- Qual você prefere, Samy? - Amandinha perguntou. A garota estava indecisa, não sabia qual sabor de cupcake escolher - Morango ou brigadeiro?
- Pede três de cada. Dois de cada pra cada uma.
- Isso, ótimo. - Ela foi até o balcão fazer os pedidos pra viagem.
Estávamos em uma doceria. Fiquei muito feliz por saber que Any era tão pirada em doces quanto eu. Seu doce favorito era brigadeiro. Eu não tinha capacidade de escolher apenas um favorito.
- É incrível como vivemos nos esbarrando por aí, meninas... - Nicolas disse sentado no capô de seu carro, próximo ao parque vazio.
Demos de cara com ele praticamente assim que saímos da doceria. Se ele não fosse tão bonito eu teria me assustado.
- Hey, Nico - Amanda disse animada e eu apenas acenei observando o espécime sob a pouca iluminação da noite. Ele parecia saído direito de um filme de romance adolescente.
- Jason tá te procurando - ele avisou para Amanda enquanto acendia um cigarro.
- Manda ele ir se ferrar - Amanda rosnou.
- Quanta agressividade, morena! - a voz de Jason me fez pular assustada. - Preciso falar com você, Amanda. - quando notei, ele estava a abraçando pelos ombros, dando um beijo no canto da sua boca.
- Eu não preciso - ela empurrou ele e saiu pisando duro.
Minha garota!
- Melhor pedir desculpas... - dei dois tapinhas em seu peito - Implorar, por desculpas.
- Amanda! - Ele gritou - Por favor....
- Você tem dez minutos, Jason! - ela se virou cruzando os braços.
Assim tão fácil?!
-Vamos pra minha casa - ele puxou ela pelo braço e saiu praticamente arrastando a morena.
Pisquei atordoada com a cena.
- E eu?! - gritei indignada o que fez Amanda olhar pra trás, pedindo desculpas silenciosas.
- Nico cuida de você. - Jason gritou divertido já virando a esquina, sumindo do meu campo de visão.
- A cada dia gosto menos de você, Jason! - Gritei mesmo sem ter certeza de que ele tenha ouvido.
- Carona? - Perguntou Nico, soprando pra longe a fumaça - Sabe, não é seguro pra uma dama andar por aí sozinha à noite.
- Será que a Amanda vai demorar? - Perguntei me aproximando com a sacola de doces nas mãos - Eu preciso voltar pra casa com ela. Se ela e Jason sumirem, a Jessie pode perceber algo.
- Faz bastante tempo que eles fazem isso, Samantha. A Jess nunca percebeu. Acho que não vai ser agora que isso vai acontecer. - Ele bateu no capô do carro, me chamando pra sentar. Eu sentei, tomando o cigarro da mão dele.
- Não sabia que fumava... - murmurei, sentindo cheiro de menta.
- Vai brigar comigo? - Perguntou debochado, mas seu sorriso presunçoso sumiu quando me viu tragar o cigarro - Você fuma? Uau. Não fazia idéia.... - ele estava realmente surpreso.
- Tem muitas coisas sobre mim que você não sabe, Nicolas - Joguei a fumaça na sua cara e ele riu.
- Eu adoraria descobrir... - Ele passou a mão pelo cabelo de uma forma meio sexy e se aproximou perigosamente, invadindo meu espaço pessoal. Era a segunda vez no dia.
- O que tá fazendo? - Perguntei vendo-o fechar os olhos.
- É agora que a gente se beija - Ele explicou como se fosse óbvio.
Eu tentei. Juro por minha alma que tentei. Mas não consegui me controlar. Eu tinha caído na gargalhada.
- Eu não quero beijar você... - disse ainda rindo.
- Não é o que parece. - Ele ergueu uma sobrancelha, pegando seu cigarro de volta com certa irritação - Desde a festa fica jogando seu charme pra cima de mim. Acha que eu sou bobo, Samantha?
- Charme?! Do que você tá falando? - Ele jogou fumaça na minha cara. Filho da p**a. - Eu fui simpática com você, Nico, isso não significa que eu quero abrir minhas pernas pra você.
- Não? - ele me olhou sarcástico - É a primeira vez que eu escuto isso na minha vida. É difícil de acreditar.
Eu abri a boca surpresa.
- Você é um i****a - eu pulei do capô do carro tentando controlar minha fúria.
- Samantha...
- Vá pro inferno, seu egocêntrico de m***a. - e dei as costas, pronta para voltar para o dormitório.
Todos esses homens são iguais. Um bando de idiotas.
- Samy... por favor! - Ele gritou, me fazendo virar pra trás. Ele tinha feito como Jason, mas para a infelicidade dele, eu tinha apanhado muito da vida e não era igual a Amanda.
- É Samantha pra você, senhor "todas as garotas querem me dar" - fiz aspas com os dedos - Eu vou voltar pra casa sozinha e se você me seguir, juro por Deus que nunca mais vai conseguir levantar o que tem no meio das pernas!
Saí andando irritada. Eu achava que Nico era diferente. Que não era um badboy como o Jason. Um sádico como o Klaus. Um convencido como Liam. Eu achei que Nico era totalmente diferente dele, mas eu me enganei. Todos os garotos são iguais.
Todos são uns filhos da p**a!
x
Terça-feira. O dia mais sem graça da semana. E a noite de terça é mais sem graça ainda. Não passava das sete e eu já estava jogada na minha cama, vendo uma vídeo-aula pelo meu laptop.
Mais cedo eu havia feito uma ligação por vídeo com Breno e meu priminho havia me contado como estavam as coisas em casa. Eu ainda era odiada por metade da família e outra metade, fingia que eu não existia. Nada de novo sob o Sol.
Eu estava sozinha, Amanda, como sempre, havia sumido e Jess estava com Hazel terminando o trabalho no dormitório dela.
Eu sentia falta de agitação. De estar cada dia em um lugar novo. A empolgação que eu sentia sobre a faculdade tinha evaporado em menos de uma semana.
Sorri lembrando das festas, da música, da dança.
Estudar na USC era meu sonho porque minha abuela que era norte-americana, tinha se formado nela, e foi onde ela conheceu meu avô, o irresponsável que a levou para o México - palavras dela. Eu pensei que quando finalmente entrasse nela, as coisas seriam diferentes, que eu me sentiria mais conectada a eles dois, mas não.
A coisa que me fazia sentir próxima a eles, principalmente a minha avó, que foi um anjo comigo quase todos viveram as costas pra mim, era a dança. Ela amava dançar e eu herdei isso dela.
Fechei a porcaria do vídeo aula e coloquei minha playlist favorita pra tocar, levantei da cama e deixei a música me levar.
Dançar sempre foi minha forma de me desligar do mundo, me conectar com minha abuela e principalmente, minha forma favorita de fugir dos meus problemas. E sempre fazia isso.
Depois de repetir a coreografia da música me joguei no chão animada. Estava exausta.
— Você dança bem... - A voz de Nico ecoou pelo espaço, me fazendo pular de susto.
— Como-como entrou aqui?! - perguntei irritada, tentando esconder minha surpresa — O que que você faz aqui?!
— Eu vim me desculpar.
— Viagem perdida - apontei pra porta — Pode dar meia volta.
— Samantha, eu fui um b****a ontem, eu sei. Por isso vim pedir desculpas.
— Desculpas recusadas... - eu cruzei os braços — Dá o fora.
— Eu trouxe isso. - Nico ergueu uma sacola de papel fechada com um laço — Ontem a noite, você deixou os seus cupcakes, então eu trouxe uns pra você.
— Acha que pode me comprar com doces?
— Não estou tentando te comprar, eu só não queria vir de mãos vazias - ele estendeu a sacola — Aceita por favor.
— Suas desculpas ou os cupcakes?
— Ambos.
— Eu vou ficar com os cupcakes - eu peguei a sacola de suas mãos e me afastei — E sobre suas desculpas, eu vou pensar... Agora, pode parar de invadir meu espaço pessoal?
— Tudo bem. - Ele deu as costas e saiu, mas antes de atravessar a soleira da porta, ele me olhou por cima dos ombros e sorriu — Você dança maravilhosamente bem.
Quando ele estava suficientemente longe, eu fechei a porta e passei a chave, duas vezes, só pra não ter perigo. Ainda estava tentando entender como ele havia entrado... Talvez tenha falado com uma das meninas.
Me sentei na minha cama e abri a sacola tirando uma caixa de lá. Dentro estavam dez cupcakes. Cinco deles eram de brigadeiro e os outros cinco eu não sabia o sabor, mas tinham a cobertura rosa.
— O que é isso? - Olhei para um pequeno envelope branco preso sobre a caixa e abri, sem conseguir evitar o sorriso.
"Esses são os melhores cupcakes da cidade.
Espero que goste.
Cinco são de chocolate, porque soube que você gosta, e os outros, são de framboesa, meus favoritos.
Sinto muito por ontem.
Seu muito arrependido,
Nico "