Capítulo 4

982 Words
Folheando o arquivo, vi que ele havia recebido os últimos clientes de Carl. -Como é que você está com o caso de Carl?-Perguntei. -Richmond é amigo de Frank, e sua atual esposa está tentando levá-lo para a lavanderia. Carl está tendo um período de azar e Richmond não quer perder mais sua fortuna. Sua primeira ex-mulher tem uma parte disso. Este é o terceiro processo e, se Carl não tomar cuidado, a maior parte da fortuna poderá desaparecer. -Como? -Richmond tem problemas em manter o p*u dentro das calças. Sempre que aparece uma nova esposa, ele faz um acordo pré-nupcial para dizer o quanto vai continuar fiel, blá, blá. Ele trapaceia e então tem que tentar rescindir o contrato. Até agora, isso deixou um grande impacto em suas finanças. É nosso trabalho evitar que isso aconteça. -Ou ele poderia só, manter o p*u dentro das calças. Ele sorriu. E aquela foi a primeira vez em que ele sorriu pra mim. -Dissemos isso a ele, mas, você sabe, é só a primeira mulher bonita passar e ele esquece tudo. -É...já vi alguns casos.-Eu disse, em tom de ironia.-Pode deixar, vou dar uma olhada nisso. -Se você puder encontrar alguma coisa sobre a esposa também, seria ótimo. -Farei isso.-Eu disse, me virando para sair. -Espere.-Ele disse, erguendo a mão na minha frente. Passei os braços em volta da pasta, mantendo-a perto do peito. E me forcei a olhar para Harry. Esperando que ele dissesse o que precisava dizer. -O que foi?-Eu perguntei, já impaciente. -Sobre a semana passada e sobre todo o resto. Fui um completo i****a com você. -Tudo bem. -Não. Não está tudo bem. Eu sinto muito. Quero que saiba que, vou me esforçar para não continuar sendo um i****a. Eu assenti, mas, sem realmente acreditar que isso fosse possível. -Isso é tudo? -Quase. Quero fazer uma pergunta, e quero que seja honesta comigo. -Pois então faça. -Você queria trabalhar pra mim? Olhei em seus olhos e percebi que ele realmente falava sério. Harry não brincava, nunca, e, principalmente, não comigo. -Não, eu não queria. Eu estava feliz onde estava. Acabei ficando com você depois que a última mulher ameaçou processá-lo, e por um preço bastante alto. Ela também tinha provas. Evidência realmente explícita. Antes que eu soubesse o que tinha acontecido, cheguei ao trabalho e Frank me disse que agora eu era sua assistente e que precisava mantê-lo na linha. Faz muito tempo que não me sinto confortável nesta posição. Merda Nora! você surtou de vez! Respirei fundo e estava pronta para passar por ele, e, simplesmente correr para o banheiro e atolar meu rosto em alguma pia, quando ele me segurou novamente. -O que foi?-Perguntei. Ele olhou para onde estava me segurando e depois para o meu rosto, e então, se afastou. -Desculpe. Eu, só queria te agradecer por ter vindo hoje. -Está bem. Eu só queria terminar meu trabalho para poder pensar em meu futuro. Harry sempre me deixava nervosa. Ele não me soltou por vários segundos, e até começou a acariciar minha pele com o polegar. -Eu tenho que ir.-Eu disse, me afastando. -Certo, é claro, desculpe. Ele me soltou e eu sai daquela sala o mais rápido possível, antes que as coisas ficassem ainda mais estranhas. Eu deveria sair ou deveria ficar? Frank foi incrível. Ele era como um pai para mim e eu não queria decepcioná-lo. Ele não precisava me contratar, mas mesmo assim o fez. Deixando cair a cabeça entre as mãos, eu apenas, suspirei. Eu tinha que trabalhar agora e pensar em todo o resto quando finalmente chegasse em casa. Harry Fiquei de pé na porta, observando Nora deixar cair a cabeça entre as mãos, parecendo tão cansada. Eu nunca tinha a visto assim antes, vulnerável. Cada vez que eu estava com raiva, ou dizia algo horrível, ela aceitava e nunca revidava, nem uma vez. Eu tinha que me perguntar se ela ao menos o ouvia. Agora eu sabia, sem dúvida, que ela ouvia. Me afastei da porta, fui até minha mesa e me sentei. Esta foi a primeira vez em toda a minha vida, em que senti culpa. Eu pensei que Nora queria trabalhar comigo. A maioria das mulheres sabia, mas descobrir que ela se sentia presa a mim foi uma espécie de surpresa. Frank havia acabado de me dar uma boa assistente que ele achava que não voltaria para reclamar de assédio s****l. Voltando-me para o computador, abri os registros de emprego. Fui muito gentil com a moça do T.I, e ela me deu a senha. Sempre que a senha mudava, ela vinha me alertar. Eu adorava estar no topo do jogo, e a única maneira de fazer isso era saber tudo. Ao abrir o histórico de trabalho de Nora, comecei a ler. Não havia nada de especial nele. Tinha que me perguntar qual era o problema dela. Ela não estudou direito e, ainda assim, foi a assistente mais competente que já apareceu no escritório. Frank a adorava, assim como Lidia, esposa de Frank. Nenhum de seus outros assistentes conseguia lidar com a carga de trabalho e muitas vezes ia até ela. Ela era conhecida por assar qualquer coisa, de biscoitos a bolo, e até havia feito um bolo de aniversário para várias pessoas no escritório. Ela era simplesmente legal. Eu não foi legal. Ninguém era legal, a menos que estivesse conseguindo alguma coisa. Frank não estava transando com ela. Eu teria ficado sabendo. Ninguém estava transando com ela, e ela era simplesmente legal. Fecho meu arquivo, me encostando na cadeira, juntei as mãos e tentei pensar na mulher sentada à minha mesa. Em todos os meses que ela esteve lá, eu nunca pensei no que ela queria, apenas no que eu queria. Como eu pude ter sido tão egoísta durante todo esse tempo? ela só queria ser boa no que fazia, e, tudo o que eu fiz, foi tratá-lá feito lixo.
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