Bia, ao reconhecer a voz do homem estranho, desceu correndo para sala, acompanhada por sua irmã, Lisy, que se preocupava com o estado da amada irmã. Bia ao vê-lo, em pé ainda, perto à mesa onde estava sendo servido o café da manhã, o abraçou apertadamente dizendo:
- Obrigada por me salvar daquele lunático! Desculpe-me, pois, ao sair apressada não me lembro de ter perguntado o seu nome...
Todos que já começavam a sentar-se à mesa, levantaram-se e, sem entender, olharam para os dois. Doutor, ainda abraçando Bia, afagando-a pela cabeça, disse:
- Calma... Está tudo bem agora... Sou conhecido pelos amigos como Doutor. O apelido pegou porque os meus amigos ouviam a minha querida mãe chamar-me de “meu pequeno doutor” ... Aí, sabe como é..., mas não sou um Doutor de verdade, é apenas apelido.
Nesse momento, Doutor levanta a vista, na direção do seu amigo Mathias e Dona Berenice, pais de Bia, e questiona:
- Essa é sua filha da qual me relataram ter sido atacada hoje pela manhã?
Os pais respondem:
- Sim, você a conhece?
Então Bia, se afastando um pouco do Doutor, e arrumando os cabelos, um pouquinho envergonhada, respondeu aos pais:
- Não, não nos conhecemos ainda mamãe, mas ele mesmo assim arriscou a sua vida para me livrar daquele tormento!
Doutor respondeu, com um sorriso:
- Não é para tanto... Não arrisquei a minha vida não... Agi dentro de um padrão de segurança. E qualquer pessoa, que estivesse naquela hora, faria o mesmo diante do acontecimento.
E Bia mais uma vez agradeceu:
- Muito obrigada! Se você não tivesse aparecido naquela hora, não sei o que seria de mim... talvez já estaria morta. Você é meu anjo da guarda!
Os pais de Bia, ao ouvir a sua filha referir-se a ele como “anjo da guarda”, começaram a entender o que Doutor havia dito sobre a “anjinha” que tinha visto, e olharam para os dois e sorriram, bem discretamente, enquanto, nesse momento, envergonhado, Doutor coçou a cabeça e passou a mão pela barba, bem baixinha.
No entanto, a expressão de Doutor passou desapercebida por Bia, que desconhecia o teor da conversa dos pais com ele, pois, estava no seu quarto, e achou que a forma envergonhada se tratava de uma pessoa tímida. Mesmo assim, com um suave sorriso amarelo, olhando para todos, disse:
- Se não fosse eu, outro seria o enviado de Deus para te ajudar. Tenha apenas fé, afinal Deus escuta as nossas orações.
Os pais de Bia apenas balançaram a cabeça concordando. Enquanto isso o Mathias, em pensamento, questionava-se:
- Anjinha né? Humm.