Prólogo
• Catherine Hills •
Estou casada! Casada! Mesmo que seja um contrato de casamento, eu ainda estou casada!
Eu simplesmente não conseguia acreditar que eu estava mesmo casada com Kyle Mancini. O playboy mais estupidamente galinha, escandaloso e cheio de má reputação.
Acho que ninguém, exatamente ninguém, conseguia acreditar que eu e ele estávamos mesmo enfiados em um relacionamento e que estávamos juntos. Quero dizer, eu não conseguia acreditar, como outras pessoas poderiam o fazer?
Eu suspiro pesadamente e limpo a minha garganta e jogo os meus cabelos para trás, enquanto desvio de todas aquelas pessoas que queriam me felicitar falsamente, enquanto pensavam:
"Que tipo de truque ela usou para que ele aceitasse largar toda a vida de solteiro por ela?"
E bem, nem eu mesmo consigo responder essa pergunta. Estou presa nesse contrato por muito, muito tempo e não tenho nenhuma escolha.
Porque mesmo eu me permiti passar por isso? Não faz sentido.
Pego uma taça de espumante e dou um gole longo, suspirando pesadamente. A verdade é que eu estava cansada desse dia, tinham acontecido tantas coisas e acho que meu noivo — agora marido — não estava muito feliz com os últimos acontecidos. Seu rosto o entregava, mesmo que eu não tivesse nenhuma culpa de tudo o que aconteceu.
Foi um m*l entendido? Como poderíamos adivinhar que a sua família inteira nos obrigaria a casar?
Bem, não que eu também tivesse uma ficha limpa. Eu não tinha. Também tinha meu passado um tanto quanto obscuro e recheado de escândalos. E bem, eu não era a melhor atriz de Hollywood, eu tinha que assumir isso, então... bem, no final, acho que combinamos!
Mesmo que o noivo não concorde comigo, já que ele parece querer demonstrar a cada mísero segundo o seu descontentamento comigo, com esse casamento e, bem... com tudo.
Kyle se aproxima a passos fracos em minha direção, as mãos para trás do seu corpo, seus olhos me analisam dentro daquele vestido apertado e tomara que caia.
Ele para na frente do meu rosto e ergue o meu queixo.
— Venha comigo. — Sua voz é calma e grave.
Ele me deixa arrepiada com suas palavras e eu estremeço, sentindo o choque passar por toda a minha espinha.
Eu o sigo, sem pensar duas vezes. Mil hipóteses passam pela minha cabeça. É a primeira vez que estamos nos falando desde que tudo aconteceu, então é meio estranho pensar nisso, de qualquer maneira.
Atravessamos o salão junto, sob o olhar vigilante dos convidou e ele me leva até um corredor, me levando até o final, onde ele abre a porta e me dá espaço para que eu entre.
Eu entro. Sentindo o nervosismo e a ansiedade me atingirem de uma só vez agora.
— O que você quer? — Pergunto, me sentando sobre a cadeira.
Arranco meus saltos dos pés, suspirando de alívio e jogo meus cabelos para trás, terminando de esvaziar a minha taça. Apoia-a na mesa.
Ele dá a volta na mesa, ainda em silêncio, mantendo o mistério da coisa e abre a uma das gavetas, puxando algumas pastas e colocando-as na minha frente.
Encaro a pasta vazia e ele algumas vezes e então, ele a abre, impaciente.
Leio o título com cuidado e pisco algumas vezes.
"ACORDO DE DIVÓRCIO."
— O que é isso? — Pergunto, engolindo em seco.
— Um acordo de divórcio, não está vendo? — Ele levanta a sobrancelha, completamente grosseiro.
A verdade é que, o que Kyle tem de beleza, ele tem de insensatez, grosseria e frieza. Ele não é a melhor pessoa possível e sinceramente, me cansa.
Eu paro, estática. Encaro aquele pedaço de papel que, por algum motivo, tinha tantos significados.
— Kyle... — seu nome sai com mais facilidade do que deveria da minha boca e eu bufo. — Está falando sério?
— Porque não estaria? — Ele faz uma careta. — estou falando mais sério do que nunca.
— Assine! — Ordena.
— Kyle... — Eu chamo mais uma vez.
— Assine! — Ordena, mais uma vez. — Ou você acha mesmo que você e eu vamos ficar casados por muito tempo? Isso irá terminar agora.
— Mas, Kyle... — Franzi a testa.
— Vamos, Catherine! Nenhum de nós quer ficar preso nisso, quer? — Ele revira os olhos. — Eu sequer gosto de você.
Aquilo foi doloroso, como uma maldita adaga, enfiada e afundada em meu coração com toda a força possível. Pisquei algumas vezes, querendo chorar e engoli um bolo que se formava na minha garganta.
— Ok. — Digo, relutante.
Puxo a caneta do seus dedos e assino delicadamente o papel, mesmo odiando essa ideia. Minhas bochechas estavam coradas e eu me levantei, segurando os documentos entre os meus dedos.
— Só tenho um pedido a fazer. — Murmuro.
— Diga. — Ele levanta o nariz, pomposo.
— Me deixe com isso por um mês. Espere por um mês e estará livre de mim, definitivamente e para sempre. Eu prometo! — Eu arfo.
— Está querendo arrumar confusão, não é? — Ele revira os olhos. — O que você quer com isso? O que ganha?
— Nada, Kyle! Eu só quero um tempo. Um mês e nada mais. Depois disso, você nunca mais vai precisar me ver. Eu prometo! — Digo, implorando com meus olhos.
Ele me encara com desgosto, passando os olhos por todo o meu rosto e suspira pesadamente.
— Ok; — Revira os olhos. — Você tem um mês, Catherine. Um mês e nada mais do que isso. Depois disso, acabou, entendeu? Você querendo ou não.
— Tudo bem. — Digo, por um fio de voz.
Ele me analisa mais uma vez e bufa, enquanto esfrega a sua nuca. Olha para o céu, impaciente e eu sinto um aperto ainda maior no meu peito.
Não amo Kyle, mas sua rejeição e seu ódio me afetam diretamente, em um ponto dentro de mim que acaba me deixando sensível aos seus ataques.
De qualquer maneira, eu só preciso desse um mês e depois, definitivamente, eu vou deixá-lo livre de mim e de toda a bagunça que causei — não intencionalmente — na sua vida.
— Vamos embora. Não quero ficar nesse casamento nem mais um minuto. — Ele afirma.
Eu aceno com a cabeça. Sequer eu, por motivo algum, conseguiria aturar todo esse tempo depois de toda essa porcaria que tinha sido despejada bem na minha cara. Ele tinha deixado claro que me odiava, o que eu podia fazer?
Ele mexe no telefone e um vinco se forma na sua testa, e me encara. Suas bochechas estão vermelhas e ele parece com ainda mais raiva.
— Merda, Holly. — Xinga, enquanto anda até mim. — Vamos logo, não temos tempo.
Ele me segura e eu leio, despreocupadamente a mensagem de texto enviada para o seu celular.
"Holly está a caminho."
Não consegui enxergar o remetente, na verdade, era completamente irrelevante.
Tudo estava claro na minha mente agora. Holly. Como eu não podia imaginar antes?
Dou um sorriso amargo e magoado, enquanto permito que ele me leve novamente até o salão e me arraste, como uma espécie de escudo humano até a saída do casamento.
Minha cabeça começa a doer, a mágoa cresce em meu peito e eu sinto vontade de gritar com ele. Dizer o quão ridículo ele é e como ele estragou tudo.
Como eu nunca iria desejar ficar casada com ele pelo restante da minha vida e como ele não prestava como homem, mas as palavras pareciam agarradas na minha garganta.
Entro no carro e em algum momento, me pego olhando para toda a cidade, perdida. As ruas passam rapidamente ao meu lado, que quase consigo ficar enjoada.
Mas, estou triste demais para isso.
— Pare! — Ele ordena e a limousine para instantaneamente.
O encaro, sem entender o seu propósito e ele me encara, como quem não se importa com nada.
— Desça do meu carro. — Ele ordena.
— Ham? — Eu pergunto, confusa.
— Isso mesmo que ouviu, desça do meu carro. — Ele repete.
— Mas, Kyle... olha onde estamos, me deixe no meu... — tento argumentar.
— Não, quero que saia. — Diz. — Saia agora, Catherine.
Eu engulo o que me resta do meu orgulho e o encaro, puxo meus saltos do meu lado e abro a porta do carro. Empurro-a para fora e o encaro uma última vez:
— Eu sabia que você era r**m. Só nunca imaginei que fosse tanto.
E então, saio, batendo a porta com força, esperando que os vidros explodam, mas a única coisa que acontece é o carro andar e me deixar para trás, até sumir definitivamente.
Me deixando para trás. Sozinha. Sem ninguém para me ajudar e sem nenhum dinheiro.
Bom, é como dizem. Homens não prestam mesmo e parece que eu fiz questão de me enfiar em um contrato com o pior deles, Kyle Mancini.
Espraguejo-o.
— Ei! Está perdida? — Pergunta e eu me viro.
— Kaio. — Eu suspiro de alívio e meus olhos parecem se encher de lagrimas, minha garganta queima. — Pode me ajudar?
— O que está fazendo aqui? Meu irmão não a tirou do casamento? — Ele pergunta, mais uma vez.
— Sim, e depois me largou aqui, como o bom i*****l que é. — Eu bufo.
Ele me analisa, um vinco se formando um sua testa. Eu limpo a minha garganta. Estava frio aqui fora e a falta de mangas do vestido de noiva me incomodava.
Patético. Eu não consigo acreditar que estou largada na estrada com um vestido de noiva.
— Bom, vamos... — Ele me lança um sorriso acolhedor. — Eu vou levar você para casa.