NICO
Não era nem de longe a primeira vez que eu levava uma garota pro meu quarto. Juro por Deus que achei que seria mais difícil com estrangeira esquentadinha, mas não.
Samy estava no meu quarto por livre e espontânea vontade. Ela estava meio alcoolizada? Talvez. Mas mesmo assim, dizem que os bêbados sempre fazem o que querem porque quando estão sóbrios não tem coragem.
— Onde tá? - Sam perguntou passando por mim, caminhando até minha cama. Eu olhei pra ela meio confuso. — O cigarro - murmurou se jogando de costas na minha cama.
Eu fui até a gaveta da minha cômoda e peguei o pacote de cigarros já pela metade. Acendi um o pequeno esqueiro que eu sempre carregava no bolso da minha calça e entreguei pra garota que sorriu, tragando rapidamente.
— Aqui.
Samantha pegou o cigarro e eu apenas observei ela fumar. Era até meio cômico. Ela parecia uma princesa, com a pele bronzeada, o cabelo escuro que nem a penumbra da noite e os olhos claros... Mas, princesas não fumam, ou fumam?! No momento eu não me importava com esse detalhe, eu só a queria.
Talvez ela saia da minha cabeça depois dessa noite...
— Você não fala muito, não é? - Ela perguntou, quebrando o silêncio que pairava entre nós.
— Eu não sei o que falar. - respondi sincero vendo ela se sentar. Por algum motivo, eu tinha medo de acabar falando alguma bobagem para ela e acabar como da última vez — Não sei nada sobre você...
— Mas quer me comer. - Ela sorriu de forma travessa, se jogando de costas outra vez na cama. — Isso é meio f**o, Nicolas. Deveria agir como o príncipe que dizem que você é.
— Talvez eu não seja esse príncipe. - admiti. Essa era uma brincadeira que saiu do meu grupo de amizades e acabou se espalhando para toda a faculdade. Nunca foi algo que preguei. Eu não era um príncipe.
— E o que você é, Nicolas? - Ela perguntou. E por algum motivo, só meu nome saindo pelo sua boca importava. Nicolas. Mesmo que não fosse tão grande e notável, era diferente a forma que ela falava meu nome. Meu nome completo, não Nico, como eu gostava de ser chamado. Nicolas.
— Como assim? - Perguntei me deitando ao seu lado. A luz fraca do abajur davam um brilho quase que hipnotizante a sua pele. Aquela era minha cor favorita. E eu nem sabia disso.
— Eu quero saber quem é o verdadeiro, Nicolas.
— Fala de novo. - Pedi, meio envergonhado.
— O quê?
— Meu nome.
— O que tem seu nome?
— Fala ele.
— Por?
— Porque eu gosto de como ele saí da sua boca.
A risada dela ecoou por todo o quarto.
— Você gosta de clichês.
— Talvez eu goste... - murmurei me aproximando dela da forma mais sutil que eu consegui. Não estava disposto a levar um fora daquela garota outra vez — Fala.
— Nicolas - Ela falou lentamente, fazendo meu corpo arrepiar. - Você quer um clichê pra você, Nico? - Perguntou e eu pensei antes de responder.
— Sim.
Ela não vai lembrar de nada amanhã mesmo.
— Você já tentou ter um clichê com muita garotas, Noah?
Eu ri envergonhado. Era estranho ter essa conversa com uma garota que eu havia conhecido três semanas antes.
— E não deu certo?
— Pra elas sim, mas pra mim não. - suspirei. — Eu me sento vazio. Eu procuro algo, que eu nem mesmo sei o que é...
— Você sabe, só tem medo de admitir.
— Tem certeza que está bêbada, Samanta? - Perguntei rindo.
— Não. Eu estou perfeitamente sóbria.
— Claro...
— E Elisha?
— O que tem ela?
— Me responda. - Ela ordenou virando seu rosto, me pegando de surpresa. Nossos narizes estavam colados, e nossa respiração se misturava. Ela sorriu divertida, esperando sua resposta
— Elisha não é minha namorada - foi tudo que eu fui capaz de dizer. Elisha não ia gostar que eu contasse toda a verdade para ela.
— Ela não merece isso, Nicolas.
— O que?
— Isso. Nenhuma mulher merece sofrer assim. Ela deve sofrer nessa relação estranha de vocês. - ela falou sentida, se afastando de forma brusca.
— Elisha e eu não temos nada sério, somos bons amigos, as coisas entre nós sempre foram claras.
— Sabe... - ela continuou — Além de ser um cara gostoso, educado e gostar de clichês, você é bem egoísta, Nicolas.
Aquilo me pegou em cheio. Era uma palavra tão simples. Egoísta. Eu ouvi isso minha vida toda. E me segurei pra não manda-la embora.
Fiquei quieto, em silêncio, na mesma posição, sentado. Eu não sei por quanto tempo fiquei ali, viajando em minhas memorias. Mas quando eu voltei ao meu corpo, Samanta dormia jogada na cama.
— Nada de s**o pra você, Nicolas - murmurar pra mim mesmo.
Observei Samanta sem saber muito bem o que fazer, então fiz apenas o que fazia com Jason quando ele chegava bêbado em casa. Tirei seus tênis, suas meias e sua calça jeans. Caminhei até meu guarda roupa e peguei meu moletom azul, vestindo-o nela. A cobri com o edredom macio e liguei o ar-condicionado.
Saí do quarto e quando cheguei na sala, a festa aind rolava solta. Klaus e Elisha discutiam por alguma coisa boba, eu passei direto e fui até a cozinha.
— Noah? - Jess apareceu na minha frente. A nanica parecia um pinguim irritado. — Você viu minhas amigas?
- Não. - respondi simplesmente. Samanta esta no meu quarto e Amanda provavelmente está com o Jason fodendo por aí. — Elas devem ter ido pra casa. - dei de ombros e peguei uma garrafa de uísque.
— Nico - Elisha me chamou se aproximando - Onde estava?
— Quarto.
— E essa garrafa? - Ela perguntou tentando tomar a garrafa de mim, mas fui mais rápido e levantei o braço. - Você não bebê, Nico... O que aconteceu?
— Vá pra casa cedo - pedi e Elisha assentiu, sabendo que não devia insistir. Subi as escadas e deixei ela e toda a festa para trás, voltando ao meu quarto.
Entrei, tranquei a porta e observei Samanta. dormir calma feito um anjo. Ela esta jogando comigo.
Abri a garrafa e tomei um gole, sentindo o líquido arder em minha garganta.
Tirei os sapatos, me sentei na cama e tomei toda aquela garrafa lentamente, observando a garota.
Algo dentro de mim dizia que ela seria um problema, mas eu ignorei aquila voz irritante.
Ela é linda demais pra isso.