Devoto ao meu marido

Capítulo 18 - Acompanhante

A Baronesa Vaugh era uma senhora viúva considerada a rainha do círculo social entre os nobres. Em , ela acolheu Stephen e se amadrinhou o apoiando em festas o protegendo da vilania de Magnus.

Muitos solteiros sonham em receber o apoio da Baronesa, já que seus diamantes escolhidos sempre tiveram bons casamentos e conquistaram uma vida confortável. No entanto, a Baronesa é muito rígida na escolha dos seus diamantes, não sendo qualquer um que é acolhido por ela. Talvez as suas dicas sejam preciosas e milagrosas ao ponto de tornar solteiros tímidos em jóias centrais da alta temporada.

Por esse motivo que os seus jantares eram esperados pelos solteiros que se sentiam sem esperanças no mercado casamenteiro.

O que não era o caso de Lucian.

A carruagem escura com o brasão da família Grimwood parou em frente à mansão Vaugh, já chamando a atenção de alguns convidados que acabaram de chegar. Para a surpresa dos curiosos, Lucian desceu e se virou estendendo a mão para Magnus, que segurou cuidadosamente e desceu da carruagem. A estranha combinação daqueles dois juntos, usando ternos combinando e de braços dados atraiu a atenção de absolutamente todos.

— E lá vamos nós.

— Se comporte, pequeno rato.

— Ora, pensei que havia me pedido para esquecer esse apelido.

— Eu posso dizer, você não.

— Que injusto… — Lucian respondeu com um suspiro.

Os dois adentraram na mansão, recebendo olhares e cochichos por onde quer que passassem. A combinação era a mais estranha possível, o Grão-duque, conhecido por manter distância dos alfas, de braços dados ao tímido oitavo príncipe que m*l participava dos eventos sociais. A curiosidade chamava pela fofoca, os seus nomes já estavam passando de boca em boca.

Como eles estavam juntos?

Por que o oitavo príncipe estava acompanhando o Grão-duque?

Por qual motivo as suas roupas combinam?

Certamente eles chamavam atenção.

— Irmão.

Os dois rapazes se viraram e encontraram Jesse Grimwood, usando seu terno escuro e o par de óculos costumeiro acompanhando uma jovem dama delicada.

— Jesse, vejo que já chegou. Olá, senhorita Shang.

— Olá, Vossa Graça — A garota fez uma reverência formal, mas ao reparar em Lucian ela se curvou com mais respeito — Eu cumprimento a Vossa Alteza Imperial.

— Essa é a minha noiva, da família Shang — Apresentava Jesse.

— Ah, claro. É um prazer conhecê-la. Fico feliz em ver vocês dois juntos, formam um belo par.

— Obrigado, Vossa Alteza. Apesar que devo dizer que vê-lo acompanhando o meu irmão é algo… inusitado.

— É mesmo? Pois eu me considero o mais sortudo por poder acompanhar o seu irmão.

— Minha nossa, nunca imaginei que a Sua Alteza imperial seria bom no gracejo.

A voz feminina soou entre os quatro, que se viraram para a senhora de cabelos acinzentados e traços da meia-idade. Apesar disso, a sua elegância era notável em cada passo que a Baronesa Vaugh dava ao se aproximar daquele grupo.

Elegantemente ela curvou a cabeça e sorriu com graciosidade para os seus convidados.

— Eu os saúdo, meus nobres convidados. Fico imensamente feliz e honrada em vê-los em meu humilde jantar.

— Nós é que somos gratos por receber o seu convite, Baronesa Vaugh. Inclusive, parabenizo pela organização da festa, pois os seus jantares sempre são refrescantes.

— Você me lisonjeia, Jesse Grimwood. As pessoas esperam pelo baile da Sua Majestade para abrir a nova temporada, mas dessa vez tivemos o banquete da vitória. Devo dizer que algumas senhoras estavam confusas e não sabiam se poderiam fazer um baile, então resolvi tomar a iniciativa.

— Como sempre, a senhora é corajosa e perspicaz.

A Baronesa sorriu delicadamente e seus olhos castanhos recaíram sobre o príncipe.

— Mas fico surpresa em ver o rosto de Vossa Alteza com tanta frequência nas festas. Há algum motivo especial para nos agraciar? Que fique claro que não estou reclamando.

— Trata-se nada além da espontânea pressão em representar o Imperador.

— Hahaha, entendo. Parece que a Sua Majestade está ocupado ultimamente para comparecer às festas.

— Acredito que sim, apesar que eu ficaria feliz se meus irmãos o fizessem, já que diferente de mim, eles dançam muito bem.

— Não diga isso, Vossa Alteza, vi que a sua dança com a princesa roubou muitos elogios. Talvez seja isso que tenha chamado a atenção de Sua Graça?

Ela sabiamente virou-se para Magnus, que se mantinha em silêncio durante a conversa, mas agora ele não tinha escapatória. Suspirando disfarçadamente, Magnus respondeu com eloquência.

— De fato, Lucian dança graciosamente.

Os olhos da Baronesa se arregalaram levemente.

— Lucian…? Ora, estão se chamando pelo nome?

— Considerando o nosso compromisso, é natural — Respondeu Magnus apertando levemente o braço de Lucian.

O príncipe desceu os olhos para a mão de Magnus, e automaticamente isso chamou a atenção dos outros três que perceberam a aliança que o Grão-duque usava. A surpresa em seus rostos certamente foi engraçada para Lucian, afinal era algo inesperado. Ele precisou abafar o riso e desviar o olhar ao se sentir subitamente envergonhado pelos olhares.

— Vocês estão comprometidos?

— Jesse! Por que não me contou?

— Receio que nem eu sabia a respeito, querida.

— Escondeu isso até do seu irmão, Vossa Graça?

Magnus inclinou levemente a cabeça, mantendo aquele rosto inexpressivo como se responder aquelas perguntas fosse algo chato e entediante.

— Sempre fui discreto sobre a minha vida privada.

— Ora que bela mentira, eu jurava que você estava interessado naquele cavaleiro que tem sido alvo de várias solteiras — Disse a Baronesa sem filtro algum.

Lucian engasgou com a própria saliva e começou a tossir de vergonha. Magnus o olhou levemente irritado, provavelmente detestando o fato de ser alguém facilmente lido. O príncipe pigarreou e desviou o olhar, escondendo o sorriso atrás da sua mão.

— De fato, o jovem mestre dos Sageclaw é um soldado muito habilidoso, estou ansioso para ver o futuro brilhante que ele terá dentro do exército imperial.

— Essa foi a resposta mais evasiva que já ouvi saindo da sua boca, Vossa Graça. Você não acha, Jesse?

— Devo dizer, milady, que o meu irmão é uma incógnita quando se trata do amor. Sinceramente eu pensei que ele jamais se apaixonaria por alguém.

— Então devemos pensar que a Sua Alteza conquistou o coração de Sua Graça?

— Se me permitem dizer algo, eu diria que tal pensamento é encantador e muito próximo da realidade.

— Do que você está falando agora? — Rosnava Magnus.

— É fato que você me considera alguém atraente o suficiente para se comprometer comigo.

— O que te faz ter tanta certeza?

Lucian apenas ergueu a sobrancelha, e Magnus corou imediatamente. Certamente ele se lembrou da festa do Conde Baragnon, e de como ele realmente gostou de Lucian como um alfa. Pelo menos Lucian não esqueceu, e fazia questão de se lembrar toda noite.

— Humpf! — Magnus virou o rosto, sem ter como disfarçar a sua vergonha.

A Baronesa e a senhorita Shang riram com a reação naturalmente inédita do Grão-duque. Jesse também sorria, apesar dele ainda estar surpreso com a notícia e com a interação entre aquelas duas pessoas. Ele não seria o único a se surpreender. Os demais nobres que se aproximam para cumprimentar o Grão-duque também ficaram curiosos para saber como aqueles dois acabaram juntos.

Ninguém saberia sobre a desonra cometida - ou o crime que os dois compartilhavam - no entanto, naquela noite uma estranha história de que o oitavo príncipe teria algum charme que capturou o coração de Magnus Grimwood se espalhou entre os nobres.

— Vocês estão noivos? Minha nossa, isso é realmente uma grande notícia!

— Meus parabéns, Vossa Graça e Vossa Alteza!

— Isso certamente pede por uma celebração, não é mesmo?

Os nobres simplesmente se alimentavam da fofoca e não escondiam a curiosidade que sentiram ao descobrirem as boas novas. Lucian permaneceu ao lado de Magnus o tempo inteiro, mantendo-se em silêncio e sorridente para evitar que p*****************s escapassem dos seus lábios. Certamente ele adoraria dizer para não se intrometer em sua vida particular, no entanto a vida da alta sociedade daquela história simplesmente funcionava daquela maneira.

Para a sua sorte, Magnus tinha tato para lidar com aqueles nobres.

— Parece que muitos solteiros ficarão tristes por terem perdido esta batalha. Ainda mais que ninguém esperava que a Sua Alteza estivesse interessado na Sua Graça.

— A tristeza seria um fim aguardado a eles, já que independente do meu envolvimento com o príncipe, eu não teria interesse algum neles — Respondeu Magnus friamente.

— Ora essa, Vossa Graça, você sabe muito bem que os jovens gostam de desafios. Seria natural eles acharem que conquistar o seu afeto seria similar a uma vitória num campo de batalha.

— Ah, isso é verdade — Lucian respondeu prontamente, fazendo uma veia saltar na testa de Magnus.

— Viu? Até mesmo a Sua Alteza concorda.

— Quanta bobagem.

— Mas é curioso, se me permite perguntar, quando vocês se tornaram tão próximos?

A pergunta de milhões foi lançada, finalmente uma senhora fofoqueira teve o atrevimento de questionar as duas figuras de maior título nobre da sociedade. Antes que Magnus respondesse com suas palavras evasivas, Lucian abriu o seu inocente sorriso e inclinou ligeiramente a cabeça para que ele parecesse indefeso e gracioso, uma tática manipulativa da qual ele tinha recorrido com frequência naquele mundo.

— Tem como não se interessar por ele? Sempre o vi indo ao Palácio Imperial e o admirei de longe, já que não sou alguém tão comunicativo.

Uma senhora nobre cobriu a boca, parecendo surpresa e encantada com aquelas palavras quando ela comentou:

— Minha nossa, será que a Sua Alteza o admirava de longe e se apaixonou ao longo do tempo?

Lucian apenas corou e desviou o olhar, servindo como resposta que fez as mulheres daquele pequeno círculo suspirarem encantadas. Magnus, por outro lado, estava incrédulo com tamanha falta de vergonha naquelas palavras.

Agora era certeiro que os rumores sobre os dois iriam aumentar. O oitavo príncipe corando ao lado do Grão-duque, se passando por um homem tímido e introvertido que caiu nas garras do poderoso Grão-duque… isso certamente recheará as fofocas das festas de chás.