STUPID BOY

DESCULPA

— Queria ter ido te buscar... - Nicolas murmurou me entregando o copo vermelho com coca e talvez vodca, pelo cheiro. Ele estava visivelmente chateado, mas era por uma grande besteira. Estávamos na cozinha da sua casa. Eu estava sentada sobre a ilha da cozinha, enquanto ele procurava algo sem álcool pra ele entre as muitas garrafas no balcão a minha frente. Eu o admirava por sua aversão à bebidas alcoólicas.

— Na próxima, vão existir muitas oportunidades - disse sacudindo minhas pernas encarando meus coturnos. Eu precisava comprar novos. Além de roupas. — Preciso fazer compras. - falei pensativa, precisava falar com Klaus e as meninas para irem comigo depois.

— Por que não quis que eu fosse? - Nicolas voltou ao assunto e eu engoli um suspiro. Eu não gostava de cobranças, não estava acostumada a esse tipo de coisas.

— Porque Breno tem um carro, ele ia nos trazer de qualquer forma - expliquei e tomei um gole da bebida tentando não me cheatear com ele.

— Mas mesmo assim... - ele se encostou no balcão, desistindo da sua busca.

— Mas mesmo assim nada, Nicolas... - segurei sua mão, trazendo seu olhar esverdeado para mim. — Eu não tô acreditando que você tá chateado por essa besteira.

— Eu não gosto do seu primo... - resmungou olhando pro lado e eu ri de sua expressão.

— O sentimento é mutuo. - cantarolei — Para de ser chatinho... - pulei do balcão ficando em sua frente e deixei um selinho sobre seus lábios.

— Eu não sou "chatinho". - resmungou

— Você é sim... - eu disse rindo.

— Não. sou - ele me puxou com força, deixando seu corpo colado com o meu. me segurando pelo quadril, a sensação de ter seus dedos ali era incrível, tinha que assumir.

— Você é... - cantarolei passei meus braços ao redor do seu pescoço.

— Samantha... - eçe abaixou o rosto deixando a sua boca a poucos centímetros da minha.

— Nicolas...

— Nico! - uma voz feminina nos impediu de fazer o que queríamos. Olhei para o lado e vi a garota do outro dia. Ela parecia sempre estar ao redor de Nico e isso me irritou, mesmo que eu tenha dito que não me importava em ele ter amigas. Devia ter dito que, não me importava com amigas que não queria ele. Respirei fundo. Outra vez?

— Tudo bem, Krystal? - Nico a cumprimentou sorridente, até demais. Eu tentei me afastar para ir atrás das meninas, para que Nico não notasse meu desconforto, mas ele me segurou com mais força, me mantendo imóvel.

— Eu vou dar uma festa amanhã, na boate do meu irmão, tava pensando se você não gostaria de ir...

— Não vou poder, Krys, sinto muito.

— O quê? Porquê não? - sua voz saiu extremamente aguda, fazendo meus ouvidos doerem.

— Bom, é que eu tenho um encontro muito romântico com a minha namorada amanhã, a Samanta - ele me olhou —, não sei se você conhece...

— Ah, eu já ouvi falar, - ela disse tentando esconder uma careta, mas não funcionou — sabe como as pessoas são, não é mesmo, Nico? Nada consegue ficar em segredo pro Então, eu vou indo, aproveitem bastante a festa... e o encontro de vocês também - ela me lançou um olhar nada amigável, mas eu apenas sorri.

— Nos vamos. - Nico respondeu e vimos a menina usando um vestido azul escuro tomara que caia sair da cozinha desfilando.

— Vai mesmo sair amanhã com sua namorada? - perguntei rindo.

— Se ela aceitar... - ele sorriu torto.

— Ela vai adorar. - garanti — Pra onde vamos?

— Não sei ainda, foi só uma desculpa, mas já que você gostou da ideia, vamos sim ter um encontro... - assumiu, sem nenhum pingo vergonha.

— Você é incrivelmente romântico, Nico, estou surpresa... - afirmei, falsamente desapontada.

— Então, você gosta de caras românticos? - ele perguntou surpreso.

— Toda mulher gosta, mesmo que não assuma.

— Então, você gosta de receber flores e chocolates?

— Quem não gosta de chocolate?! - bufei — Você me faz cada pergunta.

Ele riu afirmando.

— Sabe de uma coisa?

— O que?

— Você é uma garota bem clichê sabia?

— Sou é?

— É.

— Por que acha isso? - perguntei entrando na brincadeira.

— Você não queria namorar comigo, por algo do seu passado, e, agora esta perdidas de amores por mim, o cara mais gostoso da faculdade...

Eu fiz de tudo para não ficar seria e sair de perto dele para que ele não me visse chorar. Nico havia falado exatamente o que havia acontecido e ainda havia resumido para deixar menos dramático. Mas, era até meio previsível tudo que havia acontecido com comigo. Mas, Nico nem havia percebido nada. Talvez um dia eu conte a ele, quem sabe

— Você anda assistindo muita comédia romântica. - forcei um sorriso.

— Lendo também.

— Vocês são tão fofos! - Jessie exclamou me fazendo pular pra longe de Nico assustada. Por que todo mundo tá atrapalhando a gente hoje?! Que saco!

— Deveriam ir pra outro lugar. - Breno se pronunciou, só então, eu percebi que meu primo estava ali, uma mão na cintura de Jessie, mas sua cara não era uma das melhores. — As pessoas vão falar e eu não quero que Samantha seja alvo de comentários ruins por sua causa, Nico - a apelido saiu quase assustador de seus lábios e eu tive que intervir antes que Nicolas fizesse.

— Você está exagerando, Breno - eu o olhei séria, mas ele não pareceu me ouvir e simplesmente saiu da cozinha. Jessie revirou os olhos azuis irritada e eu quis fazer o mesmo.

— Seu primo é um gostoso do c*****o, mas é tão teimoso - bufou — Eu vou atrás dele, divirtam-se e usem c*******a!

— Qual a dele? - Nicolas perguntou sobre Breno.

— Não leva pro lado pessoal, ele só é extremamente cuidadoso comigo. Somos só eu e ele, sempre foi... Ele tem medo que eu sofra, é apenas isso...

— Vocês não estão sozinhos. Você tem a mim, tem as meninas, tem Krys e os meninos também.

Eu o abracei apertado, enfiando meu rosto em seu peito, inalando seu perfume. Eu não me sentia só. Eu estava feliz.

— Nicolas?

— Oi?

— Você é incrível...

— Você que é...

Me afastei dele e olhei em seus olhos. Eram tão lindos. Suspirei levando minhas mãos até seu rosto. Quando finalmente alcancei sua boca, senti aquele frio na barriga que eu sempre sentia quando o beijava.

— Eu vou no banheiro... - disse me separando dele e saí da cozinha rapidamente. Atravessei a multidão de pessoas dançantes e subi as escadas, acabei esbarrando em Amanda e Jason, que saiam juntinhos do quarto do loiro.

— Sam... - Amanda sorriu sem graça pra mim.

— É melhor passar outro batom Amandinha, e você Jason desborrar a boca e abotoar a calça. As pessoas agradecem... - Eu disse divertida, vendo o casal corar. — E tomem cuidado, a Joalin está aqui também. - os lembrei.

— Ela e seu primo estão na caminhonete, acho que vão pra outro lugar, ela me enviou uma mensagem falando pra eu não me preocupar. - a cacheada explicou e eu assenti. — Vamos, Jason, eu quero dançar... - Amanda falou rápido puxando o braço do loiro. Assisti os dois saírem da minha visão e finalmente entrei no banheiro do corredor, eu queria ir ao de Nico, mas estava apertada;

— Hey! - Krysral, exclamou me assustando. Ela estava no banheiro, lavando as mãos. - Samira, né?

— Samantha - a corrigi, sabia que ela havia errado de proposito.

— Oh, desculpe - ela riu falsa — Então, você e Noah estão namorando, Samantha?

— Sim. Estamos.

— Nico te disse que eu e ele namoramos? - fiquei em silêncio e ela me olhou vencedora. Eu já imganiva. - Namorados não devem ter segredos entre si.

— Nico me fala as coisas importantes - respondi e seu sorriso morreu — Apenas pare de joguinhos e diga o que quer, não tenho tempo para perder com ex-namoradas obcecadas.

— Não se apegue a ele. - ela começou — Eu me doei completamente a ele e no fim, Nico me abandonou, me deixou com meu coração em pedaços. Eu dei tudo a ele, eu o satisfazia em todas as áreas. Eu dei a ele tudo. TUDO! Mas, não foi o suficiente. - ela fez uma pausa — Ele me deixou, sem mais nem menos, e sabe por quem? Elisha. Aquela v***a. Ele sempre volta pra ela. Enfim, eu estou dizendo isso para que você não sofra como eu e metade do campus sofremos quando levar um chute na bunda... - ela sorriu docemente e saiu do banheiro.

Respirei fundo controlando a vontade que eu estava de gritar com ela.

Não iria deixar ninguém infernizar o meu relacionamento com o Nico. Não ia mesmo.

Usei o banheiro e levei um tempo para me acalmar, não queria que ela visse que tinha me deixado irritada.

— Samy? - a voz de Nico ecoou do lado de fora, seguida por batidas leves na porta. - Vamos pro quarto? - perguntou. — Quero fumar.

— Vamos... - respondi abrindo a porta — Eu também tô precisando de um ou dois cigarros...

— Vamos morrer cedo... - ele afirmou passando o braço pelos meus ombros.

— É normal.