PVO DE LILY
Uma dor percorreu minha cabeça no momento em que abri os olhos.
Eu estava em uma cama, uma cama desconhecida que parecia que eu estava flutuando nas nuvens. Tentei me sentar, gemendo de dor com a ação. Minha cabeça latejava, sinais claros de uma dor de cabeça promissora.
A cortina de gaze ao redor da minha cama estava fechada, então olhei por ela e observei o quarto e percebi que estava na enfermaria da academia.
Ao meu redor havia filas e mais filas de camas com lençóis brancos macios e cortinas de gaze branca ao redor de cada cama. Havia equipamentos de última geração emitindo um beep suave e a temperatura na sala estava perfeita. Nem muito frio, nem muito quente. Apenas aconchegante.
A chefe dos curandeiros trabalhava em sua mesa, seus cabelos negros aparados com brilho sob a luz intensa enquanto ela abaixava a cabeça, trabalhando em algo.
Por que estou aqui? Perguntei a mim mesma e quase imediatamente as memórias começaram a voltar.
"Aguenta mais um pouco, Beauregard. Os curandeiros irão cuidar de você em um momento."
"Você não pode contar a ninguém que eu a curei." Um leve toque quando comecei a desfalecer novamente. "Ninguém pode saber, ok?"
"Vou garantir que paguem pelo que fizeram com você. Eles não podem ficar impunes."
Minhas memórias se tornaram indefinidas, suas conversas unilaterais se misturando e embaralhando.
Mas seu nome permaneceu. A memória do seu rosto.
Ren Hawthorne.
Ele era o único filho do alfa e da luna do bando da Lua Prateada, que eram uma raça majestosa de licantropos com ascendência fae. Eles eram conhecidos por sua imensa beleza, habilidades de cura, sabedoria e natureza justa.
Eu não conseguia acreditar que em minha vida eu encontraria e até mesmo teria conversas com um dos príncipes licantropos. No entanto, aqui estou eu agora, tendo conhecido os príncipes de Gold Crest, Night Shade e Silver Moon, respectivamente. Restava apenas conhecer o suposto príncipe sombrio de Poison Fang para dar um ponto final nisso e chamá-lo de um dia.
Encontrar Ren era como morder algodão-doce. Macio e doce. Com seus cabelos loiros brancos, pele parecida com pérola, belos traços faciais e voz calma e suave, eu conseguia me ver fazendo algo estúpido... como me apaixonar por ele.
Eu era mais inteligente do que isso... ou pelo menos, gostava de acreditar que sim. Não podia confiar em mais ninguém. Não depois de Cade.
Como de costume, a dor perfurava meu coração sempre que eu pensava em Cade.
Eu larguei a escola, mudei de número, até mesmo tingi meu cabelo por alguns meses, tentando enganar meu cérebro para que pensasse que eu era outra pessoa. Qualquer pessoa, menos eu mesma.
Ele não ligou, não mandou mensagem, nem sequer tentou me ver. Eu deveria ter entendido depois da última mensagem que ele me mandou, mas uma parte de mim ainda tinha esperança de que não fosse verdade. Que tudo aquilo fosse uma grande piada de mau gosto.
Talvez eu seja masoquista. Talvez eu seja apenas uma palhaça.
Suspirei e me sentei, ignorando a dor aguda que percorreu meu abdômen. Ao lado da minha cama estava minha bolsa e, ao remexer nela, encontrei meu celular e liguei.
Havia algumas mensagens da Bia insistindo que ela estava de serviço de entrega hoje e estaria "ao meu lado" nas próximas horas e traria seu "famoso martelo".
Rapidamente, mandei uma mensagem para ela dizendo que não era necessário e que eu estava na aula de qualquer maneira. Ela trazendo um martelo e brigando com meus agressores não ajudaria em nada.
Ela começou a ligar e eu atendi de imediato: "tem certeza?" ela perguntou sem rodeios.
"Certeza absoluta. E por que você não está na escola?"
Conseguia imaginar ela dando de ombros. "Não estava com vontade. Vamos sair neste fim de semana e esquecer nossos problemas. Theo está nos dando um tempo. Ele ainda se sente horrível com o que aconteceu com você. Estamos muito preocupados."
Meu coração apertou por um momento, uma sensação de calor borbulhando no peito. Além da minha mãe, nunca havia me sentido amada por ninguém desde a execução do meu pai.
Encontrar a Bia e o Theo foi o melhor presente que a vida me deu.
"Não se preocupe comigo. Estou bem", disse, sentada na cama da enfermaria, meus ferimentos enfaixados, minha cabeça latejando de dor.
Ela desligou depois de dar um estalinho de beijo e eu suspirei e coloquei meu celular de volta na bolsa.
Peguei meu laptop que custava mais do que o carro da minha mãe e o liguei, colocando meus fones de ouvido e fazendo login no site da escola.
A academia tinha essa coisa em que todas as aulas eram gravadas e postadas no site para que você sempre pudesse voltar e refrescar a memória. Era uma dádiva de Deus, na verdade, porque isso tem funcionado a meu favor desde que coloquei os pés nesta maldita escola.
Encontrei rapidamente minha aula e comecei a assistir a uma gravação ao vivo da minha aula de química avançada, pegando minhas anotações e anotando algumas informações.
Não sei por quanto tempo trabalhei, mas de repente ouvi um estrondo... como o som de uma porta batendo.
Um desconforto se acendeu em meu estômago enquanto eu me sentava.
O que foi isso?
Olhei pelas cortinas para ver o que estava acontecendo. Meu coração já estava acelerado, minhas mãos suadas, comecei a hiperventilar.
Devagar, removi meus fones de ouvido e olhei ao redor. A curandeira não estava mais em sua mesa. Onde ela estaria? Eu me senti seguro estando em seu olhar simples -
Houve um barulho alto novamente e desta vez, eu vi... ou melhor, vi eles.
Eram um grupo de rapazes, uns cinco ou seis, rindo entre si com sorrisos venenosos no rosto.
"Sai, sua v***a! Sabemos que você está aqui! Só queremos nos divertir um pouco!"
Um deles abriu uma das cortinas fechadas ao redor de uma cama e, não encontrando nada, virou a cama de cabeça para baixo, causando um barulho alto enquanto os outros garotos riam e uivavam.
Caramba, isso é permitido?
Engolindo em seco, peguei minha bolsa e coloquei meu laptop e fones de ouvido de volta, discretamente e sem chamar a atenção.
Seria difícil me movimentar, mas eu não poderia ficar aqui e descobrir o que esses garotos planejavam fazer comigo se me encontrassem.
Ouvi movimentos e sussurros se aproximando cada vez mais. Segurei a respiração e escutei atentamente, tentando entender o que estavam dizendo.
"Você tem certeza de que ela está aqui?"
"Positivo. Vi Hawthorne a trazendo para cá."
"Ren Hawthorne?" Um deles arfou, "cara, não tenho certeza se deveríamos fazer isso."
"O que você é, um covarde?"
"Eu não sabia que um dos príncipes estava protegendo ela. Eu tô fora, cara."
Houve um tumulto e uma discussão se seguiu.
"Deixe ele ir. Ainda faremos essa v***a pagar por conseguir o apoio de Ren."
"Primeiro temos que encontrá-la."
Meu coração disparou quando percebi a gravidade da situação.
Eu precisava sair dali.
Saí silenciosamente da cama, ignorando a dor na minha cabeça e no abdômen, e andei na ponta dos pés até a janela. Estava entreaberta, o suficiente para eu escapar.
Hesitei por um momento, olhando para trás para a cama. Se eu saísse, eles poderiam pensar que eu ainda estivesse lá dentro e começar a procurar o quarto. Mas se eu ficasse, eles me encontrariam com certeza.
Respirei fundo e subi na janela. Era uma descida longa, mas consegui segurar na calha e me abaixar até o chão.
Assim que meus pés tocaram a grama, corri em direção ao prédio principal, olhando para trás a cada poucos segundos para garantir que ninguém estivesse me seguindo.