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1366 Words
EVA DAVIS.  Uma semana havia se passado e desde que o Alex me entregou o catálogo, eu já não sei mais o que é ter um sono regulado, nem uma alimentação equilibrada e pontual. Tudo o que eu fiz nos últimos 7 dias foi me dedicar ao máximo para que tudo esteja ao gosto do meu chefe. O lançamento perfeito me custou algumas olheiras, já que eu estava dormindo basicamente apenas 3 horas por dia, mas não é nada que uma maquiagem bem-feita não resolva. É exatamente por esse motivo que eu cheguei um pouco atrasada hoje: demorei alguns minutos passando corretivo no rosto. Ouço baterem à porta e dou permissão para que entrem. Como eu já esperava, é o Alex. Provavelmente ele está vindo analisar o meu planejamento para repassar para o chefe. Não vejo a hora de ter um feedback sobre esse projeto. Eu revisei várias vezes e achei maravilhoso, mas o que é maravilhoso para mim pode não ser maravilhoso para outra pessoa. “Bom dia, querida”, fala Alex, apenas com a mão encostada na porta do meu escritório. “Bom dia, Alex”, eu respondo, sorrindo com empolgação, “Não vai entrar?”, eu pergunto. “Não, não”. “Hoje é dia de revisar o meu projeto, lembra?” “Mas é claro que eu lembro, Eva”, ele revira os olhos e ri, “Acontece que não é para mim que esse projeto vai ser mostrado”. “Não?”, eu indago, mudando a minha expressão facial. “Tem reunião dos sócios hoje na sala 7 do andar 12. O chefe te aguarda lá”, ele diz, com bastante naturalidade. “O que? O chefe? Reunião com os sócios?”, eu indago, surpresa. “Exatamente, querida”, Alex ri da minha reação. “Alex, no que você me meteu? Por que não me avisou antes dessa reunião?”, eu pergunto, já sentindo as minhas pernas ficando bambas. “Porque eu sabia que você ia ficar assim, toda nervosinha, e isso é um privilégio, já que você está sempre tão firme”, Alex ri, sendo maléfico, “Você tem 15 minutos, Eva”. “Só isso? Você deve me odiar, Alex!”, eu exclamo. “Não mesmo, querida. Eu gosto de você, é por isso que te aconselho a diminuir um pouco a pigmentação do seu blush, senão você vai parecer uma palhaça na sala de reunião”. Dito isso, Alex fecha a porta e eu acabo soltando uma risada abafada. O seu jeito um pouco afeminado torna tudo mais leve, mas não deixa de me irritar o fato de que eu vou ter a maior reunião de toda a minha vida e só fui avisada sobre isso faltando 15 minutos, não dando tempo nem de eu me preparar. “Eu consigo”, digo para mim mesma, “Você consegue, Eva”. Corro até o espelho da sala e pego um lencinho para diminuir o meu blush rosado. Realmente estava bem destacado na minha pele branca, principalmente por causa da cor do meu cabelo. Tomo um pouco de água para me acalmar e logo em seguida retoco o meu batom. É um rosa claro, nada muito escandaloso, apenas para dar cor aos meus lábios. Ajusto o meu vestido branco no corpo e coloco o meu blazer preto por cima. Coloco meus óculos no rosto para ficar mais intelectual. Pego a minha apostila e claro, não poderia faltar o meu notebook. A parte mais importante do projeto está guardado nele, e se eu soubesse que seria apresentado de maneira tão importante como vai ser, teria caprichado mais na estética das propostas, mas sei que está bom. Saio do meu escritório, logo em seguida do andar. Suspiro fundo assim que a porta do elevador se abre e eu vejo que estou no décimo segundo andar. Seguro firme a apostila e o notebook, tentando manter a calma. Assim que dou apenas um passo, sinto a presença de um segurança enorme bem ao meu lado. Ele usa terno e tem a cara bem fechada, assim como a maioria das pessoas dessa empresa. “Bom dia”, eu digo. “Bom dia”, ele responde, “O que deseja?”, pergunta ele. “Bom, eu tenho uma reunião agora na sala 7. Sou Eva Davis, secretária do sexto andar. Meu nome deve estar na lista”. “Só um instante”, ele responde, tirando um aparelho celular do bolso e analisando algo, “Sim, realmente tem o seu nome na lista, mas aqui consta que a reunião começou há 5 minutos”, ele diz, arqueando as sobrancelhas. Cinco minutos? Pelos meus cálculos, a reunião nem teria começado ainda. Se o Alex tiver passado o horário errado para mim de propósito, eu o mato. “Provavelmente me passaram o horário errado. Você pode pedir uma pausa para que eu entre, por favor?”, pergunto, praticamente choramingando. “Não tenho permissão para isso. As reuniões não costumam ser interrompidas aqui. Se quiser, bate à porta e tenta a sorte”, ele fala, se afastando de mim. Eu mordo o meu lábio inferior e sigo até a bendita sala 7. Bato à porta e entro logo em seguida. Dou de cara com 4 homens sentados na mesa de reunião, entre eles está Aaron Clark, na cadeira mais distante possível. Tento fingir naturalidade, não fazendo contato visual específico com eles. “Bom dia, senhores. Perdão pelo atraso. Sou Eva Davis, encarregada pelo lançamento do novo projeto de celulares. Peço permissão para começar a apresentar as minhas propostas”, eu digo, ainda parada em frente à porta. Os quatro homens respondem “bom dia” em uníssono. Sim, apenas quatro, porque o Aaron não abriu a boca para nada. Eu sinto o olhar dele sobre mim, mas me parece que ele está me estudando por inteira. “Sinta-se à vontade, Eva”, fala um dos homens. “Obrigada”, eu respondo, “Gostaria que todos dessem uma olhada nessas anotações”, eu falo, enquanto passo por cada um entregando uma folhinha que tirei da minha apostila. O Aaron fica por último. Ele foi o único que não estendeu a mão para pegar o papel, então eu tive que deixar em cima da mesa. Esse homem realmente é um poço de arrogância, como eu já imaginava. Depois que entrego para todos, me sento na cadeira e abro o meu notebook. Enquanto eles leem, eu abro o arquivo que preparei à parte. “Antes de tudo, gostaria de destacar que a principal proposta é que o novo lançamento da empresa seja lançado no dia 16 de outubro desse mesmo ano. A data em questão se trata mundialmente do Dia da Ciência e Tecnologia, sendo o momento perfeito para o lançamento de novos celulares”, eu digo, vendo alguns deles assentirem com a cabeça. Não demora muito para eu ficar cada vez mais solta para falar abertamente sobre isso. Em alguns momentos, chego até a me levantar para me expressar melhor. Quanto mais vejo as expressões faciais de afirmação, mais me dá impulso para continuar falando sobre o lançamento. Durante toda a reunião, não ouço uma palavra do Aaron. Ele não se posiciona em nada, parece que está aqui só para observar. Em contrapartida, ao terminar a reunião, todos os outros sócios afirmam ter gostado bastante de todas as minhas propostas, o que me deixa ainda mais esperançosa. A reunião levou cerca de 1h30min e eu fui para o meu escritório logo em seguida, mas ainda super nervosa com a opinião do chefe. O que será que ele achou? Nem acreditei quando entrei naquela sala e o vi ali, com a atenção voltada para mim. O meu ânimo aumenta ainda mais quando eu vejo o Alex entrando em minha sala com um sorriso no rosto. Se ele está chegando aqui com toda essa felicidade, é porque tem boas notícias para dar. Não posso esquecer que ele tem uma certa i********e com o chefe e com certeza já conversou com ele sobre a reunião.
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