Cap 15

831 Words
Italo Eu nunca acreditei que podia ser tão c***l com as palavras, meu pai sempre me disse que essa é umas das coisas que a gente não consegue apagar, ou seja, fazer as palavras voltarem e ficar dentro da boca, porque quando elas saem sem controle, não existe mais conserto Puta... eu chamei ela de p**a naquela comparação. p***a, fui eu que procurei a Emma, eu que a desejei, mas mesmo no começo, eu já fui escroto, tomei o seu corpo na base da bebedeira, enfim, nada justificava Eu vi a decepção em seus olhos, ela nunca esperou nada e mesmo assim, eu consegui estragar tudo. Saí do quarto e fui para um outro lá na casa, fiz daquele o meu. Depois de se arrumar, ela nem olhou na minha cara Imagina o que eu fiz durante todo o dia sem ter nada pra fazer em um morro alheio? Fiquei mandando mensagem para o Aquiles e a Renatinha e é claro que eles não perderam tempo pra me puxar a orelha Eles eram meus amigos, a Renatinha mesmo, era uma amiga mais que amiga né, aquelas coisas de amizade colorida, mas nem por isso, ela deixava de me dar bronca quando era necessário. Só que, diferente das outras vezes, eles estavam certo e me mandaram por mensagem o que eu tinha que fazer pra, pelo menos, tentar consertar Aquiles – Você foi muito é do moleque, onde já se viu falar uma coisa dessas, pode comprar um caminhão de flores e mandar pra ela pedindo desculpas Ítalo – Eu não vou pedir desculpas Renatinha – Ah vai sim, pode passar peroba nessa sua cara aí e dizer que errou Ítalo – Não vou, eu não queria estar aqui mesmo. Foi cagada minha? Foi, mas não viu pedir desculpas, tem que ter um outro jeito de consertar Ficamos a tarde inteira discutindo isso, mas mesmo eu sabendo que tinha que fazer alguma coisa pela Emma, me neguei a me desculpar Ela só chegou em cada de volta quando a noite já estava imperando e mais uma vez, nem olhou pra minha cara, mas eh consegui ver de relance seu rosto inchado e sabia que ela tinha chorado, a única pessoa que ela procuraria ali seria a tia Helena, então sim, ela chorou pra ela Eu pedi um lanche ali na comunidade mesmo e o carinha praticamente me jogou o embrulho na hora da entrega. Se ele achava que eu estava ali por gosto, problema era dele porque pra mim mesmo, eu só repetia o mantra de querer sair dali Mano, eu não consegui dormir, fiquei perambulando pela casa madrugada a dentro e foi por isso que eu consegui escutar aquele som O relógio já batia duas da madrugada e eu passei na frente do quarto da Emma. Deveria estar tudo escuro, mas consegui ver uma luz fraca pela fresta da porta, no chão Encostei minha orelha na porta e sim, escutei a Emma chorando, aquilo me fez sentir como se eu estivesse levando um soco bem na boca do estômago. Era por minha culpa, eu tenho certeza O som estava bem baixo, bem baixo mesmo, mas eu consegui escutar. Decidi ficar ali, sentado, até tudo silenciar, sem ela saber. Eu fui cuzão, não queria pedir desculpas, mas não consegui deixar ela Quando tudo ficou um silêncio só, eu me levantei e abri a porta do quarto devagarinho, estava destrancada e nitidamente, acho que pelo cansaço, a Emma conseguiu dormir Cheguei perto, dei a volta na cama porque ela estava virada para a porta e encontrei o seu rosto com marcas de lágrimas, como se ela tivesse esquecido de tirar a maquiagem Não me aguentei, passei a mão na sua bochecha num carinho calmo, levei a minha cabeça perto do seu rosto e sussurrei Ítalo – Me desculpa por ter sido o pior homem do mundo, eu não queria ter dito aquilo, me desculpa de verdade Foi tão baixo... mas eu disse... Acho que faria mais efeito se eu tivesse dito enquanto ela estivesse acordada, mas como eu disse, pra isso eu não tinha coragem Acho que aquilo me pegou de jeito, ver ela daquela forma, me baqueou, tanto que eu senti o desejo de proteger ela, de fazer com que aquela coisa r**m saísse dela Me coloquei de pé de novo, afastando o meu rosto do dela, fechei os olhos e respirei fundo. Minha mente rodava e rodava, eu estava perdido, pensando demais, me importando demais, mesmo sabendo que não devia Abri os olhos e ela ainda estava ali, imóvel, dormindo, eu não deveria ter feito aquilo, mas não consegui me segurar. Dei a volta na cama, puxei o cobre leito, me deitei ao lado da Emma, me cobri de volta e abracei, com cuidado para ela não acordar, mas abracei, como eu disse, não consegui me segurar, eu só queria estar ali, perto dela, demonstrando que eu me importo, mesmo que fosse nas escondidas, mesmo que na real, ela não soubesse
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