Capitulo1
"Uma historia de amor de crescimento e superação! Uma lição de que o amor pode surgir de onde menos imagina"
Prólogo
A sirene estridente ecoou pelos corredores de concreto, anunciando o fim de mais um dia na Penitenciária Estadual de Stonebridge. Quando o portão de aço rangeu, Meg Orian ergueu o queixo — o único gesto de orgulho que ainda podia ostentar depois de dois anos atrás das grades. Duas vezes humilhada: primeiro, pelo sistema que a condenara injustamente; depois, pelo homem que jurara amá‑la e a deixara para apodrecer ali dentro.
Marcus Dilan. Gerente brilhante, sorriso de vendedor, ambição de lobo. Fora ele quem a convencera a assinar relatórios falsos, prometendo que um ano de reclusão seria o preço de um futuro perfeito a dois. Mas o futuro nunca chegou. Em vez disso, Meg colecionou noites insones, paredes frias e cicatrizes que ninguém vê — até descobrir, numa edição amarrotada de revista de negócios, a foto do noivado dele com Emilly Muller, irmã caçula do dono da empresa que eles mesmos ajudaram a erguer. A aliança reluzente no dedo de Emilly cintilava como uma facada.
Do lado de fora, Cristian Muller não era homem de se enganar facilmente. Quando os relatórios confidenciais revelaram que Marcus cortejava sua irmã havia apenas alguns meses — exatamente o tempo desde que Meg fora sentenciada — o instinto de proteção falou mais alto. Cristian, magnata acostumado a negociar impérios, decidiu negociar a verdade. E a verdade estava trancafiada em Stonebridge.
A visita aconteceu numa tarde chuvosa. Sentada diante do vidro grosso, Meg estudou o estranho de terno impecável e olhar de aço. Cristian não perdeu tempo em cortesias: ofereceu‑lhe liberdade em troca de tudo o que sabia sobre Marcus. Mas Meg já não era a mesma contadora ingênua que assinava documentos por amor. Ela sorriu — um sorriso que misturava dor e veneno — e sussurrou que possuía provas suficientes para arruinar Marcus para sempre. Provas que valiam mais do que dinheiro. Valiam vingança.
“Ele tirou tudo de mim”, disse ela, a voz firme apesar das algemas. “E só há uma maneira de fazê‑lo pagar: casando‑me com você.”
Cristian arqueou a sobrancelha, intrigado, enquanto a chuva tamborilava no telhado de zinco. Naquele instante, um pacto silencioso nasceu entre a prisioneira e o magnata — um acordo forjado em ódio mútuo a um mesmo inimigo. Do lado de fora, o trovão rugiu, como se o próprio céu testemunhasse a promessa sombria que selaria seus destinos.
Quando Meg se levantou, as correntes tilintaram como sinos de casamento ao contrário. Ela não vestia branco, mas carregava consigo algo mais poderoso que pureza: a determinação de transformar cada lágrima derramada em combustível para a ruína de Marcus Dilan. E, ao sair da sala de visitas, sentiu, pela primeira vez em dois anos, que a porta de ferro atrás dela não era um fim — era o prelúdio de sua vingança.
DOIS ANOS E SEIS MESES ANTES...
Eu, acreditava que estava vivendo o início de um conto de fadas.
Naquela tarde, no meu pequeno escritório, terminava os relatórios do balancete com a precisão que sempre me orgulhou. Os últimos raios de sol se infiltravam pela janela, dourando os números na tela. Mas era dentro de mim que algo brilhava mais forte: a esperança — e a certeza — de que aquele seria o dia em que Marcus me pediria em casamento.
Enquanto organizava os papéis, olhei para minhas mãos recém-pintadas com esmalte rubi. Sorri. Tudo estava pronto. Dois dias antes, enquanto buscava uma meia na gaveta de Marcus, encontrei um anel — cuidadosamente embalado em papel de seda. Era impossível não pensar que aquele era o meu futuro me esperando em silêncio.
— Meg, você está linda hoje! — disse Camila, minha colega de setor, com um sorriso simpático ao passar.
— Obrigada, Cami. Acho que hoje... vai ser um dia especial — respondi, tentando conter o turbilhão que me consumia por dentro.
Era nosso aniversário de três anos. Três anos de um amor que, para mim, era maior do que qualquer dúvida. Mesmo quando Marcus soltava observações veladas sobre meu corpo, meu trabalho, ou meus amigos, eu sempre entendia como zelo. Ele só queria o melhor para nós. Eu faria tudo por ele — e tinha certeza de que ele faria o mesmo por mim.
Saí mais cedo do trabalho. Fui direto ao shopping. Escolhi um vestido verde-esmeralda que abraçava meu corpo como se tivesse sido costurado sob medida para aquela noite. Os sapatos de salto realçavam minha postura, e o perfume suave marcava cada passo com feminilidade. Olhei meu reflexo e pensei: ele vai se encantar.
Em casa, acendi velas, arrumei a mesa com louça especial e preparei a ceia com atenção a cada detalhe. Enquanto passava o batom, me encarei no espelho.
— Hoje, Marcus, você vai ver o quanto eu sou feita para você.
Às 20:00 em ponto, a campainha tocou.
Marcus apareceu com um terno impecável e um buquê de lírios brancos. Seus olhos estavam intensos, e havia algo neles — um brilho que eu só conseguiria nomear muito tempo depois. Para mim, na hora, era apenas amor.
— Boa noite, minha linda — disse ele, beijando minha mão como nos filmes antigos.
Jantamos. Conversamos. Ele elogiou o vestido. Depois, soltou uma frase que, se eu não estivesse cega de amor, teria doído diferente:
— Você está deslumbrante. Mas sabe... um pouco mais de disciplina no cuidado com você mesma faria milagres.
Eu ri, achando que era só uma crítica carinhosa.
— Você sempre querendo o meu melhor — disse, ignorando o incômodo sutil que nascia no fundo do peito.
A sobremesa chegou. Ele se levantou, pegou o anel e ajoelhou-se diante de mim.
— Meg, você é a luz da minha vida. Case-se comigo.
Meu coração explodiu em emoção. As lágrimas vieram sem esforço.
— Sim! Claro que sim!
Trocamos um brinde. Ele parecia feliz, mas não tanto quanto eu esperava. Em seguida, caminhou até o escritório e trouxe uma pasta de couro.
— Para oficializarmos nosso compromisso... preciso que você assine esses documentos. É só uma formalidade. Coisas burocráticas que vão facilitar nosso futuro juntos.
Eu assinei sem ler. Por que hesitaria? Era o homem que eu amava. O homem com quem eu acabava de aceitar dividir a vida. Ele sorria enquanto eu assinava, e eu não percebi que era um sorriso mais frio do que deveria ser.
Na manhã seguinte, o sol invadia o quarto, e eu ainda flutuava. Preparei o café com alegria, mas meus olhos caíram sobre a pasta, esquecida sobre a cômoda. Abri-a por impulso, curiosa.
Foi ali que algo mudou.
Os papéis não falavam de casamento. Eram contratos, autorizações bancárias, uma procuração que transferia para Marcus meus poderes financeiros e jurídicos. Meu nome em todas as páginas. Minha assinatura.
Uma pontada de desconfiança surgiu, mas o amor falou mais alto.
É só precaução. Ele é cuidadoso. Visionário. Está pensando no nosso futuro.
Tirei fotos dos documentos e os guardei no celular. Era mais para me acalmar do que para desconfiar. Mas uma voz tímida começava a sussurrar dentro de mim.
Mais tarde, durante um café com minha melhor amiga Laura, tentei compartilhar minha empolgação.
— Laurinha, ele me pediu em casamento! Assinamos alguns documentos também... coisa de quem pensa em construir junto, né?
Ela sorriu, mas seu olhar hesitava.
— Meg... você leu o que assinou?
— Claro que não. Eu confio nele.
— É. Só... cuidado, tá?
Dei de ombros.
— Ele me ama. Eu faria qualquer coisa por Marcus.
E eu realmente acreditava nisso. Naquela noite, adormeci com um sorriso no rosto, os olhos grudados no anel sobre a penteadeira. Achava que estava vivendo o início de uma história de amor.
Mal sabia eu que estava apenas assinando o primeiro capítulo de uma armadilha bem arquitetada.
E no fundo, eu ainda sorria.
Porque não se pode ver a escuridão quando se está ofuscada pelo brilho de um amor cego.