Capítulo 16 - Pedido e vontade

1233 Words
O Palácio do Sol era o maior palácio do império, sendo uma mera demonstração do poder do Imperador que ali reside. Era um lugar grande e bem cuidado que chegava a brilhar como o sol, o que fazia jus ao seu nome grandioso. Os seus jardins não seriam diferentes, bem cuidados com flores coloridas e folhas verdes que davam vida ao palácio. Era um lugar muito bonito de se caminhar, muitos nobres que visitavam o palácio - seja para trabalhar ou para aproveitar as festas - cediam alguns minutos do seu tempo para apreciar a bela paisagem. No centro do jardim, havia uma enorme árvore, cujas folhas pendiam no ar criando uma cortina que balançava com o vento gelado. Parados observando aquela imensa árvore, os dois rapazes se mantinham em silêncio. Com o propósito de ser transparente com o Grão-duque, Lucian abriu mão de algumas informações que ele sabia sobre o seu vilão preferido. O único detalhe que se tratou de uma mera suposição foi o fato de Magnus ter aceitado o casamento para tirar proveito do seu status de príncipe. Mas isso se tratava de uma suposição meio óbvia quando se está falando de pessoas ambiciosas como Magnus Grimwood. Encarando pelo canto dos olhos, via Magnus com aquele semblante inexpressivo parecendo imerso nos próprios pensamentos. Eles ainda estavam de braços dados, o que era um alívio. — Se você tiver alguma condição que deseja que eu cumpra, fique a vontade para me dizer, Magnus. O Grão-duque ergueu uma sobrancelha e o encarou de lado. — Condição? — Bem, estamos nos unindo através de um casamento político, não é? Tudo bem se você tiver alguma condição do tipo não dormimos na mesma cama, evitar contato físico… — Quanta besteira — Suspirava Magnus — Acabei de dizer que cumprirei com os meus deveres como seu marido, não pretendo te tratar friamente. Apenas não tenho sentimentos por você. — Ora, isso é mais doloroso ainda. — Apenas te considero muito irritante, Lucian. — Tudo bem — Lucian respondeu sorrindo — Eu posso transformar essa irritação em afeto. Era progresso ouvir Magnus chamá-lo pelo nome, e isso fazia o oitavo príncipe corar levemente. Erguendo a cabeça para observar aquela imensa árvore, Lucian se sentia seguro por um instante. Tudo bem que estivesse mudando o ritmo da história. Considerando o quão leal Magnus era com a sua honra, ele não correria atrás de Maverick agora que estavam comprometidos. No entanto, não seria isso que tiraria a corda do seu pescoço. Aqueles dois ainda corriam o risco de morrerem nas mãos do verdadeiro vilão. — Por acaso você tinha alguma condição? — Perguntou Magnus repentinamente — Já que você me perguntou isso, me questiono se você tinha algo a me pedir também. — Eu? Não. Não desejo nada além de estar sob a sua proteção. Magnus não pareceu acreditar em suas palavras, considerando o quão friamente ele o encarava. O Grão-duque era sério e frio dependendo com quem ele conversava. Lucian poderia comparar a sua interação com estar em uma nevasca, apesar de ter um sol brilhante sobre a sua cabeça. Nem mesmo o calor do deserto seria o suficiente para esquentar daqueles olhos frios. Dentro daquela história, os ômegas tinham olhos coloridos. Magnus Grimwood detinha os assustadores olhos vermelhos carmesins que brilhavam como sangue contra a luz. Receber o seu olhar era como sentir uma pressão diferente de estar sob a presença do Imperador, mas ainda assim causava um certo nervoso. — Não deseja nada? Você se submeteu a beber uma droga e a perder a sua honra por nada? — Pela sua proteção, é diferente. Apesar disso não mudar o fato de que ainda podem se aproximar de mim para me usarem. Mas além disso, não há nada que eu deseje em particular. — Você me perguntou esperando que eu realmente atribuísse limites nessa relação, então peço que seja sincero e me diga o que você espera de mim… de verdade. Lucian inclinou a cabeça levemente e então sorriu. Parece que o seu futuro noivo estava disposto a ouvi-lo sem julgamentos, o que era reconfortante. Só que ele não estava acostumado em ser ouvido, muito menos a falar ou pensar sobre as suas verdadeiras vontades. Talvez realmente não houvesse nada? Bem… havia algo que ele precisava cuidar. Tudo bem se ele fosse um pouco mais ambicioso? Até aquele momento, Lucian estava fazendo suas buscas sozinho e andando às cegas sem saber se o que fazia era correto ou não. Mudar uma história já escrita traz consequências inimagináveis. Se ele pudesse encontrar alguma pista sobre o que o trouxe até dentro da história e por qual motivo… — Nesse caso, eu gostaria de ter acesso à sua biblioteca. — Minha biblioteca? — Magnus franziu a testa — Para quê? — Estou procurando um… assunto específico. Infelizmente a minha biblioteca não detém o que preciso, então espero encontrar algo na sua. — E por que não procura na biblioteca imperial? Com certeza deve ter algo lá. Lucian fez uma leve careta em resposta. Ele somente pisava no Palácio do Sol quando era chamado pelo Imperador, o que se remeteu apenas duas vezes. Inclusive, ele passou a manhã inteira em uma sala pequena esperando o assistente do Imperador chamá-lo para o seu escritório. Lucian pensou que finalmente morreria de tédio. — Sinceramente eu gostaria de manter distância de qualquer coisa que se remeta ao palácio imperial. Considerando como os nobres estão ficando impacientes por causa dos meus irmãos estarem solteiros e o Imperador não ter apontado o herdeiro, digamos que ficar aqui é… insuportável. — Insuportável ao ponto de você não querer ir à biblioteca do seu pai? — … Sim, eu sou estranho, eu sei. Mas entenda que sou apenas um rato covarde que se recusa a voltar para a armadilha. — Quer parar com essa história de rato? — Rosnava Magnus, apertando o braço de Lucian. — Me desculpe! O que eu quero dizer é apenas que quero evitar qualquer pessoa e lugares relacionados à família imperial. Por isso, estou ansioso para me casar. Magnus o avaliou silenciosamente, erguendo uma sobrancelha e fechando a cara numa carranca. As suas palavras não eram mentirosas, ficar no palácio era o mesmo que se manter no radar dos seus irmãos e isso acelerava a sua morte nas mãos do vilão. Estaria tudo se ele parecesse desesperado para sair dali, não deixava de ser verdade. — Entendo. Considerando que você será o meu marido, entenda que você terá acesso a tudo na mansão Grimwood. Não é necessário pedir a minha permissão. — É mesmo? Não pensei muito nisso. — Seria bom pensar, já que você será o meu consorte, será o seu dever cuidar da mansão. Espero que saiba o mínimo de administração, caso contrário terei que contratar um professor para te ensinar. — Parece que estou sendo contratado para fazer um trabalho ao invés de apenas me casar. — Ser o alfa do Grão-duque de Grimwood não é apenas um status, mas sim uma responsabilidade — Magnus abriu um sorriso ladino contendo uma grande malícia. Lucian notou o tom zombeteiro em sua voz assim como o deboche em seu olhar — Vai encarar ou vai fugir? O seu personagem preferido era muito abusado e arrogante, isso era fato. Lucian abriu um sorriso inocente e apertou levemente a mão do seu futuro noivo em seu braço. — Não pretendo fugir, Magnus.
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