— Na casa de um amigo. — respondeu secamente. — Amigo? — Amigo. — É aqui que você fica? — Algumas vezes. Vem, vamos colocar esse vinho pra gelar. A casa era mais bonita por dentro que por fora, o piso de tábua corrida em tom marfim, as paredes brancas revestidas de quadros de Romero Britto e Tarsila do Amaral. Théo se antecipou por alguns cômodos, como se estivesse verificando estarmos sozinhos. Isso me preocupou bastante. — Théo, a gente pode estar mesmo aqui? — Sim, fique tranquila, só estou vendo se os cachorros não estão soltos. — tirou os sapatos e os deixou num canto. — Cachorros? Que cachorros? — me apavorei e ele ficou rindo, como sempre, rindo da minha cara! Então sumiu pra dentro da casa com o vinho e voltou com uma garrafa gelada da mesma marca. Foi o que me fez sorrir.