Capítulo 1
**Ayla Albuquerque**
Já se passavam das 23 horas da noite quando tomei um breve banho, escovei meus dentes, vesti uma camisola bem leve e fui me deitar. Sempre demoro a dormir e tenho cada sonho louco e sem sentido que até eu me surpreendo.
Mas naquela madrugada foi quando percebi que algo estava muito errado comigo. Empurrei minha cama pra próximo da parede, peguei um lençol fino, apaguei a luz e me deitei. Depois de um tempo rolava na cama sem conseguir dormir sentindo um calor insuportável e quando finalmente consegui cochilar, abri os olhos olhando ao redor e me senti imóvel, olhava para meu quarto e tinha pouca iluminação por conta das portinholas da janela, vi uma sombra preta perto de mim que se aproximava, senti um toque pesado em meu corpo e eu tentava com todas as forças gritar ou sair de lá correndo, mas nem me mexia.
Sabe aquela sensação do coração querer sair pela boca? Pois é, eu odeio isso! Acordei em choque, muito suada e percebi que foi um pesadelo.
Tive uma paralisia do sono!
Depois de uns dias foram ficando mais constantes, dormir era algo que eu amava fazer, mas depois, o medo me consumiu.
É, eu não conseguiria mais dormir em paz.
Me chamo Ayla Albuquerque, tenho 23 anos e sou filha única. Perdi meus pais aos 19 anos em acidente de carro, um homem estava embriagado e em alta velocidade, então perdeu o controle e bateu no carro dos meus pais. Eles morreram na hora! A pior dor que já senti na vida foi de perder os dois de uma só vez, e eu não desejo isso a ninguém!
Fui muito amada por eles, fizeram tudo por mim, e hoje só estou de pé por eles.
Por mais que meu pai chegasse tarde da noite ou passasse dias viajando a trabalho, sempre que ele estava em casa, me dava atenção e carinho. Mas eu não sabia ao certo com o que ele trabalhava, e quando eu perguntava, ele mudava de assunto e nunca me dizia ao certo.
Meu pai era filho único, e minha mãe tem uma irmã, mas que nunca conheci, ela odiava minha mãe e nunca soube o motivo. Meus avós também se foram a vários anos atrás, então resumindo, estou sozinha nesse mundo!
Nasci na Pensilvânia, passei minha infância e adolescência por lá, mas aos 16 anos, meu pai por conta do trabalho dele tivemos que nos mudar para Seattle. Bom, sempre fui bem calada e meio tímida desde criança, e hoje não mudei muita coisa, mas quando eu estava em um ambiente já de costume me sentia mais à vontade. Minha mãe dizia que eu tinha puxado muito meu pai, mas já consegui mudar um pouco isso hoje.
Até meus 17 anos sempre fui meio ingênua e muito bobinha. Literalmente! Queria muito ter condições de ir pra bem longe, começar uma nova vida, ter novas experiências, respirar novos ares, contemplar paisagens... sempre tive o sonho de sair por aí.
Eu tinha alguns amigos na Pensilvânia, e sinto muita falta deles, mas perdi o contato com a mudança e depois de uma decepção amorosa e ter que me mudar, me acostumei a ficar sozinha boa parte do tempo, quando colocava meus fones de ouvido parecia que eu me transportava pra outro local.
Eu amo música!
Moro sozinha desde então, e decidi me mudar de Seattle para Nova York. Economizei em tudo que podia para comprar esse apartamento e enfim hoje ele é meu. Me dói ao lembrar de como consegui, mas tento não me abater mais.
Sou uma sobrevivente!
Depois de muito procurar, hoje tenho uma entrevista de emprego. Vi em um site uma vaga de recepcionista numa empresa chamada Infinite. É uma empresa muito conhecida e respeitada na área de tecnologias, e confesso que estou muito animada.
Acordo bem cedo as 05:30 já em alerta pois estava muito ansiosa e m*l consegui dormir. Me levanto indo tomar um banho, faço minhas higienes e logo após, preparo meu café. Escolhi uma roupa social constando em uma calça preta social, uma camiseta branca, com um blaser preto e um salto médio fino. Minha entrevista está marcada para as 7:30 e é uns 30 minutos de ônibus até lá.
Estava uma pilha de nervos!
Se meu currículo é bom? Sim ele é! Fiz faculdade de administração, tenho cursos na área da comunicação, finanças e de idiomas. Sou fluente em português, inglês, espanhol, mas francês só conheço um pouco e tenho experiência como secretaria executiva, que pra falar a verdade não foi nada boa e não gosto de lembrar daquele lugar.
Enfim já eram 6:40 e não queria me atrasar logo hoje, peguei minha bolsa e sai do meu apartamento às pressas. Depois de 30 minutos no ônibus, paro em frente ao prédio olhando cada detalhe dele e respiro fundo, faço uma breve oração para que tudo dê certo pois preciso muito desse emprego, meu dinheiro está no fim e tenho contas para pagar pois já estava a cinco meses desempregada.
-Essa vaga é minha! – Falo comigo mesma.
Entro no prédio e caminho em direção a recepção principal, vejo uma jovem loira bem arrumada vestida de uma blusa preta, cabelos soltos, batom nude e um sorriso bem simpático.
-Olá bom dia, me chamo Ayla Albuquerque e tenho uma entrevista hoje as 7:30. - Falo quando me aproximo.
-Olá bom dia, só um momento. – Me responde com um sorriso largo.
Ela olha no computador e me entrega um tipo de crachá de visitante.
-Sua entrevista será no 29° andar, lá tem uma recepção próximo ao elevador e vão lhe orientar como será o processo. - Gostei dela, bem simpática.
-Ok, muito obrigada! - Agradeço devolvendo um sorriso sincero.
-De nada e boa sorte! - Agradeço novamente e vou para o elevador.
Assim que entro seleciono o andar e quando as portas estão quase se fechando vejo um homem alto andando com pressa e pedindo para segurar o elevador.
-Obrigado senhorita .... - Ele faz menção se me cumprimentar com um aperto de mãos.
-Ayla, Ayla Albuquerque e não foi nada! – Aperto sua mão, mas mantenho uma distância adequada dele.
Se ele é bonito, sim e muito! Alto, sorriso largo, forte, cabelos escuros e olhos azuis marcantes. Mas evito de olhar muito e continuamos em silencio até ele chegar ao seu andar, ele sai do elevador no 27° andar dando um leve tchauzinho pra mim que retribuo, e sigo para minha entrevista. Quando o elevador para no 29° andar saio dele vindo direto pra recepção e me pedem para esperar sentada no canto.
Cinco minutos depois uma mulher que aparenta ter uns 45 anos vem em minha direção.
-Olá bom dia, me chamo Olivia Blant. – Ela estende a mão para me cumprimentar. - Vou fazer sua entrevista, por favor me acompanhe.
Ela aparenta ser bem simpática e a sigo, no caminho vejo um homem alto, barba feita, olhos azuis, forte e aprece ter uns 1,90 de altura, ele se aproxima de nós e nos cumprimenta.