapaz é um brilhante advogado e herdeiro da Branily. Uma das maiores indústrias têxteis do país. — Eu sei de tudo isso, pai. Não precisa repetir. — Digo, tentando não deixar transparecer o quanto estou cansada desse assunto. — Querida, ele é um partidão. Conheça-o, sem compromisso. Ele está solteiro no momento. Solteiro no momento? Meu pai quer que eu seja o quê? A nova namoradinha descartável do Jake? Não, obrigado. — Está certo, papai. — Respondo, sem mais forças para discutir. — Bem, vou tomar banho. Você ficará bem? — Ele pergunta, com aquele olhar culpado, como se a responsabilidade do que aconteceu entre nós fosse minha. — Sim. — Respondo, embora não goste de vê-lo sair. Mas, hoje, não me importo. Na verdade, quero que ele saia e chegue bem tarde. Quero ficar sozinha. Quero estar em casa quando Daniel aparecer. E, de alguma forma, sei que ele vai aparecer.
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