Capítulo 46 - Um príncipe com segredos

1593 Words
A reação mais natural quando se via alguém tão bonito como Magnus o olhando daquela maneira era corar e negar que estava preocupado. A timidez seria tão clara que desmascararam a sua mentira. Contudo, Lucian não agia daquele jeito nos últimos meses. Às vezes, ele queria apenas ignorar absolutamente toda aquela baboseira de morte e apenas ficar na cama com Magnus fazendo amor e o beijando, mostrando ao ômega que ele tinha o direito de ser feliz e amado. Porém, havia vezes que Lucian se via preocupado e receoso de acordar daquele sonho e voltar para o seu mundo, onde nada daquilo não existia de verdade. Era fato, Luciano havia se apegado a Magnus e se apaixonado por ele, indo além de um crush literário. Tudo bem se ele deixasse a sua preocupação de lado, e agisse como um egoísta mais uma vez? Aproximando o rosto do de Magnus, Lucian escolheu a sua resposta sem perder mais tempo. — Exatamente. Fiquei preocupado ao ponto de chorar feito uma criança perdida no mercado. — Eu disse que era desnecessário se preocupar. — Você disse que venceria, mas caiu no chão feito um saco de batatas. — Saco de bat— Magnus resmungou irritado pela comparação — Ora, seu rato maldito… — Eu tenho o direito de me preocupar com o meu noivo, então não seja abusado! — Isso é o que eu ganho por tentar te defender? — Ora, toma então o seu prêmio! Lucian inclinou-se e beijou os lábios de Magnus. Um beijo breve e suave, apenas para calar a sua boca de proferir mais xingamentos. A sensação dos lábios quentes de Magnus contra os seus causou uma onda de arrepios em Lucian, o fazendo querer mais aquele toque, apesar do seu corpo fazer o contrário. Quando o alfa se afastou, ele abriu um sorriso inocente ao perceber que Magnus realmente ficou quieto. — Heh, agora sim eu tenho paz. O ômega piscou aturdido pelo beijo repentino, e pelo fato de ter sido um beijo tão casual. Quer dizer, eles se beijaram antes, mas sempre em momentos de puro desespero como um cio! Um beijo casual, por vontade própria era um mundo inexplorado por ambos, e que certamente pegou Magnus desprevenido. — Fico feliz que vocês estejam se dando bem, mas eu gostaria de tratar de um assunto um pouco mais sério. Petrificado ao ouvir Jesse falar com eles, Lucian olhou sobre o ombro e tentou não corar de vergonha. Droga, isso era tão embaraçoso quanto ser pego pela própria mãe enquanto faz algo pervertido. Afastando-se um pouco da cama do ômega, Lucian abriu um sorriso amarelo. — Me desculpe. — Tudo bem, Vossa Alteza. Fico contente que vocês sejam tão afetuosos. — Hehehe, o Mag deve gostar muito de Sua Alteza pra ficar provocando ele — Brincava Eugene. — Eu? Provocando ele? — Ora, você praticamente pediu para ser beijado, Mag. Magnus pareceu horrorizado por ver o seu irmão caçula dizer aquilo bem na sua cara. Lucian precisou abafar o riso ao presenciar tal cena tão hilária. Só perdeu para o pequeno surto que o príncipe gostaria de dar ao ver, em primeira mão, o famoso olhar de Jesse Grimwood. Um olhar silencioso cheio de repreensões designados exclusivamente para o seu irmão mais velho. Sempre foi descrito que Jesse lançava aquele olhar quando queria dar "aquele" senhor sermão em Magnus. Um sermão que faria o Grão-duque se sentir realmente culpado só de ficar ouvindo. Ninguém aguenta ouvir um sermão de horas. Jesse atingiu o nível de poder fazer tal sermão telepaticamente somente com um olhar. E foi divertido ver Magnus arrepiar e desviar o olhar. Pigarreando, Magnus tentou disfarçar a sua própria vergonha e se virou para o irmão caçula. — Eugene, você poderia verificar com os criados sobre as minhas roupas e o nosso jantar? — Mas é claro, Mag. Com licença, Vossa Alteza. Eugene fez uma reverência para Lucian, e foi tão bonitinho que o alfa sorriu contente. Ter irmãozinhos mais novos era tão legal~ — Muito bem, o que você fez, Jesse? A voz séria de Magnus pegou Lucian desprevenido. Ele percebeu que a atmosfera ficou séria repentinamente, o que era uma novidade, de certa forma. Jesse se aproximou da cama de Magnus correspondendo à sua seriedade ao baixar o tom de voz. — Deixei claro para as Suas Majestades que você não pretendia cancelar o noivado. — Fez bem. E quanto Cadec? — Se opôs ao seu compromisso, no entanto, o Consorte Imperial manteve o apoio. Acredito que você não terá problemas. — Isso é ótimo. "Fez bem"? Lucian ficou preso naquelas palavras, tendo o seu coração acelerando só com a ideia de Magnus realmente querer casar com ele. Independentemente dele ter se preocupado até os ossos e de ter sentido vergonha por explodir com os pais do oitavo príncipe, Lucian se via preso a uma esperança de fazer o seu vilão gostar dele. Ah, Lucian já podia sentir o calor da primavera chegando para ele. — Só estou curioso para saber o motivo de Vossa Alteza, o primeiro príncipe, ter ficado tão irritado daquela maneira — Jesse olhou para Lucian. Acordando dos seus devaneios, Lucian escondeu o seu pequeno momento de surto pelo crush literário. Tentando parecer inocente, Lucian inclinou a cabeça e pensou um pouco antes de dar alguma resposta. De vez em quando, Lucian precisava se lembrar que ele possuiu um dos personagens daquela história, e que não deveria agir como um leitor que jorra toda a sua frustração nos personagens. Era esperado Jesse estranhar a sua reação. — Mesmo quando fiquei doente e acamado, não recebi a visita de absolutamente ninguém, e tem sido assim há muito tempo. Me perdoe por ter criado uma comoção, mas é enfurecedor eles dizerem que fazem algo pelo meu bem, sendo que nunca recebi tanto cuidado antes. — Ele está apenas sendo um bebê chorão — Magnus disse calmamente, passando os dedos pelos cabelos pretos — Cadec era o que mais apoiava o meu casamento com Lucian, mas descobrir que transamos antes da cerimônia deve ter sido uma punhalada no ego dele. Lucian o observou fazendo aquele gesto tão simples, mas que o excitou muito. Ah. Ele ia morrer de t***o por aquele maldito vilão. Só que não era hora para isso!! Virando o rosto, Lucian cobriu a boca e tentou contar carneirinhos, passando despercebido pelos irmãos Grimwood. — Você sabe que a Sua Alteza sempre foi uma pessoa que leva a sério a etiqueta e os deveres nobres, afinal, ele é o principal candidato a herdar o trono. — Eu sei, eu sei. Por isso mesmo que eu preferi lidar diretamente com o Imperador. De qualquer forma, ele vai fazer birra apenas por algum tempo e logo voltará ao normal. — Acredito que ele vá fazer por muito tempo. Jesse olhou discretamente para o oitavo príncipe, que ainda contava carneirinhos. Magnus seguiu o seu olhar e franziu a testa quando Lucian o encarou inocentemente. — O que foi? — O que você fez, Lucian? — Nada. — Ele praticamente disse que pretende cortar laços com a família imperial ao se casar com você. Por que Jesse Grimwood era fofoqueiro?! Certamente aquele traço nunca constou nas linhas do original, Lucian se sentiu traído. — Você o que? — Foram palavras ditas pelo calor do momento, eu estava furioso por causa daquele duelo. — Estou me casando justamente para usufruir dos benefícios que você tem como m****o da realeza, Lucian! — Claro, eu sei disso, não precisa ficar irritado. — Lucian lançou um olhar para Jesse, pedindo ajuda. Jesse suspirou baixo e interviu somente daquela vez. — Acredito que isso não será um problema, Mag. O Imperador e o Consorte não devem ter levado as palavras de Sua Alteza para o coração. — Assim espero… Chegava a ser injusto como Magnus só se acalmou com as palavras do seu irmão. Tudo bem, o alfa admitia que estava com inveja. Quem sabe um dia ele se torne a pessoa que acalma Magnus Grimwood, apesar que dependendo com quem ele for gritar, Lucian deixaria acontecer por puro prazer. Soltando um suspiro baixo, o príncipe segurou a mão do ômega ao falar calmamente. — Tenho conhecimento que você deseja se fortalecer para garantir o bem estar dos seus irmãos, e eu vou te ajudar com isso. Acredite Magnus, mesmo se eu fosse deserdado, ainda seria capaz de te ajudar com muita coisa. — Do que está falando agora? — Estou falando do meu dote, é claro. Magnus e Jesse piscaram aturdidos quando se entreolharam. — O seu dote? — Sim. — Mas eu não conversei com o Imperador sobre o seu dote, Lucian. — É óbvio, porque não é ele quem vai cuidar disso — Lucian sorriu. — Me perdoe, Vossa Alteza, mas considerando que você é um alfa solteiro, imagino que esse assunto deva ser tratado com a Sua Majestade e o Consorte, não? Francamente, era vergonhoso que ele, nos seus trinta anos, ainda depensse dos seus pais controlando a sua economia! Tudo porque era um príncipe alfa. Não tinha jeito, Lucian precisava descobrir mais sobre a vida do oitavo príncipe originalmente, mas até lá ele tinha que acalmar o seu noivo. — Sim, em teoria. Mas eu consegui dar um jeito nisso. O meu dote está pronto e pode ser usufruído por Magnus assim que nos casarmos. Eu só preciso… tornar ele ativo. As palavras de Lucian soaram enigmáticas demais para os dois irmãos Grimwood, e não seria para menos. O oitavo príncipe era, literalmente, uma caixa cheia de segredos.
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