Capítulo 7 - Morte

2084 Words
Só eu e meu pai voltamos para o Brasil, minha mãe acabou ficando lá a trabalho. Estava perfeito demais, estranhei muito e sabia que algo ia acontecer, veio um pressentimento r**m. Naquela mesma noite, tive um sonho estranho, vi um prédio em construção e uma pessoa caindo, parecia que conhecia aquele homem caindo, não mostrou o rosto, mas eu sentia que conhecia, quando o corpo caiu no chão eu acordei pulando e a dor era péssima. Já estava claro, estava ofegante e suando frio, Charlie estava me olhando bem de perto comendo uma lata, as vezes esquecia que ele não dormia e as vezes acordava com ele me encarando, com aqueles olhos todo cinza e dentes pontudos, então me assustei e ele apenas riu: - Você não se acostuma nunca? O seu sonho já vai ser resolvido. - Você pode ver meus sonhos? - Disse assustada. - Posso ter acesso a eles. - Sabe quem era? - Não. - Charlie mentiu. Não consegui me concentrar em nada na escola, pensando naquele sonho terrível. João Vitor perguntou se estava tudo bem, eu falei que estava, mas isso não o convenceu e me chamou para tomar um sorvete. Ele conseguiu me distrair um pouco. Passou uns dias e quis dormi com meu pai, continuei tendo o mesmo sonho, acordei no meio da noite suando frio, até o Charlie se preocupou desta vez: - Filha, você está bem? - disse Matteo assustado. - O que aconteceu? - perguntou Charlie ajoelhado do lado da cama. - Estou bem, apenas um pesadelo. - disse em voz alta - é o mesmo sonho e senti a dor maior do que a última vez . - disse em minha mente - Vou pegar água e um calmante para você. - Disse meu pai levando da cama - Calma, eu andei pesquisando isso e o sonho que você está tendo, várias vezes, é impossível de mudar e quando mais dor sente, esse dia está chegando. - Por que não vejo o rosto? Não tem como parar de ter esses sonhos? - Não sei o motivo, às vezes, para você não tentar mudar, e ser pior no final. Pesquisei isso também, parar não tem como, podemos tentar diminuir a dor, é só tomar chá de carqueja com uma raiz do meu mundo. - Car... O que? Só a dor ? - Carqueja, sim. Esse sonho não pode diminuir. - Filha aqui está a água. - Obrigada pai. Tomei um pouco de água e o remédio e voltei a deitar, sabia que não ia voltar apenas fingi que voltei a dormir para meu pai descansar, fiquei conversando com Charlie até meu pai começar a roncar, levantei fui para sala e olhei o relógio eram três e meia da manhã, peguei meu livro que tinha comprado que estava em meu quarto, voltei para a sala sentei no sofá e comecei a ler, o tempo passou voando, fui a cozinha fiz o café e voltei para sala, esperando meu pai. O resultado do estágio saiu e fiquei em primeiro lugar, para comemorar meu pai me levou para um rodízio de pizza, nossa como eu comi, passei até m*l depois. Não sei por que comecei a ter um sentimento que queria passar cada segundo com meu pai, quase todo dia ia ao escritório dele e ele me ensinava algumas coisas de engenharia. Adorava, não sei se já contei que meu pai era o CEO da empresa, chamada de Construtora Berlusconi, tinha a Matriz que é na Itália que seu irmão tomava conta, uma filial nos Estados Unidos e uma aqui no Brasil, tinha parceria com uma empresa no Japão. A empresa dele era bem popular no mundo da engenharia, ela foi reconhecida mundialmente e está entre as dez melhores do mundo. ... Minha mãe voltou em agosto e falou que não queria viajar por um tempo, queria ficar em casa descansando. Desde aí nossos finais de semana em família ficaram mais frequentes, íamos a parque aquático, parque de diversão, restaurantes ou ficávamos só em casa vendo TV, meu pai as vezes me desafiava em algum jogo, eu perdia algumas vezes, mas quando ele perdia, minha mãe morria de rir. Eu sentia que precisava aproveitar o máximo. No final de outubro, Aurora contratou um cozinheiro para fazer banquete, disse que precisávamos comemorar, fiquei sem entender no começo, não sabia o que tinha que comemorar. Será que é o projeto bilionário que meu pai pegou? Mas nunca celebrarmos isso. É tão frequente. -Hoje não é somente para comemorar o projeto. Tenho um presente para vocês. - Minha mãe pegou duas caixinhas, uma entregou para meu pai e a outra para mim. Abrimos ao mesmo tempo, meu pai já começou a chorar, e depois consegui ler o que estava escrito na minha caneca: "Melhor irmã do mundo." Do meu pai tinha o ultrassom: -Estou grávida! Meu pai ficou tão emocionado que não conseguiu falar nada e eu corri para abraçar minha mãe: - Que noticia maravilhosa mãe! Vou amar ter um irmãozinho ou uma irmãzinha. Aurora beijou minha testa, viramos para o meu pai que ainda estava em choque com a noticia: -Querido? - Ela estrala os dedos em sua direção. -Querida, está falando sério?? Vamos ter mais um bebê. Minha mãe só balançou a cabeça concordando: -Ma dai! Ma dai! Ma dai! - Meu pai começou a bater palmas levantando Ele foi em direção a Aurora e colocou a mão na barriga dela sorrindo e continuou: - Espero que seja um menino, para proteger sua irmã! -Pai! Nós três começamos a rir. No dia seguinte, eu e meu pai estávamos tão ansiosos que convencemos minha mãe a fazer comprar para o bebê. Compramos todos os moveis, berço em madeira mais clara, guarda roupa e cômoda no mesmo material, uma poltrona com suporte de pé na cor creme, para minha mãe amamentar, uma banheira com hidromassagem para o bebê branca, trocador do mais confortável para trocar fralda que tinha as laterais maiores para p******o do bebê não cair branco, nichos de parede, mosquiteiro que em cima tinha uma coroa de prata. Compramos brinquedos, roupinha, sapato, bolsa, carrinho, bebê conforto. Só nos móveis acho que gastamos uns 15 mil reais, o total deve der passado de 30 mil, talvez exageramos um pouco. Na mesma semana já estava tudo montado, a decoração do quarto meu pai mesmo fez, paredes brancas, têm vários quadros de ursinhos pelo quarto, onde estava a cômoda com o trocador em cima, colocou um suporte onde dava para colocar tudo que o bebê precisava na hora de trocar fralda. O berço a cabeceira ficou encostada na parede está centralizado com o mosquiteiro pendurado no teto, com alguns cabos de aço para não cair. a poltrona ficou perto da janela, com uma luminária de arvore de cerejeira e cada galho tinha uma bolinha com luz de LED que dava para mudar de cor, nichos estavam pelo quarto bem decorado, tinha urso de pelucia, porta retrato para colocar fotos, livros sobre bebês. Depois que descobrirmos o s**o iriamos finalizar a decoração. ... Estava preocupada porque Charlie, pois sumiu outra vez e não deu nenhuma notícia e o sonho era cada vez pior, eu estava tomando aquele chá h******l, e realmente as dores ficaram menores, as vezes nem sentia dor. Hoje acabei não indo para a aula e peguei no sono no sofá, eu não tinha conseguido dormir bem a noite, acabei sonhando com uma coisa diferente passando no jornal do dia 16 de novembro de 2015, ou seja, hoje, as duas da tarde, um engenheiro que caiu do décimo sexto andar de um prédio em Taguatinga, por causa do elevador que parou e balançou e ele caiu, e morreu na hora, veio a cena completa e quando vi o rosto do homem era, meu pai. Não consiga acordar até ele cair, quando vi no relógio já era quase nove horas, sai correndo para cozinha e perguntei para minha mãe onde estava meu pai, ela falou que tinha saído a trinta minutos, sai correndo para meu quarto liguei para meu motorista e ele já esta a lá em baixo, peguei um chinelo e sai correndo, minha mãe ficou preocupada com minha reação, mas deixou eu sair de pijama, percebi quando entrei no carro, falei para Charles ir o mais rápido para o trabalho do meu pai, quando cheguei lá era dez e quarenta e cinco, sai correndo do carro e meu pai já estava no elevador quando liguei para ele, não estava com o celular, eu vi o elevador travando e balançando com a parada brusca, e meu pai caiu, tremendo gritei não e o tempo parou, Olhei e vi tudo parado, parecia um sonho, Charlie apareceu e disse: - Desculpa, não consegui mudar o futuro. - Podemos agora que o tempo está parado. - Disse com olhos cheio de água com esperança. - Quando tocar dele o tempo voltará ao normal. Eu cai do chão e estava chorando muito e apenas disse: - Te amo pai, adeus. Quando terminei o tempo voltou, ainda estava no chão chorando muito em estado de choque, uma mulher veio e me abraçou: - Conhecia o homem que acabo de cair? Não conseguia falar apenas balancei a cabeça abracei ela forte e dei um grito de dor, meu motorista veio correndo a mim e perguntou para mulher se tinha me machucado, ela disse que eu vi uma cena h******l e que conhecia a pessoa, ele achou estranho, rapidamente chegou a ambulância, a imprensa, IML, polícia tudo junto, meu telefone tocou e quem atendeu foi a mulher, disse onde estava e o que tinha acontecido, estava chorando muito estava tremendo o Charlie estava me olhando apreensivo e pedindo desculpa e falando que era o pior guardião. Nem na minha mente consegui falar que não era culpa e eu gostava que ele é meu guardião. O paramédico veio até mim e perguntou se estava bem, não conseguia me mexer eu estava tremendo. Ele me pegou no colo e me levou até a ambulância, não conseguia parar de chorar, quando realmente caiu a ficha eu levantei ainda tremendo, sai correndo em direção ao corpo e a única que gritei foi pai. Tentaram me segurar mais não conseguiram, quando vi o corpo dele com muito sangue no chão eu chorei mais ainda e desmaiei. Não lembro mais de nada quando acordei estava deitada num quarto VIP do hospital, já estava de noite, minha mãe estava com olho inchado de tanto chorar, quando ela viu eu de olho meio aberto veio até a mim e me abraçou e nós duas começamos a chorar e disse: - Não consegui impedir, cheguei tarde de mais, se soubesse que era ele não tinha deixado ele sair de casa. - Minha filha não e culpa sua e o futuro não tem como ser impedido, já estava na hora dele. Chorei muito, pelo jeito vou ter uma recaída, em pouco tempo perdi duas pessoas que amava muito, o médico veio me consultar quando estava um pouco calma, estava com olho muito inchado e vermelho, ele disse que estou em estado de choque ainda e que tinha que ir ao psiquiatra e psicólogo para ver meu estado mental, já que tinha histórico de depressão e pensamentos suicidas. Essa noite não consegui dormi e minha mãe não podia ficar lá comigo, fiquei sentada com os joelhos no meus p****s e minhas mãos entrelaçadas. Charlie estava lá sentado no pé da cama, eu consegui falar o que queria e falei também que ele tentou fazer algo e que tinha lido sobre a morte dele tinha algum tempo e não podia falar a lista da morte. No dia seguinte não fui para aula ainda estava no hospital fazendo uns exames, no final falaram que estava bem, apenas triste pelo ocorrido, mas não podia parar de tomar meu antidepressivo, aumentaram a dosagem e tomava três tipos, um pela manhã com um calmante e um a noite para me ajudar a dormir. Meu pai foi cremado, no final do ano levaríamos ele para a Itália e jogar as cinzas em Veneza, enquanto isso minha mãe preferiu deixar as cinzas em um Columbario. Chorei meu final de semana todo, ainda não me conformava que meu pai tinha morrido, segunda feira infelizmente chegou e fui para escola me sentia insensível, mais diferente do que já estava, não me preocupava mais com a morte, não me preocupava quem ia morrer, até minha fã número um viu que não estava bem e me deu paz.
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