Capítulo 47 - Revisitando a guilda

1465 Words
Já se passaram alguns dias desde a festa de noivado, e como esperado muitas pessoas falaram sobre o casamento do oitavo príncipe e do Grão-duque. As fofocas não poderiam ser menos espalhafatosas, muitas pessoas recriminam a falta de escrúpulos dos jovens em serem íntimos antes do casamento. Ora essa, os nobres achavam aquilo como uma falta de vergonha e um péssimo exemplo para os mais jovens que se espelhavam no grandioso Grão-duque. — A minha criada disse que ouviu o meu filho conversar com o amigo dele que está curioso para saber como é morder alguém! — Minha nossa! Ouvi dizer que muitas pessoas têm frequentado cassinos e bordéis, a perversidade dessas pessoas só têm manchado a reputação do nosso Império. Há aqueles que suspiravam maravilhados com a bravura do Grão-duque e do oitavo príncipe. Graças ao jeito como Lucian correu para socorrer o seu noivo, muitos jovens solteiros ansiavam por suas histórias de amor, tendo agora um modelo real de que era possível se concretizar. — O oitavo príncipe foi muito sortudo em ter o Grão-duque. Você viu como o Grão-duque não demonstrou medo mesmo na frente do primeiro príncipe? — Eu diria que é o contrário. A Sua Alteza é um homem tão bonito e charmoso, e não pensou nem duas vezes antes de ir socorrer o seu noivo. Isso sim é um homem de verdade. — Parece que teremos que usar uma carruagem menos chamativa, Vossa Alteza. Receio que sejamos reconhecidos e que isso espalhe mais rumores infundados — Comentou Argus, observando as duas senhoritas passearem pela rua. Lucian não esperava que as fofocas ganhassem tais proporções entre os nobres. Mesmo andando disfarçado pelas ruas menos movimentadas, ele ainda podia ouvir os nobres comentando sobre a sua festa de noivado e o duelo. Foi justo como ele pensou que aconteceria, a reputação de Magnus não ficou manchada. Claro, o comandante do exército imperial, um ômega dominante e chefe do único Grão-ducado do Império não teria a sua imagem deturpada por um simples caso amoroso. Contudo, Lucian não estava acostumado a ser o centro das atenções, e isso realmente foi desconfortável até certo ponto. — Tem razão. Por favor, alugue uma carruagem, Argus. A mais discreta possível para irmos até a Nightshade. — Como quiser, Vossa Alteza. E então, uma hora depois, Lucian e Argus finalmente saíam dos bairros repletos de lojas caras para seguirem ao bairro dos plebeus. A diferença entre os dois ambientes era gritante, apesar de se tratar da capital do Império. Enquanto os nobres regozijavam de uma grandiosa praça e lojas com construções mais bonitas e bem cuidadas, o bairro dos plebeus parecia conter o máximo da simplicidade. Tal como noticiado nos jornais que Lucian acompanhava, era possível ver cavaleiros usando armaduras do exército do primeiro príncipe caminhando e vistoriando as ruas. Argus até sufocou a surpresa e o horror em ver os cavaleiros arrastando suspeitos como sacos de lixo e os jogando na rua sem cuidado algum. A diferença entre as duas regiões refletia a sociedade burguesa. Para Lucian, era mais seguro ele permanecer no seu palácio até os rumores deixarem de serem importantes, ou até que os mercenários fossem presos. Todavia, ele sabia muito bem que iria demorar para aquela "limpeza" ser concluída, e Lucian precisava "ativar o seu dote" para Magnus. — Vossa Alteza, o que deseja encontrar na guilda dessa vez? Por acaso teve alguma visão problemática? A preocupação estampada no rosto do seu criado não surpreendeu Lucian, o pobre coitado deve ter ficado traumatizado por Lucian ter comprado uma droga da última vez. Além disso, com a vistoria dos soldados, o bairro plebeu não era seguro para um príncipe ficar perambulando. Sorrindo levemente, Lucian tentou parecer o mais inofensivo possível. — Não diria que é problemático, apenas quero fazer negócios. Espero que a líder da guilda possa aceitar o meu pedido. — Pensei que Vossa Alteza fosse cuidar dos assuntos sobre seu dote. Sua Graça não pareceu acreditar que você cuida disso pessoalmente. É… Magnus realmente não acreditou nem um pouco em suas palavras no outro dia. Mesmo Lucian já sendo adulto o suficiente, o seu estado de "abandonado" fez com que todos os seus bens ganhos como príncipe estivessem aos cuidados de Cassander, o seu pai. Isso foi algo que Lucian teve que cuidar depois de ter acordado como oitavo príncipe. Ora, a primeira coisa que ele pensou após se dar conta de estar dentro da história, seria cortar relações com a família imperial. Talvez uma fuga dramática. Mas para isso, ele teria que ter dinheiro, o que fez Luciano ficar curioso sobre as posses do oitavo príncipe. Com a ajuda de Argus, ele conseguiu os documentos de volta facilmente - o que foi muito suspeito. No entanto, com o desenrolar da sua relação com Magnus, a ideia original ficou de escanteio e Lucian nunca mais tocou no assunto. Graças ao recém surto de raiva, que novamente colocava em risco o seu laço com o sangue real, seria melhor ele retomar a ideia. Dessa forma, Lucian deveria colocar todas as suas cartas na mesa e virar uma a uma com sabedoria. A sua segunda carta se encontrava naquele sobrado escondido no bairro plebeu. Argus mencionou a mesma senha da outra vez quando bateu na porta, e os dois foram guiados pelo mesmo brutamontes com cara de poucos amigos. Olhando em volta, Lucian percebia a diferença da última vez em que esteve ali. Poucos homens estavam montando guarda, e até mesmo alguns móveis não pareciam estar em seus lugares. Provavelmente a guilda já estava passando pelo seu momento turbulento. Precisava fazer bom uso daquela informação. Contudo, assim que pisou dentro daquela sala, Lucian e Argus foram recebidos com mais animação. — Ora, se não é a Vossa Alteza nos visitando novamente! Ethera, a líder da guilda de informações, estendia os braços em uma alegria cheia de malícia. Lucian baixou o capuz da manta que usava e se aproximou da mesa da mulher com cautela, se esforçando ao máximo para não fazer uma careta para o cheiro do tabaco que ela fumava. — Parece que estava à minha espera, senhorita Ethera. — Mas é claro, sempre fico ansiosa quando um cliente expressa o desejo de voltar a fechar negócios. Além disso, parabéns pelo noivado — A mulher se levantou da cadeira, aproximando-se de Lucian para falar baixo — Por acaso a Vossa Alteza usou a minha droga para conseguir prender o famoso Grão-duque em suas garras? — Isso mesmo — Lucian sorriu em resposta ao se sentar em um estofado empoeirado — Sou muito grato que a sua droga tenha sido muito efetiva, mesmo que em pequena quantidade. Segui o seu conselho e guardei um pouco para o acaso. — Haha, fico feliz em ouvir isso, Vossa Alteza. Então devo presumir que o oitavo príncipe pretende fazer algo. Deseja saber quem te atacou no templo? Ou então se alguém tem espionado a sua agenda? — Oh, então você está a par da minha situação. Isso é bom, me poupa tempo — Lucian seguiu com o olhar a mulher se sentar na sua frente e cruzar os braços. Ela permanecia naquela prepotência de sempre, apesar de ser nítido que algo estava errado. Além de que Ethera fez questão de mostrar, novamente, que ela tinha como conseguir informações. Lucian já nem ficava surpreso ou assustado, agora que o seu nome estava na boca do povo, muitos olhares estavam centrados nele. Ainda precisava tomar cuidado com o verdadeiro vilão da história, que certamente se aproveitaria da briga entre Cadec e Magnus. — O que deseja dessa vez, Vossa Alteza? Serei todos ouvidos. — Como deve saber, estou prestes a me casar e tenho o desejo de ajudar o meu futuro marido a conquistar… algo. Erguendo a sobrancelha ao ver aquela deliciosa isca, Ethera bateu os dedos nos braços. — Que príncipe devoto ao seu amante. Por acaso quer conseguir informações sobre esse "algo"? — Exatamente. O que eu quero, mais precisamente, é uma lista de nomes. A mulher hesitou por um momento. — Nomes? — Isso mesmo. Quero uma lista dos nomes das pessoas que detém a influência no submundo. — O que?! — Espantou-se a mulher, que logo em seguida começou a rir — Hahaha, Vossa Alteza, espera um pouco, está querendo se meter em algo que não é nem um pouco seguro para um m****o da realeza. — Eu sei, justamente por isso quero que você faça isso. — Está pedindo para o meu pessoal entrar no submundo e conseguir informações que não devem sair de lá, Vossa Alteza. E duvido muito que você tenha algo que valha tanto quanto a vida dos meus homens. Ela estava na defensiva agora, percebia Lucian. Chegou a hora dele saber negociar com aquela mulher e obter o que queria.
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