02:00 AM
Dean acabou por acordar no meio da madrugada.
Algumas vezes, sem motivo algum, ele acordava no meio da noite. Ele não sabia ao certo, o porquê, mas demorava um certo tempo para que ele dormisse de novo. Mas dessa vez, foi um pouco diferente.
Ele havia sonhado com lindos olhos azuis turquesa. Brilhantes e grandes olhos azuis. Lábios rosados e um pouco rachados por conta de prováveis mordidas. Cabelos escuros como a noite que recaíam sobre seus olhos, realçando ainda mais a cor de seus olhos e sua pele leitosa.
Dean havia se sentado na beira da cama. Ele esfregava ambas as mãos em seu rosto para ficar mais desperto. Se perguntava o porque de ter sonhado com o moreno que conheceu no dia anterior.
Dean não sonhava com ninguém há muito tempo, geralmente eram coisas aleatórias ou até mesmo um grande nada. A última vez que sonhou com alguém, essa pessoa foi sua mãe.
FLASHBACK ON
Dean levantou da cama de sopetão assim que seu irmãozinho o tocou.
Sammy se assustou com o levantar repentino do irmão, mas logo ignorou isso.
- Dean o que houve? Você estava gritando e se debatendo enquanto chorava! Teve um pesadelo, maninho? - Sammy perguntou enquanto abraçava o irmão ainda estérico sentado na cama.
- Oh... - passou a mão nas costas do irmão - Foi só um pesadelo, não se preocupe...
- Era com a mamãe? - Sammy pergunta cessando o abraço e encarando Dean com grande parte de sua visão sendo coberta por sua franja.
- Sim. Falando nisso, aonde está a mamãe? - Dean pergunta.
- Está na cozinha - Sam diz - Ela não ouviu seus gritos pois estava usando fones de ouvido enquanto ouvia os Rock's antigos do papai.
Dean bufou.
- Dean, ela ainda ama o papai.
- Eu não a entendo. Ele largou a gente quando descobriu que mamãe estava grávida de você Sam, ele disse que não queria carregar outro peso nas costas - Dean disse já se levantando da cama.
- Mas-
- Shh Sammy! Esse assunto morre aqui! - ele diz se virando para a porta e indo ate a cozinha.
Lá estava sua mãe girando pela cozinha enquanto fazia o café da manhã, ela já não estava mais com fones nos ouvidos, a música devia tocar em sua cabeça, pois murmurava algumas letras enquanto colocava panquecas e bacons nos pratos.
- Dean querido! Que bom que acordou, bem na hora do café - ela se aproximou para deixar um beijo na testa de seu filho - Chame Sam para comer.
- Já estou aqui - Sam anuncia entrando na cozinha de cara emburrada e se sentando á mesa.
- Meninos, preciso ir ao mercado comprar algumas coisas para o almoço mais tarde. Volto logo, okay? - Mary diz tirando seu avental e o deixando encima do balcão da cozinha.
Dean sentiu um algo estranho tomar conta de seu corpo naquele momento. Um medo desconhecido.
Logo ele se viu abraçando sua mãe fortemente.
- Mamãe, por favor, fica... Não vá - Dean dizia calmamente apertando mais o abraço.
- D-Dean? Filho, por que...? Eu preciso ir! - ela dizia acariciando o cabelo do filho.
- Não por favor, eu... ah - ele tentava dizer.
- Dean vá tomar café com seu irmão. Eu preciso ir, estou em casa logo logo - ela dizia desgrudando os braços de seu filho dela.
Mary saiu em direção a porta.
- Mãe! - Dean chamou e a mesma parou para olhá-lo - Eu te amo, tá? Não esqueça...
- Oh, filho! Eu também amo vocês, sempre amarei vocês - a ômega dá um sorriso suave - Agora tenho que ir, volto antes do horário do almoço - e saiu pela porta.
...
Passaram-se 4horas. O horário do almoço tinha sido há 1hora atrás.
Mary não havia chegado.
Dean andava de um lado para o outro pela sala preocupado.
- Dean, aquiete-se! A mamãe às vezes se atrasa, você sabe disso. Ela deve ter encontrado alguma amiga na rua e parado para tomar um café, ela sempre faz isso - Sam disse enquanto jogava vídeo-game em seu PS4.
- Okay... Pode ser - Dean se sentou ao lado de seu irmão no sofá, o assistindo jogar.
...
- Alô? Você é filho da dona deste celular, certo? - era uma voz diferente do outro lado da linha.
Sam chegou á cozinha e ficou ali, quieto somente observando Dean no telefone.
- S-Sou sim... P-Porque? - perguntou nervoso.
- Eu estava fazendo uma caminhada pela estrada, quando captei um forte cheiro de fumaça, olhei para fora da estrada e pude notar um carro capotado lá. Me aproximei para ver se alguém ali precisava de ajuda e encontrei uma mulher loira presa dentro do veículo. Ela estava viva e estendia um telefone para fora do carro. Peguei o aparelho e logo depois começei a puxá-la para fora, mas depois vi que sua perna estava presa. Avisei que iria chamar os bombeiros, mas logo que me afastei para ligar, o carro pegou fogo e... Explodiu... - o homem dizia com uma voz melancólica.
Dean estava imóvel pelo que acabara de ouvir, não podia acreditar.
Sammy não ouvia a conversa no telefone, mas ele observava a expressão do corpo de Dean, os olhos de seu irmão estavam cheios e demonstravam dor. O cheiro de Dean era um péssimo cheiro de dor e tristeza. Logo, Sammy começou a chorar.
- Eu sinto muito pela sua mãe, rapaz. Eu tentei ajudar mas... - o homem dizia.
- O-Obrigado por tentar a-ajudar... e por l-ligar...
- Você tem alguém para cuidar de você? - Dean não respondeu, e o homem havia entendido - Certo, me dê seu endereço, eu posso ajudá-lo.
Dean estranhou, mas o homem parecia bom, ele havia tentado ajudar sua mãe e estava oferecendo ajuda. Dean deu seu endereço.
Desligou o telefone e o jogou na parede em frustração. Foi até seu irmão jogado no chão e o abraçou fortemente.
Sammy tinha apenas 10 anos, era novo demais para ter um trauma como aquele. Dean com 14 anos, tentava ser forte o suficiente para motivar o irmão a superar a perda recente.
- Vai ficar tudo bem, Sammy... Eu vou proteger você! - ele apertou o abraço e ficaram assim por horas, até o homem chegar.
O nome dele era Bobby. Era um alfa. Ele cuidou dos meninos como se fossem seus filhos.
FLASHBACK OFF
Atualmente ele não estava mais no mundo dos vivos. A idade o levou para um lugar melhor há dois anos atrás.
Dean saiu de suas lembranças e se levantou da cama.
Sentiu um cheiro diferente na casa, mas deduziu ser de Gabriel, ele ouviu a voz do loiro quando Sam chegou em casa. Ele não havia saído de seu quarto desde então, ainda estava chateado com Sam.
Haviam brigado pois Sam havia pegado o carro de Dean sem pedir e furado dois pneus. Dean roubou o dinheiro de seu irmão para comprar pneus novos. Por sorte, o Winchester mas velho tinha um talento para consertar carros e trocou os pneus no mesmo dia e saiu com o carro depois de ter uma discussão feia com o mais novo.
Enquanto andava pelo corredor da casa, ele passou pelo quarto de seu irmão o vendo deitado sozinho na cama enquanto roncava alto.
Dean se aproximou com cuidado e o cobriu com o cobertor até o pescoço ja que o mesmo estava totalmente descoberto.
Por mais que ele estivesse chateado com Sam, não queria que seu irmão pegasse algum resfriado ou gripe, pois estava muito frio.
Saiu dali e foi até a cozinha, vendo Gabriel comendo algo enquanto olhava pela janela.
- BUH! - Dean disse para assustá-lo.
Gabriel deu um pulo se virando de imediato.
- Viado! Não faça isso! - Gabriel disse colocando a mão no peito.
Dean riu.
- Tá fazendo o que aqui? - pergunta.
- Sam ronca demais, não sou obrigado a aturar. E eu também estava com fome - Gabriel diz.
- O que está comendo aí? - Dean pergunta sentindo um cheiro familiar.
- Este pudim aqui - Gabriel mostra o prato.
Dean congela.
- O-O meu pudim? Como ousa? - Dean pergunta incrédulo.
- Não estou vendo seu nome aqui, Winchester - Gabriel diz comendo outro pedaço.
- Mas o próprio nome diz: "Pu Dean" entendeu? Eu não acredito que todo esse tempo eu achava que era o Sam que comia, mas era você! - Dean disse.
Gabriel não pode conter a gargalhada.
- Você não comia minhas tortas também, né? - Dean pergunta estreitando os olhos para Gabriel.
- Gostei da calça, Winchester - Gabriel diz apontando a calça de Dean que tinha estampas de cachorro-quente.
- Gabriel... - Dean usa sua voz de alfa.
- Olha, v-você para! - Gabriel diz o repreendendo. Ele coloca o prato e a colher do pudim que comeu na pia.
Dean e ele se encaravam, enquanto Gabriel andava de costas lentamente até a escada. Para logo depois quebrar o contato visual e subir rapidamente até o quarto.
Dean abre a geladeira vendo que 70% do seu pudim havia sido devorado.
Ele rugiu baixinho.
- Preciso dar um jeito nessa formiga ômega abusada - ele fez uma anotação mental. Cuidaria dele mais tarde.
Bebeu um copo de água e subiu para seu quarto. Ele logo conseguiu dormir novamente.
(...)
09:13AM
A luz do sol havia invadido o quarto de Dean e parando exatamente em seus olhos, fazendo-o acordar.
Ele se espreguiçou e se levantou rapidamente antes que ficasse com preguiça de se levantar.
Foi em direção ao banheiro e fez sua higiene matinal. Tomou um bom e delicioso banho, colocou sua roupa casual e desceu para a cozinha.
Encontrou Sam sentado sozinho na cozinha bebendo apenas um copo de café. Eles se entreolharam. Dean quebrou o contato visual e foi até o fogão preparar panquecas.
Depois de alguns minutos de um longo e desconfortável silêncio. Sam se pronuncia:
- Hey Dean.
- Uh? - o mais velho murmura se fazendo de difícil.
- Desculpa tá legal? Eu tava errado em pegar seu carro sem permissão, e isso custou dois pneus furados...
- Hum... - Dean estava pensando enquanto virava uma panqueca na frigideira.
- Dean, estou pedindo desculpa tá legal? Seria justo você me responder e-
- Tá legal, Sammy. Eu te perdoo. E se está achando que vou pedir desculpas por ter usado seu dinheiro sem avisar também está enganado. Foi justo - Dean foi direto e grosso. Mas por dentro ele estava feliz por voltar a falar com o irmão.
- Oh, sim, certo... - Sam diz tomando outro gole de seu café.
Dean coloca duas panquecas no prato á frente de Sam e logo depois coloca um quadradinho de manteiga encima, ele olha para o caçula e sorri.
Ele volta para o fogão para fazer mais panquecas.
- Obrigado - Sam agradece.
O silêncio agora era confortável. Mas fez falta para Dean assim que Gabriel entrou na cozinha.
- Bom dia pirulito - deu um selinho em Sam - Bom dia cunhadinho - deu um tapa na b***a de Dean que pulou em surpresa.
Ele se sentou ao lado de Sam. Dean preferiu ignorar a atitude de Gabriel, afinal, ele era assim mesmo.
- Sam, e agora? Temos até hoje á noite para arrumar alguém para o Cassie. Mas não faço idéia de quem eu posso arranjar - Gabriel dizia com o rosto pensativo.
- Por que quer tanto que Castiel tenha um alfa? - Sam pergunta.
- Sabe pirulito, eu sei que ele precisa de um, ele vive isolado naquele quarto e não saí para nenhum lugar. Os cios dele são dolorosos e meu coração se aperta ao ouvir os gritos necessitados dele. Aliás, o cio dele está se aproximando, é semana que vem, preciso arrumar alguém para ele trepar logo - Gabriel diz.
- E que tipo alfa você acha que ele merece? - Sam pergunta dando uma garfada em sua panqueca.
Gabriel pensa por alguns segundos.
- Um alfa grande, forte, carinhoso, bastante paciente para aguentar os atrevimentos do Cassie, engraçado e principalmente bonito!
- Quem é Castiel? - Dean pergunta colocando panquecas em dois pratos.
- É meu irmão mais novo - Gabriel pega seu celular e começa a mexer nele em buscar de uma foto.
Dean coloca um prato de panquecas na frente de Gabriel e logo se senta na mesa para comer as suas também.
- Aqui está. Essa foto é recente, ele postou no ** semana passada - Gabriel mostrou a foto para Dean que pegou o celular na mão e analizou a foto.
Se Dean não estivesse de boca cheia ele daria um gemido.
Era o moreno com quem ele havia feito uma certa amizade no dia anterior.
Merda.
- Oh sim... Q-Qual o nome dele? - perguntou assim que engoliu a comida, ele quase se engasga.
- Castiel. Castiel Novak, ele tem 23 aninhos. É lindo não é? - Gabriel se gaba de seu irmão.
- Oh... Ele é muito bonito - Dean sorri ainda olhando a foto.
Dean poderia fazer uma birra por Gabriel afastar o celular dele. Ele queria continuar observando aquela foto, aquele lindo sorriso do moreno.
Castiel. Era um belo nome e combinava muito com o moreno. Dean estava interessado.
- Pena que vai ser difícil achar alguém para meu irmãozinho exigente - Gabriel lamenta para Sam.
- Você não conhece mesmo alguém que ele possa gostar ou algo assim - Dean pergunta dando uma outra mordida em sua panqueca.
- Não... - ele responde e Dean bufa.
Ou Gabriel era lerdo ou ele não queria Dean como seu cunhado.
- Quase não há alfas bonitos nesse mundo. Pra ser sincero só o Sam e você. São os mais bonitos. Mas Sam me namora óbvio e você... Bom, você é solteiro, né? - Gabriel olha para Dean.
Dean assente.
- Que pena - Gabriel diz, mas logo acende-se uma lâmpada em sua cabeça - QUE PENA É O c****e! DEAN! - ele exclama de repente assustando todos ali.
- Eu? - Dean atende assustado.
- VOCÊ VAI NAMORAR O MEU IRMÃO! Que ótima idéia eu tive! - Gabriel sorri de orelha a orelha.
- Sério? - Sam pergunta.
- Sim! E se Castiel negar o Dean eu juro que taco ele de uma ponte e desisto - Gabriel dizia comendo sua comida com pressa.
- Porque a pressa Gabriel? - Sam pergunta.
- Precisamos organizar o encontro para essa noite Sam! Fazer a reserva no restaurante e convencer Castiel, o que demora praticamente duas horas, então temos que fazer tudo com antecedência.
Dean estava calado. Era tudo o que ele queria, mas não sabia o que falar. Então só lhe restava a ansiedade.
Ele queria conhecer mais do moreno de olhos azuis e rebolado pomposo que o cativara no dia anterior e que agora aparecera em seus sonhos. Ele queria conhecê-lo melhor.