EVA DAVIS.
Apesar de estar super assustada, tento não demonstrar muito isso. Não quero que o Aaron pense que me mete susto ou medo, mesmo me assustando um pouco agora. Eu tento pensar em várias possibilidades enquanto nós dois nos olhamos. Tento imaginar o motivo disso, mas nada muito interessante se passa pela minha cabeça.
Estou parada na calçada olhando para ele, que continua me olhando através do vibro aberto do carro. O olhar penetrante do Aaron parece me invadir. Eu gostaria de desvendar o que se passa naqueles olhos escuros, mas são tão enigmáticos que fica difícil de adivinhar.
“Você quer uma carona?”, pergunta ele, com a sua voz rouca.
É a primeira vez que eu ouço a sua voz, e é até melhor do que eu imaginava.
“Não, obrigada. Eu estou perto de casa”, eu respondo, tentando me manter firme.
“Você quer uma carona”, diz ele, agora afirmando, “Entra”.
Eu fico estatelada por alguns segundos, enquanto ele abre a porta para mim e se afasta para que eu entre. Eu não insisto em negar, apenas entro naquele carro. É tão luxuoso e único que até o ar parece ser melhor aqui. O vidro é fechado e o motorista particular do Aaron dá partida.
Nós estamos em uma distância até que considerável. Ele está mais próximo da porta direita e eu estou mais próxima da porta esquerda. A tensão é enorme, principalmente da minha parte. Aaron continua com a mesma cara fechada de sempre e a minha mente está pensando em tantas coisas que eu até esqueço de olhar por onde nós já estamos passando.
“O Alex falou com você hoje mais cedo?”, ele pergunta, não olhando para mim. Ele está olhando para a rua, mas eu estou o cercando todo, disfarçadamente.
“Sim, falou. Ele me disse que o meu salário será aumentado”, eu comento, mesmo sabendo que ele já sabe disso.
“Certo”, responde ele.
“Achei que não tivesse gostado do projeto”, eu minto, só para ver o que ele irá dizer
“Me ouviu falando que não gostei?”, pergunta Aaron, de uma forma meio rude.
“Não. Por isso eu falei que achei, já que não falou nada diretamente para mim”.
“Achou errado. O seu nome está na lista de convidados VIP”, ele diz, ainda sem me olhar.
“Uau! Obrigada!”, eu digo, dando um sorrisinho disfarçado.
“Aqui é a sua casa, não é?”, Aaron pergunta, assim que o motorista para o carro.
Eu me viro para olhar a rua pelo vidro. Estava tão distraída com a conversa que nem percebi que nós já tínhamos chegado, mas espera aí, como o Aaron sabe disso? Por acaso ele andou fuçando a ficha da empresa com os meus dados e descobriu o meu endereço?
“Sim, é sim. Como você sabe?”, pergunto, curiosa.
“Eu sei de tudo, Eva”, fala ele, por fim se virando e me olhando.
Observo o Aaron tirando alguma coisa do seu bolso. Parece com um cartão de contato, mas só parece, pois consigo ver que não se trata disso.
“Tenho uma reserva amanhã nesse café”, ele diz, estendendo a espécie de cartão para mim, “Pegue”.
Eu pego, observando o número da mesa, o horário da reserva, o nome do café e o endereço. Por que ele me entregou isso? Quer que eu o acompanhe? Eu não estou entendendo nada.
“Tenho uma proposta para te fazer. Vá”, fala ele, de modo autoritário.
“Que tipo de proposta? Eu não posso, trabalho amanhã”, eu falo.
“Está de folga amanhã, e não se preocupe, sou eu que estou dizendo”.
“Mas...”, ele me interrompe.
“Nos encontramos amanhã. Boa noite”, diz ele, secamente, virando-se novamente para o vidro do carro.
Sem responder nada, eu apenas saio do carro segurando o cartãozinho. O motorista do Aaron sai da minha rua em questão de segundos e eu ainda passo um tempo do lado de fora, tentando raciocinar o que acabou de acontecer.
Eu deveria estar superfeliz, mas a verdade é que estou mais confusa do que nunca. Por que o Aaron está insistindo em mim? Primeiro o aumento, depois a carona, depois o meu nome na lista de convidados VIP e agora praticamente um encontro? Ele deve ter gostado muito de mim, porque não é possível.
Assim que entro em casa, pesquiso sobre o local no meu notebook. É o café mais famoso de Manhatthan, mas eu não fazia ideia de que era tão restritivo, já que não tem muitas fotos e informações na internet. Pelo visto, eu só irei saber mais sobre esse café amanhã, quando eu estiver lá.
A verdade é que eu não tenho nem roupa adequada para frequentar esses lugares, já que só a elite costuma frequentar. Não me visto m*l, mas também não me visto com roupas de grife. Provavelmente irão me achar uma miserável, é por isso que eu vou guardar bem esse cartãozinho para levá-lo comigo.
Fecho o notebook e vou direto para o banho. Ao fechar os olhos, consigo imaginar o Aaron bem na minha frente, com aquela mesmo smoking que ele estava usando hoje. Ele é perfeito. Ainda não consigo acreditar que me deu uma carona e me chamou para um encontro.
Nunca tive dúvidas de que eu era boa, mas hoje foi o dia que eu mais tive certeza de que sou boa mesmo. Se o Aaron Clark me acha boa, quem é o resto mundo? Ele é simplesmente o maior exemplo de pessoa bem-sucedida para mim. Esse homem sai em jornais e revistas por pelo menos 280 vezes por ano. É simplesmente um gênio, um exemplo a ser seguido.
“Você é f**a, Eva Davis!”, digo para eu mesma, me olhando no espelho do banheiro assim que saio do box.
Seja lá o que for que o Aaron tenha a me oferecer, eu vou aceitar com toda certeza. Preciso de dinheiro, principalmente agora que quero comprar um carro. Se ele insiste tanto assim, não vou me negar a nada, mas também não aceitarei menos do que mereço. E acredito que não preciso me preocupar com isso, visto que ele já mostrou vantagem ao aumentar o meu salário.
Sofro ao tentar pegar no sono. São tantos pensamentos que tenho quase certeza de que não vou conseguir dormir rápido hoje. Estou ansiosa pelo encontro com o Aaron. Várias coisas se passam pela minha cabeça. Eu m*l posso esperar para chegar amanhã.