Capítulo 40 - Primeiro príncipe

1619 Words
No Império Roveaven, os ômegas eram os líderes, e o Imperador era o ômega mais forte e mais respeitado daquele território. Naturalmente, os tradicionalistas apoiavam Raven, a primeira princesa ômega, como futura imperatriz. Contudo, havia alguém que batia de frente com tal partido. O primeiro filho do Imperador Rehael, um alfa bonito e charmoso que sempre foi descrito como um homem sério e frio. Cadec era um príncipe perfeito, e justamente por isso ele era uma ameaça a quem quisesse o trono, pois mesmo sendo um alfa ele tinha um grande poder político obtido através de suas grandes conquistas. A sua esgrima era impecável, um ótimo líder que detém o respeito dos seus subordinados como comandante da segunda cavalaria. Quando havia algum problema com mercenários, Cadec era o primeiro a averiguar a situação e a brandir a sua espada para lutar bravamente. Claro que ele tinha a frieza de cortar o seu inimigo, contudo há rumores de que ele reza pela alma dos mortos após uma batalha. Além disso, contava com o apoio político do único Grão-duque de Roveaven, aquele que era considerado o segundo mais forte do Império, e que também era o seu melhor amigo: Magnus Grimwood. Infelizmente, o seu único defeito era não ter apoio do templo, mas isso era algo que nem mesmo os demais irmãos tinham. Agora, Lucian o via ao vivo e a cores pela primeira vez…. e a sua presença era assustadora. A sensação era idêntica a estar na frente do Imperador, deixando Lucian levemente trêmulo e ansioso. O corpo do príncipe reagia inconscientemente, o que era irritante da mesma forma. A presença de um governante, Lucian já conseguia ver Cadec sentado no trono segurando o cetro e a coroa. Engolindo em seco, Lucian foi incapaz de dizer algo. — Oh… e eu pensando que você não teria coragem de aparecer. — É o noivado do meu irmão e do meu amigo, tenho motivos mais que o suficiente para vir, Elyon. — Ah, claro, me perdoe. Estou acostumado a nós virmos representando nossas mães que me esqueci que você tinha outros motivos para vir. Elyon abriu um sorriso arrogante e cruzou os braços não parecendo incomodado com a situação que ele mesmo criava. E apesar dele tentar arrancar alguma reação, Cadec se mantinha inexpressivo e sério. — Nesse caso, pode pensar que estou representando a Sua Majestade, o Consorte. Já que ele me apadrinhou. Eita, eita, eita, o que era aquilo? Lucian apertou a mão de Magnus e até retrocedeu um passo ao sentir aquela atmosfera escaldante. Não esperava por aquilo de maneira alguma. Por que estavam trocando farpas justo na sua festa de noivado? — Rapazes, por favor… somos irmãos reunidos numa situação feliz pelo nosso irmão mais novo. Vocês deveriam se comportar. — São homens, não devemos esperar nada além de selvageria — Dáhlia disse. — Pelo contrário, a princesa Raven tem razão. Vocês não devem estragar a felicidade do irmãozinho de vocês com disparates desnecessários — Opinou Sahana, apesar de todos ali saberem que eram palavras vazias — Como tem estado, Vossa Alteza? Ouvi dizer que ultimamente tem estado ocupado. — Apenas estou cuidando dos preparativos do inverno em outras regiões. Tive que me ausentar para garantir que o povo fique bem durante a época mais fria do ano. — Ora, gentil como sempre. E ainda assim conseguiu tempo para celebrar o noivado do oitavo príncipe. — Não perderia tal festa de nenhuma maneira. Cadec olhou para Lucian de canto, o que fez o oitavo príncipe hesitar e se arrepiar. O que diabos era aquele olhar? Por acaso era algum tipo de ameaça? — Claro que não perderia, mas é um pouco triste que o caçula da família imperial tenha passado na frente do primogênito do Imperador. Fico pensando que talvez a Vossa Alteza já tivesse casado a essa altura, caso aquela tragédia não tivesse acontecido. O ar ficou tenso repentinamente. As palavras de Sahara continham nítida malícia para atingir o primeiro príncipe. Lucian não entendeu ao certo a qual tragédia se referia, no entanto a expressão de Cadec ficou mais sombria com aquele comentário. Por acaso ele deveria descobrir sobre o que se tratava o assunto? Não imaginava que poderia estar relacionado à sua missão pessoal. Talvez fosse o seu lado fofoqueiro querendo saber sobre o que eles falavam. — Se abstenha de dizer tolices, Condessa. — Ora, não me entenda m*l, Vossa Alteza. Apenas estou demonstrando uma preocupação materna. — Não é necessário. O próprio Consorte Imperial está responsável por cuidar de tais assuntos em meu nome. Além disso, não tenho pressa alguma para me casar, já que estou limpando as ruas do nosso amado Império da infestação de insetos. Magnus ergueu a ponta dos lábios em um sorriso orgulhoso. Já Lucian não conseguia deixar de sentir nervoso em ver aquela discussão tão de perto. Cadec falou com tamanha certeza, que quase soou como se tivesse provas concretas sobre quem estaria por trás dos últimos problemas com os rebeldes. Claro que ele não sabia nada. Lucian leu toda a história e sabia muito bem que Cadec demorou muito tempo para descobrir algo. Foi somente depois que o oitavo príncipe e o Grão-duque perderam suas vidas, que Cadec encontrou a verdade. Só que era assim que funcionava o jogo político. Um provocando o outro com blefes, como se estivessem sentados numa mesa de apostas tentando enganar um ao outro. Lucian pôde ouvir Magnus suspirar baixo, e automaticamente ele apertou o braço do seu noivo antecipando qualquer movimento seu. Não queria problemas na festa de noivado, de nenhum tipo! Principalmente com os seus irmãos reunidos, e provavelmente o Imperador - e os demais convidados - olhando para eles. — A família imperial continua acolhedora como sempre. A irmandade de vocês definitivamente é… algo peculiar — Magnus disse sorrindo arrogante — Será divertido entrar para a família. — Quero ver se você dirá a mesma coisa quando perceber o quão inútil Lucian é. Inclusive, me questiono o motivo dos seus irmãos não terem aparecido ainda, Vossa Graça. — Não há motivo para se preocupar. Os meus irmãos tiveram uma urgência a ser resolvida de última hora, então fui avisado que chegariam tarde. — Minha nossa, pensei que os seus irmãos teriam sido contra o noivado. Afinal, todos esperavam que você se envolvesse com alguém mais digno — Elyon olhou de canto para sua irmã gêmea. Francamente, eles não se cansavam de tentar empurrar Dáhlia para Magnus? Lucian ergueu a sobrancelha ao compreender o menosprezo subentendido. O seu desconforto foi notado por Elyon, que prontamente o provocou mais um pouco. — Hm, que cara é essa Lucian?? Por acaso você é ciumento? — Provocava Elyon. — Por favor, irmão, não seja tão m*l comigo — Lucian rebatia sem abandonar a sua atuação inocente — Não é minha culpa que Magnus tenha se atraído por mim. A declaração de Lucian surpreendeu a todos ali, inclusive Magnus que se esforçou para não suspirar ou repreendê-lo. Provavelmente os fofoqueiros que bisbilhotavam a conversa dos membros da família real espalhariam a fofoca sobre o Grão-duque ter sido o primeiro a se aproximar de Lucian, mas o oitavo príncipe não estava preocupado com aquilo agora. Graças à sua declaração, Elyon finalmente ficou sem palavras. — Eu realmente queria que aproveitamos essa noite para nos divertimos juntos, mas vocês sempre discutem — Raven fazia beicinho, claramente incomodada com a tensão criada por Elyon — Independente de como Lucian e o Grão-duque se uniram, fato é que eles se dão bem e estão juntos, certo? Se me dão licença, irei cumprimentar o nosso pai. Raven se despediu daquele pequeno grupo e seguiu para as escadarias. — Raven tem razão — Cadec olhou para o casal — Parabéns pelo noivado, meu irmão. Espero que seja feliz ao lado de Magnus. Lucian não sentiu muita sinceridade naquele pedido, apesar de lembrar muitíssimo bem ao ouvir aquela conversa secreta que Cadec preferia que Magnus se casasse com Lucian do que com Maverick. No entanto, não botaria a sua mão no fogo em relação às suas intenções. Por nenhum deles, na verdade. — Minha nossa, o tio de vocês chegou. Deveríamos ir cumprimentá-lo, sim? — Claro, mãe. Quando Sahana arrastou Dáhlia e Elyon para cumprimentarem o suposto tio, Lucian se viu preso com o único irmão do qual o deixava desconfortável ao extremo. — Humpf, bando de inúteis — Reclamava Magnus. — Magnus… — Repreendia Cadec. — Não estou mentindo, Cadec. Eu já esperava que apontassem as espadas para mim, mas não imaginei que apontariam para você tão abertamente. Cadec não respondeu, ele apenas continuou encarando os seus irmãos que conversavam ao longe com outros nobres. Lucian o avaliou silenciosamente sem conseguir se lembrar de muitos detalhes a seu respeito. Quer dizer, Cadec participou de muitas missões com Maverick quando eles investigaram o mercado clandestino, além de abordar um pouco sobre a batalha ao trono na reta final da história. As suas poucas aparições passavam a mesma sensação que Lucian sentia naquele momento: poder. Um homem poderoso. Um alfa diferente de si. — Estou surpreso que você se deem bem — Cadec comentou, desviando os olhos claros para o casal — Da última vez que conversamos, Magnus, você hesitou em aceitar o pedido de casamento. — Tivemos uma conversa apropriada e fechamos um acordo que beneficia nós dois. — Um acordo? — Cadec ergueu a sobrancelha. — Isso mesmo, e não precisa fazer essa cara, Cadec. O seu irmão não foi coagido a nada, certo Lucian? — É claro. Cadec encarou Lucian friamente por alguns segundos, aumentando a pressão que o pobre coitado já sentia. Ha… por favor, que alguém tirasse Cadec de perto dele antes que as pernas de Lucian falhassem!
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